O presidente da câmara do Porto defende que deve pôr em causa "o garantismo do cargo" de diretor-geral da Saúde.
Rui Moreira considera que a pandemia de Covid-19 está descontrolada em Portugal e tece duras críticas à Direção-Geral da Saúde, em especial Graça Freitas.
Em entrevista à SIC Notícias, o presidente da Câmara Municipal do Porto defende que face à gravidade da situação, as medidas de contingência que entraram em vigor esta segunda-feira "já deviam ter sido tomadas há semanas".
"O país devia ter aprendido o que se passou em março e abril", condena.
"Na altura o senhor primeiro-ministro disse que não era altura para mudar generais porque era uma guerra. Ganhámos a guerra em março e abril, não foi nenhum milagre. A guerra do verão perdemo-la e continuamos a ter os mesmos generais a fazer as mesmas coisas."
Rui Moreira critica sobretudo a atuação da Direção-Geral da Saúde. "São erros a mais", atira. Depois das dúvidas sobre o uso de máscaras, a DGS questiona agora os testes rápidos, aponta como exemplo.
O autarca diz que "é altura de pormos a mão na consciência" e pôr em causa "o garantismo do cargo" de diretor-geral da Saúde. "Estamos de acordo com os diagnósticos foram feitos? Eu não estou. Estamos de acordo com a comunicação como ela foi feita? Eu não estou", diz.
Rui Moreira acusa ainda a DGS de tomar decisões com base em "conceitos ideológicas", como dizer que a maioria das infeções tem origem em reuniões familiares e recusar que muitos contágios ocorram nos transportes públicos.
Também não se pode alarmar as pessoas e anunciar medidas que ainda não estão tomadas em definitivo, como dizer "estamos a pensar" colocar uma determinada cidade em cerco sanitário, como aconteceu em Ovar.
"É preciso ter presença de espírito, é preciso ter frieza e acima de tudo ter sentimento de responsabilidade e perceber que as pessoas lá fora são humanas", ou seja, perante uma situação de alarme vão correr aos supermercados e criar ajuntamentos e escassez de produtos.
Rui Moreira diz ter dúvidas sobre o recolher obrigatório imposto pelo Governo e defende que a única medida eficiente para conter a pandemia de Covid-19 é o confinamento, ainda que não seja possível confinar totalmente o país por um período prolongado.
"O país não está preparado para amanhã se ver confrontado com notícias de 200 ou 300 mortos por dia e, no entanto, podemos estar à beira de o ter. E isso mataria a economia de qualquer maneira", alerta.
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