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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Estrada vai cortar a maior coleção de árvores de fruto do Algarve



www.tsf.pt 


A eletrificação da linha ferroviária do Algarve vai obrigar a Infraestruturas de Portugal (IP) a construir estradas alternativas para eliminar as passagens de nível. 
Em Tavira a estrada vai passar pelo Centro de Experimentação Agrária. 

Os protestos já começaram.

A indignação surgiu depois de conhecido o projeto e depressa começaram a levantar-se vozes a garantir que a estrada vai pôr em causa uma coleção de árvores de fruto única no país. No Centro de Experimentação Agrária de Tavira existe um património genético de árvores autóctones da região.

Só de amendoeiras há 120 variedades diferentes. Mas também 280 castas de videiras ou 97 espécies de figueiras, entre outras qualidades.

Quando se percebeu que a estrada iria cortar aquela zona que tem 29 hectares, foi criado na cidade o Movimento para Defender o Centro de Experimentação Agrária (CEA) de Tavira. Rui Amores, porta-voz deste movimento, considera que as entidades que teriam responsabilidade de escolher o traçado, a Infraestruturas de Portugal (IP) e a Câmara Municipal de Tavira, tiveram duas escolhas e "foi escolhida a pior hipótese", que vai cortar e danificar as espécies.
A autarca de Tavira, que tomou posse há pouco tempo, argumenta que apanhou o processo já em fase adiantada. À TSF garantiu que vai sugerir à IP medidas de mitigação da estrada.

O diretor Regional de Agricultura do Algarve, entidade a quem pertence o Centro Agrário, desvaloriza o que será destruído.

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"O que é atingido são umas estufas que estavam abandonadas, as únicas árvores que são tocadas são uns ensaios de umas variedades estrangeiras de citrinos", afirma. "Aquilo que é verdadeiramente importante na coleção de fruteiras, nada é atingido", garante.

Pedro Monteiro adianta também que na consulta pública que decorreu até dia 17 de janeiro, a Direção Regional de Agricultura do Algarve reivindicou à Infraestruturas de Portugal medidas mitigadoras e compensatórias pela construção da estrada.

O Estudo de impacto ambiental (EIA) está ainda a ser avaliado pela Agência Portuguesa do Ambiente mas o Movimento de cidadãos de Tavira admite que, caso ele seja aprovado, apresentará recurso em tribunal.
Em comunicado enviado à TSF, a Infraestruturas de Portugal "encontra-se prevista a reconversão a peões da passagem de nível de Tavira e a construção do desnivelamento rodoviário". 

A proposta que mereceu o aval da Câmara Municipal de Tavira "desenvolve-se em alinhamento reto até à rotunda da Rua Dr. Fausto Cansado ocupando terrenos da Direção Regional de Agricultura e Pescas", já que era "a que melhor se adequava ao Planeamento e Gestão Urbanística do município".
A Infraestruturas de Portugal garante ainda que foram propostos "vários melhoramentos, nomeadamente ao nível dos passeios e faixas clicáveis". 

A IP diz ter contactado a Direção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural, a Direção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve e o Centro de Experimentação Agrária de Tavira, de forma a "melhor adequar o projeto à realidade do território".
"Ficou assegurado com os contactos desenvolvidos com estas entidades que o traçado rodoviário não afeta, de modo algum, as coleções e o repositório de espécies autóctones de que o CEA de Tavira é fiel depositário e que se localizam noutras zonas deste centro", conclui a IP, que acrescenta que "o projeto de execução desenvolvido corresponde à solução de traçado escolhida pela autarquia, a qual foi submetida a Avaliação de Impacte Ambiental".


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