Sim. Os arquivos secretos do Vaticano guardam 35.000 volumes, que contam a história da humanidade. Se suas prateleiras fossem enfileiradas, elas se estenderiam por 84 quilômetros. São registros de descobertas científicas e geográficas, documentos papais e correspondências diplomáticas. Há também cartas do artista Michelangelo, os papéis da anulação do casamento do rei inglês Henrique VIII e vários processos da Inquisição, inclusive o de Galileu Galilei.
No livroAnjos e Demônios, o simbologista Robert Langdon pesquisa papéis do arquivo para encontrar um dos quatro cardeais sequestrados pela fraternidade secreta Illuminati. Assim como na obra de Dan Brown, boa parte dos registros pertencentes ao acervo está à disposição do público, mas a consulta deve ser feita fora da sala secreta, que não está aberta à visitação. Alguns documentos confidenciais só podem ser acessados pela alta hierarquia da igreja católica. (DF)
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É difícil dizer, com precisão, o tamanho do patrimônio acumulado após séculos de catolicismo. A cidade-estado localizada em Roma goza de várias isenções fiscais e não precisa tornar sua contabilidade pública, como uma empresa comum. Além disso, o Vaticano abriga dezenas de obras de arte de valor imensurável. Mas há indícios concretos (desde terrenos e investimentos até objetos pessoais) que permitem estimar ao menos parte da riqueza papal.
Papa-tudo
Patrimônio inclui imóveis, ações e obras de arte
Um apê de responsa
Com piso de mármore do século 16 e cerca de dez salas grandes, o luxuoso apartamento que serve de moradia ao papa tem aproximadamente 230 m2, segundo estimativas. Não se sabe o valor do metro quadrado no Vaticano, mas, em Roma (onde a cidade-estado está localizada), ele pode chegar a até R$ 17 mil. Ou seja: o cafofo do pontífice valeria cerca de R$ 4 milhões
Banco imobiliário
A Igreja tem milhares de terrenos no mundo – muitos deles para uso de paróquias, escolas e hospitais. Estima-se que cerca de 700 são alugados para fins comerciais. A maioria fica na Itália, no Reino Unido, na França e na Suíça. Um desses imóveis serve de instalação para a joalheria Bvlgari, na New Bond Street – rua chique de Londres cujo aluguel gira em torno de US$ 9 mil por m2!
Cofrinho? Cofrão!
O Banco do Vaticano foi criado em 1942 para administrar os gastos da cidade-estado e as doações vindas do mundo todo. Chamado oficialmente de Instituto per le Opere di Religione, ele é um banco de investimentos. Quem aplica nele ajuda a manter, por exemplo, mais de 100 mil hospitais católicos ao redor do mundo. Estima-se que o banco guarde cerca de US$ 3,2 bilhões
Ilustra de peso
Além de obras de arte, a cidade-estado também abriga um arquivo com mais de 150 mil documentos históricos, situado em dois bunkers 6 m abaixo do solo. Lá, há uma rara edição da Divina Comédia, clássico escrito por Dante Alighieri no século 14, ilustrada por Sandro Botticelli. Só para ter uma ideia, obras desse pintor renascentista já foram avaliadas em até 20 milhões de euros
Ações em alta
O Vaticano também é dono de uma carteira de investimentos na casa dos US$ 4 bilhões. Ela inclui ações de várias empresas italianas, como Fiat e Alfa Romeo. Foram doadas à instituição na época do Tratado de Latrão, um acordo de 1929 que formalizou a cidade do Vaticano como um Estado soberano, independente da Itália
Tesouros da humanidade
O Vaticano detém obras cujo valor é inestimável, porque sequer é cogitado vendê-las. É o caso do quadro São Jerônimo, de Leonardo da Vinci, na Basílica de São Pedro. Sabe-se que a Mona Lisa, também de Da Vinci, foi avaliada em cerca de US$ 100 milhões. Não é exagero imaginar que o afresco de Michelangelo no teto da Capela Sistina, por exemplo, também chegaria a esse valor (ou passar)
Que luxo de acessório!
Alguns objetos pessoais do papa, como o anel e o cajado, são produzidos com metais e pedras preciosas. Também já houve tiaras papais (um tipo de coroa, não mais usada hoje em dia). Muitas foram presentes de chefes de Estado. Três feitas de ouro são exibidas em museus do Vaticano. A maior leva 9 kg do material, o que a faria custar R$ 900 mil. E sem contar as pedras preciosas!
OUTRAS CURIOSIDADES
- Por volta do século 7, a Igreja Católica já era a maior proprietária de terras do mundo
- A Igreja recebe dízimos, laudêmios, pedágios e outros impostos sobre terras consideradas suas por todo o planeta
- Há ainda outras 20 tiaras papais guardadas, a maioria feita de prata
- O trono papal é um mistério. Alguns historiadores alegam que é de madeira coberta com bronze dourado; outros, que é de ouro puro
Foi uma série de conferências realizadas entre 1962 e 1965, consideradas o grande evento da Igreja Católica no século 20. Com o objetivo de modernizar a Igreja e atrair os cristãos afastados da religião, o papa João XXIII convidou bispos de todoo mundo para diversos encontros, debates e votações no Vaticano. Da pauta dessas discussões constavam temas como os rituais da missa, os deveres de cada padre, a liberdade religiosa e a relação da Igreja com os fiéis e os costumes da época. “O Concílio tocou em temas delicados, que mudaram a compreensão da Igreja sobre sua presença no mundo moderno. Foram repensadas, por exemplo, as relações com as outras igrejas cristãs, o judaísmo e crenças não-cristãs”, diz o teólogo Pedro Vasconcelos, da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo. Após três anos de encontros, as autoridades católicas promulgaram 16 documentos como resultado do Concílio. Muitas novidades apareceram nas questões teológicas e na hierarquia da Igreja. O papa, por exemplo, aceitou dividir parte de seu poder com outros cardeais. E as missas passaram a ser rezadas na língua de cada país – antes eram celebradas sempre em latim! Na questão dos costumes, porém, o encontro foi pouco liberal. A Igreja continuou condenando o sexo antes do casamento e defendendo o celibato (proibição de se casar e de transar) para os padres. No quadro ao lado, você confere o que mudou – e o que ficou na mesma – depois dessa reforma na Igreja Católica.
Mudança de hábito
Conferência realizada entre 1962 e 1965 gerou transformações profundas na IgrejaASSUNTO – MISSAANTES DO CONCÍLIO – Rezada em latim, com o padre voltado para o altar, de costas para os fiéis. Apenas membros do clero comandavam a celebração
Conferência realizada entre 1962 e 1965 gerou transformações profundas na IgrejaASSUNTO – MISSAANTES DO CONCÍLIO – Rezada em latim, com o padre voltado para o altar, de costas para os fiéis. Apenas membros do clero comandavam a celebração
DEPOIS DO CONCÍLIO – Rezada no idioma de cada país, com o padre de frente para o público. Mulheres e homens leigos (que não são do clero) podem ajudar na celebração
ASSUNTO – SEXO
ANTES DO CONCÍLIO – Doutrina rígida, contrária ao sexo antes do casamento e ao aborto, mesmo em caso de estupro
DEPOIS DO CONCÍLIO – Manteve a mesma posição
ASSUNTO – RELACIONAMENTO COM OUTRAS RELIGIÕES
ANTES DO CONCÍLIO – Desconfiança em relação aos ensinamentos de religiões não-cristãs (islamismo, judaísmo, etc.)
DEPOIS DO CONCÍLIO – Aceita a idéia de que, por meio de outras religiões, também é possível conhecer Deus e a salvação
ASSUNTO – CULTO AOS SANTOS
ANTES DO CONCÍLIO – Proliferação de “santos” criados pela crença popular e não-canonizados pela Igreja
DEPOIS DO CONCÍLIO – “Santos” não-canonizados são abolidos. Cristo volta a ser o centro das atenções na missa
ASSUNTO – COMPORTAMENTO DO SACERDOTE
ANTES DO CONCÍLIO – Uso obrigatório da batina e de outros símbolos da Igreja. Casamento e relações sexuais são proibidos
DEPOIS DO CONCÍLIO – Cai o uso obrigatório da batina: agora, os padres podem usar trajes sociais. Segue a proibição ao casamento e ao sexo
ASSUNTO – QUESTÕES POLÍTICAS
ANTES DO CONCÍLIO – Condenação do capitalismo e esforço para evitara “contaminação” do catolicismo por idéias comunistas
DEPOIS DO CONCÍLIO – Continua a condenação ao capitalismo e ao comunismo, mas aumenta um pouco a liberdade dos teólogos para interpretar a Bíblia
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