Duas concentrações que estavam previstas ao lado do cemitério para onde vão os restos mortais do ex-ditador foram proibidas pelo Governo em Madrid por serem "risco certo" para a ordem pública
OGoverno espanhol proibiu, por risco "de elevados problemas de ordem pública", a realização de duas concentrações de saudosistas do regime franquista previstas para quinta-feira ao lado do cemitério para onde serão transferidos os restos mortais do ex-ditador.
As concentrações tinham sido convocadas pela pela Fundação Francisco Franco para "rezar orações e, se for caso disso, canções litúrgicas", e pela Associação Reivindicativa da Memória Histórica Raízes para reivindicar o direito de reunião e liberdade de culto "e pela alma" do ex-ditador.
Após conhecer a decisão do Governo, a Fundação Francisco Franco desconvocou o apelo à concentração, embora tenha apresentado recurso da decisão junto do Tribunal Superior de Justiça de Madrid.
Segundo uma resolução da delegação do Governo em Madrid, citada pela Efe, as concentrações representam um "risco certo e concreto de alterações da ordem pública com perigo para pessoas ou bens" e a única medida adequada para evitá-lo é a proibição da sua realização "na data e lugar pretendido".
Acrescenta que "nada impede" que estas concentrações possam ser convocadas para outro espaço público "em que não concorram as circunstâncias expostas".
A exumação e transferência dos restos mortais de Franco do Vale dos Caídos, a cerca de 70 km de Madrid, para o cemitério de El Pardo-Mingorrubio, nos arredores da capital espanhola, está marcada para se iniciar na quinta-feira, às 10:30 (menos uma hora em Lisboa).
A exumação e transferência dos restos mortais de Franco do Vale dos Caídos, a cerca de 70 km de Madrid, para o cemitério de El Pardo-Mingorrubio, nos arredores da capital espanhola, está marcada para se iniciar na quinta-feira, às 10:30 (menos uma hora em Lisboa).
O caixão com os restos mortais do ditador deixará a basílica do Vale dos Caídos aos ombros de alguns dos seus familiares, sem bandeiras nem honras militares e será, posteriormente, transferido, se o tempo o permitir, num helicóptero das Forças Armadas espanholas para o cemitério.
Segundo o dispositivo organizado pelo Governo espanhol, dentro da basílica, onde não poderão ser captadas imagens, só poderão estar os trabalhadores estritamente necessários para extrair a laje que cobre a tumba, de 1.500 quilos, um médico legista, o ministro da Justiça como notário superior do reino e responsável pela elaboração do registo da exumação, além de 22 familiares que demonstraram desejo de comparecer, entre netos e bisnetos do ditador.
Após um breve voo que durará cerca de 10 minutos, no qual o caixão será acompanhado por um dos netos do ditador e pelo ministro da Justiça, o helicóptero pousará num antigo heliporto da Guarda Real, muito perto do cemitério.
Em Mingorrubio será celebrada uma cerimónia religiosa só para a família, que estará a cargo do prior de Vale dos Caídos e de um padre, filho de Antonio Tejero, um guarda civil condenado pela tentativa de golpe de Estado de 23 de fevereiro de 1981, no parlamento espanhol. A exumação será feita no cumprimento da Lei da Memória Histórica, aprovada pelo Congresso em 2017, e de acordos adotados pelo Governo de Pedro Sánchez este ano.
Depois de o Governo ter anunciado, na segunda-feira, o dia e hora da exumação, a Polícia Nacional espanhola restringiu o acesso àquele cemitério e montou medidas de vigilância no local para controlar o acesso.
Francisco Franco Bahamonde foi um militar espanhol que integrou o golpe de Estado que, em 1936, marcou o início da Guerra Civil Espanhola, tendo exercido desde 1938 o lugar de chefe de Estado e de Governo, até morrer em 1975, ano em que se iniciou a transição do país para um sistema democrático
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expresso.pt
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