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Perto de um milhão de pessoas trabalharam em 2019 mais de 40 horas por semana. Número de portugueses com dois empregos é superior a 225 mil.
Os trabalhadores portugueses fizeram mais de 4,7 milhões de horas extraordinárias por semana, no ano passado. E quase metade ficou por pagar (48,5%), apurou o JN/Dinheiro Vivo com base nos dados pedidos ao Instituto Nacional de Estatística (INE), recolhidos através do inquérito ao emprego.
O número de horas extraordinárias que não são pagas tem vindo a diminuir nos últimos anos, afastando-se dos máximos registados entre 2012 e 2015, que compreende o período da crise económica e da intervenção da troika.
Em média, os trabalhadores por conta de outrem fizeram oito horas extraordinárias por semana, menos uma do que em 2018, mas apenas cerca de quatro foram pagas (3,9 horas).
Com base nos cálculos do JN/Dinheiro Vivo, isso significa que poderiam, em teoria, ser criados 57 mil empregos a tempo inteiro (40 horas por semana) para ocupar essas horas extraordinárias. Por oposição, no ano passado, 51,5% das horas extra foram pagas, aumentando face a 2018, quando pela primeira vez desde 2011 mais de metade (50,6%) das horas a mais foram remuneradas.
Mais de 592 mil pessoas fizeram horas extraordinárias, correspondendo a 14,5% dos trabalhadores por conta de outrem. Em termos absolutos, é o valor mais elevado desde o início da atual série em 2011 e em proporção iguala os anos de 2017 e 2014.
O valor não é o recorde da série, mas começa a aproximar-se da cifra registada entre 2011 e 2014 quando ultrapassou um milhão de trabalhadores que, no inquérito ao emprego, responderam trabalhar 41 ou mais horas por semana.
No ano passado, mais de 980 mil empregados por conta de outrem disseram que a jornada semanal foi acima do limite estipulado por lei para o setor privado (no público, a semana normal de trabalho é de 35 horas). Este número corresponde a um quinto da população empregada, aumentando face a 2018, quando 956 mil pessoas disseram ter um horário a ultrapassar as 40 horas.
De acordo com os dados divulgados pelo INE, mais de metade dos portugueses empregados por conta de outrem trabalham entre 36 e 40 horas por semana, correspondendo a mais de 2,5 milhões de pessoas. Trata-se do valor mais elevado desde o início da presente série que começou em 2011.
As maiores descidas verificaram-se entre 2012 e 2013, uma evolução que não será alheia à quebra do emprego verificada durante o período da crise financeira.
Segundo emprego cresce
No ano passado, também se verificou um aumento no número de portugueses com um segundo emprego, tendo atingido o valor mais elevado desde 2012. No conjunto do ano, quase 226 mil pessoas tinham dois trabalhos (4,6% da população empregada).
Só em 2011 é que se encontra um número mais expressivo, com 235 mil pessoas a responderem ter uma segunda ocupação (5% da população empregada).
Também no ano passado, o número de trabalhadores a fazerem turnos atingiu o valor mais alto da série, com quase 796 mil pessoas a responderem terem feito diferentes horários (16,2%).
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