Absolutamente não. Ainda que este argumento simplista seja muito utilizado pelos negacionistas do clima, "Aquecimento Global" indica que a temperatura média anual do ar na Terra está aumentando, mas não necessariamente em todos os locais durante todas as estações do globo. O aumento da temperatura do ar traz ondas de calor, propaga doenças, muda o habitat de plantas e animais, aumenta o risco de incêndios florestais tanto na Amazônia quanto na Sibéria e causa eventos climáticos extremos, de secas a... nevascas. |
Com efeito, as tendências de temperatura em todo o globo não são uniformes por causa da geografia diversa em nosso planeta -oceanos versus continentes, planícies versus montanhas, florestas versus desertos versus mantos de gelo- bem como a variabilidade natural do clima. Quando você aumenta o zoom em um lugar específico, pode não será capaz de ver a tendência geral.
Apenas quando os cientistas calculam a média das mudanças de temperatura de cada lugar na Terra ao longo de um ano para produzir um único número é quando podemos observar como esse número mudou ao longo do tempo, que surge uma tendência muito clara de aquecimento global. Em outras palavras, é apenas quando "diminuímos o zoom" para a escala planetária que a tendência é óbvia: apesar de algumas áreas raras experimentando uma tendência geral de resfriamento, a grande maioria dos lugares ao redor do globo estão aquecendo.
A razão pela qual uma visão "reduzida" torna a tendência de longo prazo tão clara é que as temperaturas médias anuais da Terra de ano a ano são consideradas muito estáveis quando nada a força a mudar. Hoje, porém, cada década desde 1960 foi mais quente do que a anterior, e as últimas três décadas foram as mais quentes já registradas. Em relação ao tempo geológico, o aumento de temperatura de 1 °C ao longo de cerca de 120 anos é uma mudança incomumente grande em um período de tempo relativamente curto.
No entanto, nem todas as massas de terra e oceanos experimentaram ou experimentarão uma taxa constante e idêntica de aquecimento. Variações naturais em nosso sistema climático fazem com que as temperaturas variem de região para região e de tempos em tempos, deixando impressões digitais esporádicas no registro de temperatura de longo prazo. Quando você considera o mapa global abaixo, pode ver que em algumas partes do mundo as tendências de temperatura foram basicamente "planas" ao longo do século passado.
Um desses "buracos de aquecimento", como os cientistas os descreveram, aparece no sudeste dos EUA. O clima dali ou de qualquer região, é influenciado por muitos fatores, incluindo latitude, topografia e proximidade de grandes corpos d'água como o Oceano Atlântico e o Golfo do México. Seu clima varia consideravelmente ao longo das estações, anos e décadas, em grande parte devido a ciclos naturais, como o El Niño, que podem introduzir condições mais frias do que o normal para a região durante certas fases.
Os meteorologistas também encontraram conexão entre estes "buracos de aquecimento" com períodos de nuvens espessas e umidade do solo excepcionalmente alta. Nuvens espessas podem diminuir a quantidade de luz solar que atinge a superfície da Terra, e o solo úmido permite altas taxas de evaporação, evitando que as temperaturas diurnas fiquem tão quentes quanto poderiam.
Apesar das tendências de resfriamento em alguns locais, espera-se que as temperaturas aumentem no próximo século, mesmo que flutuem anualmente e de década a década. Essa variabilidade natural do clima é a razão pela qual alguns locais estão esfriando e muitos estão aquecendo ainda mais rápido do que o resto do globo. É também por isso que a cada ano, talvez até mesmo a cada década, não será necessariamente mais quente do que o anterior.
Quando você filtra toda a "manifestação" natural calculando a média de grandes áreas e longos períodos de tempo, no entanto, a tendência do aquecimento global é alta e clara. E, claro, o aquecimento também é evidente em um conjunto de outros indicadores climáticos, incluindo perda de gelo marinho, geleiras e mantos de gelo; aumento do conteúdo de calor nos oceanos; aumento do nível do mar; e mudanças geográficas na distribuição de plantas e animais na terra e no oceano.
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Ademais, modelos climáticos, criados por computação pesada que simula a dinâmica dos fluidos de todo o planeta, mostram que os oceanos são como baterias, carregando-se com calor extra à medida que o carbono atmosférico continua a aquecer o planeta. Mas esse armazenamento de energia não é gratuito. O que entra deve sair, alimentando tempestades maiores e mais violentas.
Pese a que tenha se tornado uma questão politizada, a mudança climática é real, causada por nosso apetite por energia baseada em carbono, e, de agora em diante, fará parte de todos os eventos relacionados ao clima.
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