VERDADE SUPREMA
Nos anos 90, essa seita bizarra foi responsável por um ataque terrorista no Japão que matou 13 pessoas e feriu mais de 5 mil
Cristo de Tóquio
O japonês Shoko Asahara, líder da seita Verdade Suprema, escolheu usar esse nome após uma peregrinação que fez pelo Himalaia. Embora seu nome original seja Chizuo Matsumoto, ele se autonomeou Deus da Destruição, Cristo de Tóquio, Papa Sagrado e Salvador da Nação.
Nos anos 80, Asahara entrou na seita religiosa Agonshu, mas pouco tempo depois decidiu fundar sua própria religião, que acabaria conhecida como Verdade Suprema (ou Aum Shinrikyo, no termo original).
A primeira fase do grupo foi de popularidade e certo reconhecimento pela sociedade japonesa: recebeu autorização do governo para existir e tentou emplacar membros no parlamento.
O grupo também atraiu jovens de classe alta, mas quando essas tentativas falharam deu uma guinada para uma atuação muito mais extrema.
Ideais malucos
A filosofia da Verdade Suprema consistia numa crença híbrida de hinduísmo, budismo e cristianismo, além de referências aos escritos do monge cristão Nostradamus, famoso pelas predições que realizou no século 16.
Mas a seita atraiu membros, principalmente, pelo discurso apocalíptico: Asahara dizia que o mundo seria palco de uma guerra nuclear e a humanidade estaria fadada à destruição. Claro que apenas aqueles que seguissem seus ensinamentos estariam salvos.
Chegou a comandar em torno de 50 mil membros. Alguns seguidores mais fanáticos chegavam a pagar para beber a água que Asahara utilizava para se banhar.
Outros pagavam para beber o sangue dele.
Seita criminosa
A maior atrocidade do grupo aconteceu em março de 1995, quando integrantes da seita realizaram um ataque terrorista no metro de Tóquio.
Eles embarcaram em cinco linhas diferentes, carregando sacolas com sarin, uma arma química.
Ao ser liberada, a substância evaporou e infectou os vagões e as estações por onde os metrôs paravam.
O ataque resultou em 13 mortes e mais de 5 mil feridos.
Aquela não tinha sido a primeira maldade da Verdade Suprema.
Depois do ataque, autoridades japonesas ligaram o grupo a uma série de crimes não resolvidos, como o assassinato de um advogado japonês, que havia ajudado famílias a tentar resgatar filhos desse culto.
O QUE O SÍMBOLO SIGNIFICA: Durante sua viagem pelo Himalaia, Asahara foi muito influenciado pelo hinduísmo, uma religião praticada principalmente na Índia.
Tanto que o nome original do grupo, Aum Shinrikyo, carrega essa influência: “Shinrikyo” significa “verdade suprema” em japonês, “aum” é uma sílaba mística, usada durante a leitura de textos sagrados hindus e meditações.
Essa sílaba também aparece no emblema original da seita (acima), que virou símbolo de terror.
Depois do ataque no metro, diversos membros da Verdade Suprema foram presos e seu líder foi condenado à morte, em 2004.
A seita, entretanto, apenas precisou mudar de nome e continua a existir, agora chamada Aleph. Os caras mantêm um site (aleph.to) para arrebanhar novos membros.
RAELIANISMO
Para os seguidores do raelianismo, nós e todos os outros seres vivos fomos criados por alienígenas cientistas
A origem de tudo
“Milhares de anos atrás, cientistas de outro planeta vieram à Terra e criaram todas as formas de vida, incluindo os seres humanos”, afirma a página oficial do raelianismo, religião criada na França em 1973.
Esses alienígenas seriam parecidos com os seres humanos, mas carregavam tecnologias avançadas, que fizeram com que nossos ancestrais os vissem como divindades.
Ou seja, segundo os raelianos, líderes religiosos como Moisés, Jesus, Maomé e Buda são extraterrestres enviados do espaço para “educar” a humanidade.
Jornalista messias
O último desses enviados seria Rael, nascido em 1946 na França.
Com o nome original de Claude Vorilhon, esse jornalista desportivo francês estava visitando um vulcão na região central da França, em 1973, quando teria encontrado um alienígena e ouvido a revelação que o permitiria fundar o raelianismo.
Nesse encontro, ele foi informado da sua missão: contar ao resto da humanidade sobre as verdadeiras origens do homem e sobre o potencial retorno dos alienígenas que teriam criado tudo por aqui.
Além disso, teria que construir uma embaixada terrestre para receber os extraterrestres.
Activismo alien
Os raelianos, no entanto, não se restringem à religião. Também se envolvem em diversas causas sociais e políticas: já defenderam o direito de união entre homossexuais, os alimentos geneticamente modificados, as inovações tecnológicas e a masturbação. Também já protestaram contra pedofilia, mutilação genital feminina e violência. Segundo Susan Palmer, socióloga canadense e especialista em movimentos religiosos modernos, essas causas tão variadas são utilizadas pelo grupo para chamar atenção e atrair novos integrantes.
O QUE OS SÍMBOLOS SIGNIFICAM: O emblema original do raelianismo (acima) mistura dois símbolos extremos: uma suástica (a mesma versão dos nazistas) e uma estrela de Davi, original do judaísmo.
Muito antes de ser utilizada por Hitler, a suástica aparecia em religiões como budismo e hinduísmo, simbolizando paz e harmonia. Mesmo com essa justificativa histórica, a suástica foi substituída do símbolo do raelianismo por um vórtice nos anos 90. Isso porque um alienígena teria pedido a remoção para facilitar negociações com Israel, uma nação de maioria judia no Oriente Médio, onde o movimento deseja construir seu templo.
SOCIEDADE TEOSÓFICA
Entre outros dogmas, a Sociedade Teosófica prega que existe um mundo oculto além da realidade física, acessível por rituais místicos e muita meditação
Em busca da verdade
“Não existe religião maior que a verdade”, afirma o lema da Sociedade Teosófica, um grupo esotérico fundado em Nova York, nos Estados Unidos, em 1875, e depois migrado para Chennai, na Índia.
Ou seja, mais do que acreditar numa religião específica, os integrantes dessa seita ocultista focam no estudo de diversas crenças e tentam encontrar ensinamentos esotéricos em todas as religiões do planeta.
Seus integrantes podem, inclusive, manter suas próprias religiões mesmo depois de se associarem ao movimento.
As regras da liberdade
Apesar da liberdade de religião, membros da Sociedade precisam concordar com algumas premissas para serem aceitos no grupo.
Os iniciados têm que aceitar fazer parte de uma “fraternidade universal”, devem estudar religião, filosofia e ciência e precisam investigar as “leis não explicadas da natureza e os poderes latentes do homem”.
É nessa última regra que entram muitas das ideias esotéricas que tornaram a Sociedade Teosófica famosa.
Crendice mainstream
Muito popular no século 19, a seita se manteve grande e existem diversos centros teosóficos ao redor do planeta, inclusive no Brasil.
Muitos carregam crenças em comum: que o mundo esconde uma realidade espiritual, além da realidade física que conseguimos observar, e que seria possível alcançar esse mundo oculto por meio de rituais místicos e sessões de meditação.
Eles também acreditam que humanos foram separados de Deus, que estão presos na Terra e que precisam evoluir para retornar à divindade.
O QUE O SÍMBOLO SIGNIFICA: Sete elementos compõem o emblema da Sociedade Teosófica (acima): o símbolo de “om”, uma sílaba sagrada para hindus e budistas; a suástica, que carregaria os significados originais e positivos do símbolo (e não o mesmo dos nazistas); a serpente que engole seu próprio rabo, um símbolo dos ciclos da natureza e do infinito, usado pelos gregos antigos e pelos alquimistas; a estrela de seis pontas, cujos triângulos representam espiritualidade e consciência (apontando para cima) e matéria e substância (apontando para baixo); e a “Ankh”, um hieróglifo egípcio que significa “vida”.
THELEMA
“Faz o que tu queres, há de ser tudo da lei”. A frase que ficou famosa na música de Raul Seixas é um dos ensinamentos deste “update” da antiga seita ocultista Ordo Templi Orientis
A chave dos mistérios
A Ordo Templi Orientis (Ordem do Templo do Leste) foi fundada em 1895 pelo químico austríaco Carl Kellner e começou associada à Maçonaria, mas logo tomou caminho próprio como uma ordem ocultista.
Antes de fundar a Ordem, Kellner estudou organizações secretas e misticismo oriental, conversou com mestres ocultistas, como Franz Hartmann, estudioso alemão da teosofia, e viajou pela Europa, América e Turquia. “Durante os estudos, Kellner descobriu uma chave que explicaria a simbologia complexa da Maçonaria e os mistérios da natureza”, explica a página oficial da Ordem, nos Estados Unidos.
Aleister Crowley
O membro mais famoso da Ordem foi o ocultista britânico Aleister Crowley, que entrou em 1910, apesar de o fundador ter sido Carl Kellner. Além de virar hit musical na voz de Ozzy Osbourne, Crowley trouxe influências de outras organizações ocultistas, incorporadas à filosofia e hierarquia da organização.
Com algumas mudanças, o sistema de Crowley ainda é usado pelos membros, cuja hierarquia inclui títulos como Príncipe Soberano Rosa-Cruz, Ilustre Cavaleiro Templário da Ordem de Kadosh e Epítome dos Illuminati.
Filosofia ocultista
A maior influência de Crowley foi conectar a Ordo Templi Orientis à Thelema, outra filosofia ocultista. Os preceitos telémicos estão no Livro da Lei, escrito por Crowley a partir da voz de uma entidade que apenas ele conseguia ouvir, chamada Aiwass.
Segundo os ensinamentos, os membros da Thelemaprecisam descobrir sua Verdadeira Vontade, seu maior objetivo na Terra.
Para isso, utilizam uma técnica chamada Magick, que envolve astrologia, tarô, adivinhação e ioga.
No Brasil, o mais famoso seguidor da Thelema foi Raul Seixas, que citou um dos lemas da seita na música Sociedade Alternativa: “Faça o que tu queres, há de ser tudo da Lei”.
O QUE O SÍMBOLO SIGNIFICA: É um hexagrama unicursal (acima), ou seja, uma estrela de seis pontas que pode ser desenhada sem tirar a caneta do papel. Formada por dois triângulos conectados, essa figura representa a ligação humana com forças cósmicas e divinas.
A versão usada pela Thelema ainda exibe um trevo de cinco folhas no centro, que representa o Pentáculo (pentagrama), outro símbolo importante para os seguidores da seita.
Feita de papel ou metal, a estrela de cinco pontas inscrita em um círculo é popular em várias seitas, como a Wicca, podendo ser usada como amuleto de proteção ou item para evocar espíritos.
RAMO DAVIDIANO
O líder da seita Ramo Davidiano pregava que ele seria um tipo de porta-voz bíblico, mas a mensagem que deixou foi de caos
O fim dos tempos está próximo
Em 1959, ex-integrantes da Igreja Adventista do Sétimo Dia se reuniram em um novo centro religioso, localizado no Texas, nos Estados Unidos.
Seguindo a previsão da então líder do movimento, Florence Houteff, eles esperavam pela segunda vinda de Jesus Cristo, que seria em breve.
Até agora, a profecia falhou e uma nova era divina não teve início.
Desiludidos, muitos se voltaram contra Houteff e decidiram fundar suas próprias vertentes religiosas.
Uma delas deu origem a uma seita maluca chamada Ramo Davidiano (“Branch Davidian”, no termo original).
Linhagem pura, sei…
Essa nova sociedade religiosa continuava seguindo a ideia de que Jesus Cristo iria voltar à Terra, mas apenas quando os membros do grupo empregassem um estilo de vida puro e atingissem maturidade moral.
Nos anos 80, um dos membros, David Koresh, tomou controle do movimento.
Ele ficaria famoso pelas ideias messiânicas e por manter relações com diversas mulheres da seita, que chamava de “esposas espirituais”, incluindo menores de idade.
Koresh dizia que seu objetivo era produzir uma geração de crianças que dominariam o planeta Terra.
Cerco à seita
Seguindo as ideias de Koresh, os membros do grupo se isolaram num complexo religioso no Texas.
Motivada por denúncias de abuso sexual contra crianças e por suspeitas de que o grupo teria armas ilegais, a polícia norte-americana decidiu cercar os prédios em 1993. O cerco durou quase dois meses e teve resultados fatais: quando os oficiais invadiram o lugar, houve troca de tiros e um incêndio começou. Ao total, 76 membros do RamoDavidiano morreram sufocados, soterrados por escombros do prédio ou atingidos por tiros da polícia.
O QUE O SÍMBOLO SIGNIFICA: Koresh afirmava ser capaz de interpretar mensagens bíblicas como ninguém.
Dizia, por exemplo, que seria ele que iria abrir os Sete Selos descritos no Livro do Apocalipse.
Segundo a tradição cristã, a abertura de cada um dos selos desencadearia um evento do Apocalipse: a chegada dos Quatro Cavaleiros (simbolizando peste, guerra, fome e morte), visões de martírios, perturbações cósmicas e, então, o Juízo Final.
A bandeira da seita traz a simbologia desses selos, e uma “serpente voadora feroz” (uma praga citada na Bíblia), que atravessa uma estrela sólida de seis ponta (acima).
CULTURA RACIONAL
Criada no Brasil, ela busca entender o Universo por meio do pensamento, imaginação e raciocínio – esta última inteligência é a que precisamos desenvolver
Ler é a chave
A Cultura Racional foi criada décadas antes de ficar famosa nas músicas de Tim Maia. Definida como uma mistura de religião, seita, filosofia e ciência, foi inventada pelo médium brasileiro Manoel Coelho, nos anos 30, no Rio de Janeiro, com base em religiões africanas. Um dos grandes objetivos de seus integrantes é desenvolver o raciocínio para alcançar o tal “Mundo Racional“.
Segundo a página do movimento, essa evolução acontece por meio da leitura dos livros Universo em Desencanto, escritos por Coelho e ditados por uma entidade extraterrestre chamada Racional Superior
Era do desencanto
O estudo dos livros Universo em Desencanto não é nada fácil, porque seriam nada menos que mil volumes. Uma minoria deles seriam livros grandes, o resto seriam fascículos menores, com atualizações da doutrina original. Esses títulos explicam a filosofia da Cultura Racional, que afirma que surgimos a partir de extraterrestres, que foram perdendo seu aspecto superior até virarem humanos.
Como viemos de um plano superior, precisamos estudar para alcançar esse plano novamente, que seria mais harmônico, limpo e perfeito do que o mundo em que vivemos.
A filosofia ainda afirma que existem três tipos de inteligência, mas somos capazes de utilizar apenas duas, Pensamento e Imaginação. Precisamos desenvolver a terceira, o Raciocínio
Síndico racional
Tim Maia conheceu a Cultura Racional nos anos 70, no Rio de Janeiro, e utilizou muito dessa filosofia nos dois álbuns Tim Maia Racional (o volume 1 foi escolhido pela revista Rolling Stone como um dos 100 melhores discos brasileiros da história).
Nas músicas, Tim Maia repete bastante a frase “Leiam o livro”, em referência às obras fundadoras do movimento. “Vamos entrar em contato com os nossos irmãos puros, limpos e perfeitos, eternos do supermundo da planície racional“, canta em “Universo em Desencanto”.
Outras músicas ainda receberam títulos em referência ao movimento, como “Imunização Racional” e “Energia Racional“
O QUE O SÍMBOLO SIGNIFICA: O emblema é simples e muito simbólico.
A imagem (acima), que aparece na capa de um dos discos de Tim Maia, mostra um portal dourado e integrantes da sociedade, – que costumam se vestir de branco, iluminados por um feixe de luz que emana do céu.
Esse feixe representa a Energia Racional, uma energia cósmica que governaria a natureza e que viria do plano superior habitado pelos extraterrestres que deram origem aos humanos!
A chave acima do portal seria o Raciocínio, uma das inteligências necessárias às pessoas. O símbolo aparece em todos os lugares onde a seita se reúne. A capa do disco de Tim Maia ainda traz diagramas, que explicariam outros conceitos da seita.
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CIENTOLOGIA
Sempre em frente
Popular entre celebridades de Hollywood, como Tom Cruise e John Travolta, essa seita (que foi considerada religião em 1993) já foi acusada de fazer lavagem cerebral nos integrantes e de perseguir críticos.
Criada por Lafayette Ronald Hubbard, autor americano de ficção científica, a cientologiaafirma que o maior objetivo dos seres humanos é continuar vivos.
Idealmente, homens tomariam apenas decisões que permitiriam a sobrevivência, mas esse não é o caso.
Segundo Hubbard, muitas decisões são tomadas a partir de emoções e memórias negativas que dificultam nossa vida.
E-meter
Uma das aspirações da cientologia é acabar com essas imagens negativas, chamadas engramas, e interromper a tomada de decisões ruins.
Para isso, seguidores da religião se encontram com conselheiros em sessões regulares para conversas.
Também utilizam um equipamento parecido com um detector de mentiras, chamado E-Meter, que seria capaz de “medir voltagens extremamente baixas da psique, da alma, do espírito e da mente”, segundo a página oficial da religião.
Ou seja, seria uma ferramenta que ajudaria o conselheiro a encontrar os pensamentos negativos que precisam ser evitados.
Tetanos
A cientologia ainda tem outras ferramentas, como uma escala que membros utilizam para mostrar como estão se sentindo.
Ela traz dezenas de sensações ruins, incluindo “culpa”, “raiva” e “tédio”, que evoluem até sensações boas, como “entusiasmo” e “serenidade”. Contudo, essas são só as características mais divulgadas.
A cientologia ainda tem uma série de ensinamentos secretos, conhecidos apenas por aqueles que pagam por repetidas sessões, num ciclo que pode custar uma grana alta.
Esses ensinamentos exploram o aspecto mais curioso da filosofia: seres extraterrestres, chamados tetanos e surgidos bilhões de anos atrás, teriam inventado o Universo e depois perdido seus poderes, virando a alma dos seres humanos.
A função da cientologiaseria, portanto, resgatar esse poder interior dos humanos.
O QUE O SÍMBOLO SIGNIFICA: O “S” representa a inicial de Scientology, o nome da seita em inglês.
O triângulo superior seria símbolo de conhecimento, responsabilidade e controle, três fatores essenciais para o movimento.
O segundo triângulo traz as ideias de afinidade, realidade e comunicação.
Tudo é simbolizado com triângulos porque, segundo a cientologia, existiriam apenas em conjunto: a falta de uma enfraqueceria as outras.
O símbolo (acima) reforça o uso do poder da mente para driblar sofrimentos da vida moderna.
Os seguidores, por exemplo, não podem tomar analgésicos; grávidas devem ter o parto em casa, sem anestesia e em silêncio.
Há rumores de que os pais também precisam comer a placenta após o parto.
MAÇONARIA
A Maçonaria aceita integrantes de várias religiões, tem rituais misteriosos e revela seus principais segredos apenas aos membros mais importantes da sociedade
Pedra fundamental
Desenvolvida durante a Idade Média, a Maçonaria surgiu a partir de grupos de pedreiros que forneciam a matéria-prima e ajudavam a construir catedrais, castelos e muralhas.
Com o declínio da profissão, essas comunidades passaram a aceitar membros que não eram construtores – o primeiro passo para a fundação da sociedade.
Durante os séculos 17 e 18, os grupos de pedreiros (“masons”, em inglês) começaram a realizar rituais e criar símbolos que remetiam a ordens religiosas e cavalarias medievais. Buscavam, assim, criar um entendimento para questões mundanas.
Construtores de fé
“Um belo sistema moral, oculto por alegorias e ilustrado por símbolos”, explica uma definição famosa da Maçonaria.
Muitos desses símbolos surgem do mundo dos cortadores de pedra, os fundadores da sociedade: são ferramentas, como o martelo utilizado pelo mestre, e pedras, como os silhares.
Essas pedras retangulares são apresentadas em forma bruta e polida, representando o membro da Maçonaria antes e depois de entrar para a sociedade.
Há quem afirme que os rituais maçons incluem pitadas de adivinhação, astrologia, cabala e misticismo.
Graus
A Maçonaria está presente no mundo inteiro, inclusive no Brasil.
Como existem diversas “lojas”, o lugar onde maçons se reúnem para realizar seus rituais, é difícil generalizar as regras.
Mas os membros costumam ser divididos em três graus iniciais: aprendiz, companheiro e mestre.
Depois desse estágio, o maçom pode trilhar um caminho por outros 30 graus – quanto maior for a posição dele na sociedade, mais segredos são revelados.
Acredita-se que esses mistérios envolvem questões da própria sociedade, da história humana e até assuntos transcendentais.
O QUE O SÍMBOLO SIGNIFICA: Assim como outros elementos da Maçonaria, o esquadro e o compasso (acima) têm sua origem no mundo dos cortadores de pedras e são utilizados em rituais e ensinamentos.
Em algumas lojas, o compasso representa a ideia de que membros precisam medir suas ações pela régua da virtude, enquanto o círculo desenhado pelo compasso indica a importância dos limites e do comedimento.
Algumas versões do símbolo mostram um “G” no centro, que pode fazer referência à palavra inglesa para Deus, “God”.
Também poderia fazer referência à geometria, um campo essencial para os construtores.
ORDEM ROSA CRUZ
Os membros da Ordem Rosacruz acreditam que são os guardiões de diversos conhecimentos secretos do Universo, herdados de antigas religiões
Tradição secular
A lenda de fundação da Rosacruz, uma das sociedades secretas mais antigas ainda em atividade, conta a história de Christian Rosenkreuz, um explorador do século 14, que teria viajado pelo Oriente Médio e Norte da África em busca de conhecimentos místicos.
Essas viagens e as descobertas que realizou seriam utilizadas na fundação de uma ordem misteriosa, que existiria por milénios.
Ainda segundo o mito, Rosenkreuz teria vivido até 106 anos e sua tumba teria sido encontrada um século depois da sua morte.
Criador-escritor
A lenda é interessante, não fosse um porém: especialistas concordam que o personagem nunca existiu, mas que foi criado por Johann Valentin Andreae, um teólogo alemão nascido no século 16.
Andreae teria registado as histórias de Rosenkreuz numa trilogia de livros.
No primeiro, Fama Fraternitatis Rosae Crucis (1614), conta as aventuras de Rosenkreuz pelas Arábias, Egito, Marrocos e Palestina.
No terceiro, Núpcias Químicas de Christian Rosenkreuz (1616), narra como ele ajudou no casamento dos reis de um castelo mágico.
Fontes e legado
Os membros da Rosacruz seriam guardiões de conhecimentos secretos, recebidos de religiões e filosofias antigas, como misticismo judaico, hermetismo e mitologia egípcia, além de influências de astrologia, ocultismo e alquimia.
São muitas as fontes, mas para a organização não há problema: todos os seguidores dessas diferentes escolas estariam em busca da mesma sabedoria esotérica.
Até hoje, existem várias organizações que seguem as ideias da Rosacruz, sendo que as maiores são a Antiga e Mística OrdemRosacruz e a Fraternidade Rosacruz, ambas com centros no Brasil.
O QUE OS SÍMBOLOS SIGNIFICAM: Os símbolos usados por essa sociedade mística são bastante simples e emblemáticos.
A imagem (acima à esquerda) usada pela Antiga e Mística Ordem Rosacruz é um amuleto composto de uma cruz dourada e uma rosa vermelha, envoltas por um triângulo. A cruz representa a materialidade do corpo humano, enquanto a flor simboliza a consciência e seu potencial de florescimento. O símbolo da Fraternidade Rosacruz é parecido, mas ainda inclui uma estrela dourada de cinco pontas (acima, à direita), que seria uma referência ao corpo de Cristo (uma das pontas seria a cabeça; as outras quatro seriam os braços e as pernas.
WICCA
Com chapéu e vassoura no estilo Harry Potter ou de pretinho básico, os praticantes de bruxaria existem, mas ainda são confundidos com adoradores de Satã.
A culpa é do chifre
Crânio de urso
Acredita-se que os primeiros rituais de bruxaria surgiram há 35 mil anos, com os caçadores perseguindo suas presas.
Eles usavam oráculos, regidos por xamãs e sacerdotisas das tribos, para entrar em sintonia com rebanhos.
Alguns levavam crânios de urso para venerar uma Deusa Mãe e garantir que a caça do dia seguinte estivesse na rota.
De lá para cá, surgiram muitas seitas que cultuam a natureza, como a Wicca, o xamanismo, o druidismo e o vodu.
Para os seguidores, é possível realizar feitos apenas com a mente, por meio de rituais, símbolos, poções e ajuda de deuses.
No caldeirão
Os bruxos realizam cultos sozinhos, em família ou em covens – grupos de, no máximo, 13 membros.
Para participar de um coven, é preciso passar por um ritual de iniciação e prometer jamais revelar os segredos lá compartilhados.
Eles seguem o calendário da natureza e os feriados mais importantes são as mudanças das estações do ano (os Sabbaths).
Geralmente os rituais usam caldeirão, poções de ervas, varinhas, velas e incensos, e servem para pedir proteção, sorte, amor ou algum objetivo específico para o coven.
De quem é o chifre?
Por cultuarem deuses chifrudos, como Baco, Dionísio ou Ceturno, os bruxos costumam ser confundidos com adoradores do diabo.
Mas para as religiões pagãs o chifre é um símbolo de fertilidade e prosperidade.
O difícil foi explicar isso durante a Idade Média, quando praticantes foram queimados pela Inquisição.
Na Inglaterra, as leis antibruxaria só foram revogadas em 1951, o que forçou muitos wiccanos a negarem sua crença.
Hoje, quando um bruxo reconhece outro, pode fazer uma saudação sutil, dizendo “Feliz Encontro”.
O QUE OS SÍMBOLOS SIGNIFICAM:
A estrela de cinco pontas é o símbolo mais comum da Wicca, e representa os elementos terra, fogo, água, ar e espírito.
Além do pentagrama, diversos outros ícones são usados nas variações da bruxaria. É comum encontrar, por exemplo, a Deusa Tríplice (um desenho de três fases da lua), o Yin-Yang, a cruz cristã, a Ankh e até mesmo o Martelo de Thor (acima), chamado Mjölnir, que na mitologia nórdica representa uma força da natureza, o trovão.
Por isso, quem carrega esse talismã acredita que traz força e boa sorte.
CABALA
A explicação do mundo surge por meio de manifestações simbólicas e ocultas, que estão ligadas ao inconsciente das pessoas
Ensinamentos antigos
A Cabala, famosa por ter Madonna como seguidora, é uma coleção de preceitos esotéricos surgidos a partir do judaísmo. Segundo a tradição do movimento, seus ensinamentos teriam sido passados de Deus a Moisés e Adão no começo dos tempos. Historicamente, apareceu na Palestina, por volta do século 1, vindo a sofrer grandes influências de livros publicados séculos depois, na Europa, durante a Idade Média.
Manifestações de Deus
Um desses livros é o Bahir, publicado na França no século 12 e considerado uma das principais fontes de ensinamentos da Cabala.
O Bahir explora conceitos misteriosos, como as Emanações Divinas, ou os Sefirot, que seriam as características pelas quais Deus se manifesta, incluindo amor, majestade, beleza e eternidade, mas que carregam inúmeros outros significados para os seguidores do movimento.
São dez emanações e os cabalistas acreditam que a relação entre cada um deles representa os ritmos da criação do próprio Universo.
Níveis de iluminação
O Zohar, por sua vez, é a referência mais importante da Cabala.
Ele contém uma série de instruções que ajudariam seus membros a realizar leituras da Torá, o livro sagrado dos judeus.
Descreve como as almas dos cabalistas evoluem de nível até atingirem um grau máximo de iluminação, além de trazer informações sobre a origem do Universo.
Apesar de popular, foi renegado por muitos rabinos mais tradicionais, que diziam que o misticismo dos cabalistas iria contra os princípios do judaísmo.
O QUE O SÍMBOLO SIGNIFICA: A Árvore da Vida (acima) mostra as emanações da Cabala organizadas em três pilares ou dez partes (dez frutos).
Existem inúmeras interpretações desse símbolo, mas para alguns seguidores a imagem funciona como um mapa da criação do Universo.
Começaria da energia primordial, no topo, passando pela criação do espaço, do tempo e dos elementos, até chegar à base da árvore, onde tudo se solidificaria para formar o Universo.
Outra simbologia da Árvore da Vida seria a dos estados de consciência do homem – o mais elevado, no topo da árvore, é o Kether.
IGREJA DE SATÃ
Criada em torno de rituais macabros, ela prega o individualismo e chegou a ser relacionada com eventos canibais e sacrifícios humanos
Vivas ao Belzebu
A Igreja de Satã foi fundada em 1966, na Casa Negra, um pequeno sobrado localizado em São Francisco, nos Estados Unidos.
Nos anos seguintes, antes de ser demolida, a casa seria palco de uma série de rituais, incluindo o batismo satânico da filha do fundador da religião.
Chamado de Papa Sombrio, Anton LaVey escreveu a Bíblia Satânica, escritura fundamental dessa seita, que explica as ideias e os rituais aos seguidores.
O volume é dividido em quatro livros: Lúcifer, Satã, Belial e Leviatã, todos nomes pelos quais demônios religiosos e mitológicos são conhecidos.
Que Satã, que nada
Pode ser difícil de acreditar, considerando todas as referências aos moradores do inferno, mas os frequentadores da Igreja de Satã não idolatram o Satanás.
Na verdade, os membros são ateístas e nem acreditam que o Bicho-Ruim existe.
Segundo a página oficial da igreja, apenas enxergam nele um exemplo máximo da filosofia do grupo: orgulhoso, livre e individualista.
Além dessas ideias, o grupo acredita no egoísmo, que seus membros precisam valorizar seus próprios interesses acima daqueles de qualquer outra pessoa.
Falsos abusos
Nos anos 80, a Igreja de Satã passou por sua pior crise.
Durante essa década, uma série de casos de abusos sexuais contra crianças foi denunciada nos Estados Unidos. Apesar de não citarem diretamente a Igreja de Satã, muitas das denúncias falavam de supostos rituais satânicos de canibalismo e sacrifício humano associados aos satanistas ou aos símbolos usados por eles.
Contudo, nenhum desses abusos sexuais satânicos foi provado, muito menos ligado definitivamente à seita.
Na década seguinte, essas denúncias seriam descreditadas pela imprensa como parte de uma histeria coletiva.
O QUE OS SÍMBOLOS SIGNIFICAM: Apesar de muito famosos e associados ao satanismo, nem a imagem da cruz invertida nem o número 666 são o principal símbolo adotado pelos membros da Igreja de Satã.
Em vez disso, os integrantes preferem usar a Insígnia de Bafomé (acima, à esquerda), uma estrela invertida de cinco pontas com uma cabeça de cabra no centro.
As letras em torno do pentagrama formam a palavra Leviatã, em hebraico, em referência à serpente marinha gigante, identificada pelos satanistas como uma força demoníaca.
Outro símbolo, um pentagrama branco com um raio amarelo (acima, à direita), ficou popular ao ser utilizado por Anton LaVey, o fundador da seita.
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