A melhor prestação portuguesa de sempre em Jogos Olímpicos valeu 120 mil euros em prémios aos quatro atletas medalhados em Tóquio. Uma medalha de ouro vale 50 mil euros de prémio ao atleta, a de prata vale 30 mil e a medalha de bronze representa uma compensação de 20 mil euros, de acordo com a portaria lançada no final de 2018, que regula as compensações no desporto Olímpico e Paralímpico.
Em Tóquio, Portugal já arrecadou quatro medalhas, a melhor marca de sempre em Jogos Olímpicos: ao ouro conquistado por Pedro Pichardo no triplo salto junta-se a prata de Patrícia Mamona na mesma modalidade, o bronze do judoca Jorge Fonseca e também o do canoísta Fernando Pimenta.
"O prémio do Estado não é mais do que um reconhecimento”, comentou ao PÚBLICO a ex-atleta olímpica Susana Feitor. “Ser quarto, quinto ou oitavo não tem qualquer tipo de prémio. Mas, em muitas circunstâncias, conseguir uma classificação até ao oitavo lugar custa a mesma coisa, em termos de investimento, do que ser medalhado”, acrescentou. O número de estágios, despesas com competições, viagens e equipamentos são exactamente os mesmos, detalha Susana Feitor, defendendo a extensão dos prémios até ao oitavo lugar – mesmo que o valor fosse “pouco significativo”.
Os valores portugueses estão bastante longe dos países que oferecem os prémios mais elevados. Na liderança isolada desta lista está Singapura. Os 627 mil euros oferecidos pelo ouro, 313 mil pela prata e 156 mil pelo bronze podem parecer um valor astronómico, mas a verdade é que, para já, nenhum atleta olímpico do país asiático conseguiu subir ao pódio em Tóquio. De acordo com o site oficial das Olimpíadas, a nação tem apenas uma medalha de ouro – conquistada no Rio de Janeiro, em 2016 –, duas de prata e outras duas de bronze.
Na lista de países com prémios avultados, montada pela revista Forbes, segue-se Taiwan, onde uma medalha de ouro tem um prémio de 610 mil euros. A ilha, que compete sob o nome Taipé Chinesa, já bateu o recorde de medalhas em Tóquio, com 12 subidas ao pódio, duas das quais foram medalhas de ouro.
O primeiro país europeu desta lista é a Itália, na sétima posição, com um prémio de 180 mil euros. Com 39 medalhas – dez de ouro – o Governo italiano já desembolsou 1,8 milhões de euros só para estes atletas.
Mas nem sempre a recompensa chega na forma do prémio em dinheiro: na Estónia, por exemplo, os atletas que conquistarem o ouro em Tóquio recebem uma avença vitalícia de 4600 euros por ano. Um atleta com 25 anos, por exemplo, receberá mais de 250 mil euros até ter 80 anos.
Aumento dos prémios
A alteração da portaria em 2018 trouxe um ligeiro aumento dos prémios: no Rio de Janeiro, os atletas recebiam 40 mil euros por uma medalha de ouro, 25 mil pela prata e 17.500 euros pelo bronze.
A primeira participação de Susana Feitor nos Jogos Olímpicos aconteceu em Barcelona, nas Olimpíadas de 1992. Seguiram-se Atlanta (1996), Sydney (2000), Atenas (2004), Pequim (2008) e Londres (2012) – esta última já como suplente. A atleta de marcha estima que os prémios rondassem os 25 mil euros para as medalhas de ouro nas competições antigas. “Foi feito um ajuste, as portarias estavam atrasadas, em escudos. Não me recordo com precisão do valor, mas seria eventualmente cinco mil contos [25 mil euros].”
Com a prestação histórica de Tóquio, nota-se que há maior preocupação do Comité Olímpico de Portugal em dar aos atletas as condições para triunfarem? “Preocupação sempre houve. O que temos visto ao longo das várias Olimpíadas é que o investimento tem sido um pouco maior. Mas não é enorme. Podemos dizer que houve um aumento de financiamento, mas o que importa é destacar a estratégia das Federações no apoio aos atletas”, considera Susana Feitor.
Comparando as prestações entre Rio de Janeiro e Tóquio, a atleta destaca a evolução positiva de vários atletas, vaticinando que o mesmo pode vir a acontecer com os jovens que tiveram, na capital nipónica, o primeiro contacto com a competição olímpica. Os próximos Jogos Olímpicos estão marcados para Paris, em 2024.
Sem comentários:
Enviar um comentário