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A empresa que lhe resolveu um problema de €1,3 milhões com o IRS, a hipoteca de cinco apartamentos num hotel do Algarve, os furiosos emails às redações, os créditos limpos antes de um PER e muito mais. As estranhas operações contabilísticas e societárias do dono da Impala originaram uma queixa-crime por burla e associação criminosa.
Quem nos contou diz com ironia que a história causa até uma certa admiração. Em 2015, quando a DescobrirPress deu entrada nos tribunais com um PER (Plano Especial de Revitalização), a sua principal credora era uma empresa chamada Electroliber, que reclamava €19,8 milhões. No 2º PER, em 2016, os €19,8 milhões já eram reclamados por outra empresa, a Sogapal. No 3º PER, em 2020, os €19,8 milhões eram agora reclamados pela Impala Multimédia, mas esta empresa era do mesmo dono da DescobrirPress (Jacques Rodrigues), o que significa que os €19,8 milhões passaram de uma preocupante dívida a terceiros para um problema interno em que o credor e o devedor eram o mesmo.
Como é que esta extraordinária operação aconteceu nas barbas de três PER (e, aparentemente, do administrador judicial) e o que é que isso tem a ver com a hipoteca de cinco apartamentos num hotel no Algarve é só uma das histórias que vamos contar sobre Jacques Rodrigues, o homem que aos 81 anos é o mais antigo barão dos media em Portugal, título que partilha com Francisco Pinto Balsemão, 83 anos, de quem é aliás vizinho na Quinta da Marinha. Mas se Balsemão, por ter sido primeiro-ministro e ter fundado o Expresso e a SIC, esteve sempre sob os holofotes, Jacques Rodrigues foi votado ao mesmo ostracismo a que o País sempre votou as revistas que produz desde 1976: Nova Gente, VIP, Maria, TV 7 Dias e Mulher Moderna, entre outras. E se Balsemão sediou o Expresso no coração da capital, Jacques criou o seu quartel-general num descampado em Ranholas, no fim do IC19.
Jacques Rodrigues é uma figura controversa do meio. Há muito que correm histórias sobre as excentricidades e os acessos de fúria para com os empregados, a que se somaram salários em atraso e despedimentos coletivos. O ostracismo a que sempre foi votado e o seu autoisolamento (não se conhece uma entrevista que tenha dado) podem explicar porque nunca se tenha falado dele com atenção, à exceção de um artigo no Expresso em 1992.
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