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sábado, 14 de agosto de 2021

TODO O NATAL OS ANDINOS PERUANOS ACERTAM AS SUAS CONTAS EM FESTIVAL DE SOCOS


 


Não é a primeira vez que falamos sobre o assunto, mas a curiosidade nos leva de encontro, novamente, ao festival de Takanakuy, que acontece todos os anos no Natal na província de Chumbivilcas, nos Andes peruanos. 

A ideia ali é quebrar os ciclos de violência com violência controlada, quando os locais resolvem as desavenças do ano anterior trocando socos, visando começar o vindouro em paz e indo embora apenas com alguns hematomas, um pouco de orgulho ferido, mas sem feridas duradouras. Disputas potencialmente explosivas surgem naturalmente e devem ser resolvidas sem a intromissão da lei.


Todo

De fato, a região conta com uma força policial composta por cerca de três policiais, o tribunal mais próximo fica a uma viagem de carro de dez horas pelas montanhas. Então, em vez de depender da intervenção do Estado, os residentes esperam o Takanakuy.

O nome do festival vem do quíchua -a língua indígena da região- e significa "bater uns nos outros" ou, mais linguisticamente, "quando o sangue está fervendo". 

Mas os combatentes tiveram mais de doze meses para esfriar antes de entrar no ringue e lutar corpo a corpo com um oponente.

As lutas também são controladas por árbitros, que controlam a multidão com chicotes de corda curta e param a luta assim que alguém cai. Takanakuy é um combate ritualizado, não um esporte sangrento. Embora tradicionalmente dominada por homens, mulheres e crianças também participam de lutas, que geralmente duram apenas alguns minutos ou mais.

- "Alguns tradicionalistas desaprovam a participação feminina no Takanakuy, mas um número crescente de mulheres em Chumbivilcas está desafiando as convenções e se preparando para lutar na frente de sua comunidade"escreve o fotojornalista Mike Kai Chen.

Os economistas libertários Edwar Escalante e Raymond March enquadram o Takanakuy como um mecanismo confiável de aplicação da lei de uma forma ordeira com aceitação social, buscando resolver conflitos, fortalecer os laços da comunidade e, com sorte, chegar a uma paz maior.

Para o professor indígena, autor e participante do festival Victor Laime Mantilla, é algo mais, parte da luta pela retomada dos direitos dos povos indígenas:

- "Nas cidades, os chumbivilcas ainda são vistos como uma cultura selvagem. Mas eles mantiveram a paz entre si sem a necessidade de autoridades peruanas, fundindo música indígena chamada Huaylia com outras tradições que datam antes mesmo dos Incas", explica Victor.

Takanakuy surgiu como uma resposta aos sistemas de opressão colonial, quando a justiça em Chumbivilcas era administrada exclusivamente por pessoas poderosas e as pessoas da comunidade sempre perdiam o caso, segundo Victor.

- "O que posso fazer com uma justiça assim? Prefiro ter minha própria justiça em público", explica.

O festival também envolve muita dança, comida, bebida, venda de artesanato e celebrações de Natal. Os lutadores, às vezes, usam botas, polainas de couro chamativas e máscaras elaboradas costuradas à mão com pássaros taxidermizados no topo. As mulheres usam vestidos elegantes com bordados finos e envolvem os pulsos em tecidos bordados coloridos. O objetivo final é começar o novo ano em paz. Por isso toda luta começa e termina com um abraço ou, no mínimo, um aperto de mão.


www.mdig.com.br


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