Cantora sudanesa e ativista durante a luta de independência da República do Sudão. Nasceu na Cidade de Kassala, sendo a mais velha de uma família com sete filhos(as), originária do grupo fula e hauçá da Nigéria. Seu pai era um erudito religioso fuqaha que ensinava na madraça (escola corânica) em Al-Abassiya, na cidade de Omdurman.
Começou a cantar com quatorze anos. Devido a sua excepcional capacidade de memorização e recitação do Alcorão, e a sonoridade de sua voz, começou a ser convidada para participar em festas de casamento. Mas logo o pai a proibiu de cantar, entregando-a em casamento, e quando ela se divorciou e voltou a se dedicar à música, foi deserdada.
Tendo o talento reconhecido em 1938 por Dmitri al-Bazaar, que trabalhava para a Companhia de Música Mochian Beck, no Cairo, Aisha Ahmad se mudou para o Egito, onde gravou discos e suas músicas começaram a ser tocadas em locais públicos e em emissoras de rádio, como a Omdurman Radio Broadcasting. Ela era acompanhada pela irmã, Jidawiyya, que tocava instrumento de cordas com a orquestra, algo recebido com antipatia pelos homens, que até então eram os únicos a ocupar os meios de comunicação. Porém, o gradual aumento da audiência e do sucesso fez com que a posição das mulheres sudanesas na rádio fosse reconhecida e respeitada. Ela foi também a primeira a introduzir duetos no Sudão, e nos anos 1960 ela cantou com a cantora sudanesa Ahmed Abdel Raziq.
Como ativista, Aisha defendeu o direito das mulheres e divulgou ideias libertárias contra o governo colonial britânico durante a Segunda Guerra Mundial e contra as forças do Eixo. Em 1945, ela cantou no Canal do Nilo, no Cairo, pelos direitos das mulheres a trabalhar fora de casa, mas também exibiu sua música em acampamentos militares sudaneses no período da guerra contra Hitler e Mussolini, e no período da luta contra os britânicos. Fez parte de delegações representado o seu país durante a emancipação.
Durante a vida, gravou mais de 100 canções para a Omdurman Radio Broadcasting e mais do que 50 canções para a Wadi al-Neel. Casou-se quatro vezes, mas o único filho, do primeiro casamento, morreu ainda jovem. Conseguiu a reconciliação com o pai antes dele morrer, em 1970, e quatro anos mais tarde ela própria faleceu, sendo enterrada no cemitério de Hamad a-Neel, em Omdurman.
BIBLIOGRAFIA
MALIK, Saadia. Exploring Aghani al-Banat: a postcolonial ethnographic approach to Sudanese woman’s songs, culture and performance. Thesis (Doctorat), Ohio State University, Ohio, 2003.
MUHAMMAD, Baqi’e Badawi. “Aisha Musa Ahmad”. In: AKYEAMPONG, Emmanuel K.; GATES JR., Henry Louis (dir). Dictionary of African Biography. Oxford University Press,
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