Ex-dirigentes locais do Chega retiraram o voto a André Ventura e passam
Quem entrar na página da concelhia do Bombarral do partido Chega, ficará surpreendido por encontrar na fotografia de perfil: "Vote Vitorino Silva, para um Portugal Melhor." Várias páginas de concelhias do Chega do distrito de Leiria, como Nazaré, Caldas da Rainha, Óbidos, Pombal, Ansião e Bombarral, viraram páginas de apoio ao candidato presidencial Vitorino Silva, mais conhecido por Tino de Rans.
"Isto é um protesto e uma forma de alertar as pessoas que estão indecisas, tentar dissuadi-las. Essas pessoas estão iludidas com o Chega como nós estávamos e depois percebemos que o André Ventura tem dois discursos. Diz o que o povo quer ouvir, mas é só isso", frisou à SÁBADO um ex-membro da concelhia da Nazaré, que preferiu manter o anonimato. "Ventura já não é o nosso líder."
Muitos dissidentes do Chega, alguns deles gestores destas páginas de Facebook, decidiram retirar o seu apoio a André Ventura e passaram a apoiar publicamente o candidato de Rans. Tiago Sousa, ex-líder da concelhia do Bombarral, abandonou o partido após "o vergonhosos congresso em Évora", como descreveu à SÁBADO, e diz que prefere o Tino de Rans porque "é o único candidato antisistema." "É verdade que somos de um antissistema mais à direita, mas à falta de alguém melhor... é o Tino que escolhemos. Ele é uma pessoa do povo e pelo menos faz as coisas com transparência", concretizou.
De dirigente do Chega a apoiante de Tino
"O único candidato sério, alérgico ao sistema, e que trabalha no duro. Este sim." Esta frase foi subscrita por Rodrigo Freire, ex-líder da distrital de Leiria do partido Chega, numa publicação de Facebook de dia 29 de dezembro. Contudo, não se refere ao candidato André Ventura — mas sim a Tino de Rans. "Carrega Tino", escreveu o ex-dirigente local, noutra publicação. Não respondeu ao contacto da SÁBADO.
Também o ex-presidente da Assembleia da Mesa de Setúbal do Chega, Bento Marçal Martins, passou o seu apoio para Vitorino Silva. "Voto no Tino porque não tem telhados de vidro. É simples e vem do povo, como as pessoas que integraram o Chega no início. Atualmente é melhor votar no Tino do que nele", explicou à SÁBADO o ex-dirigente distrital, que fez parte da organização do lançamento de candidatura presidencial de André Ventura em Portalegre. Marçal Martins foi a primeira vítima da "lei da rolha", diretiva que dá poder à cúpula do Chega para suspender militantes que critiquem o partido (e respetivos dirigentes) nas redes sociais, imprensa e "seja em que contexto for".
À SÁBADO, André Ventura afirma que "trata-se de um roubo". "É uma usurpação por parte de vários antigos membros do partido e, se necessário, vamos agir judicialmente para corrigir a situação", concretiza.
Já Tino de Rans nega qualquer envolvimento nesta situação: "Não saiu da nossa candidatura. Não temos nada a ver com isso, não tenho nada a ver com o Chega", explicou à SÁBADO, via chamada telefónica. Mais tarde, por mensagem, reforçou a ideia: "Não estou em nada relacionado com o Chega, e como penso que ficou claro, tenho defendido as minhas ideas, que em muitos pontos não coincidem com as de André Ventura. Fico feliz em ter a confiança das pessoas. Um voto em mim é um voto pela democracia, pela igualdade, pela liberdade e por um Portugal sem extremos."
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