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quarta-feira, 19 de agosto de 2020

O SOUSA DA PONTE



O Sousa é o chamado self-made-boy, rapaz que fez a si próprio e teve que começar a bulir desde muito tenra infância.
Felizmente a infância do Sousa passou-se num país onde há trabalho pra todos, inclusive pras crianças, claro que há quem chame a isso exploraçom do trabalho infantil, mas são uns energúmenos que querem é botar os putos no desmeprego.
E o Sousita fazia uns recados a umas mercearias, nos intervais alibiaba umas carteiras a uns turistas -- Plano nacional de retençom de moeda estrangeira -- e ia-se safando.
O Sousa era, porém, ábido de coltura, gostaba muito de películas de caboiada, estilo tiros, bombas e socos pelas trombas, estrelados pelo Setuárte Granger que fazia de Red Canion, rei da Polícia Montada, cabalo branco, casaco encarnado, uinchester de repetiçom...eih... mandaba chumbo, grande especialista no extermínio de bandidos e índios, cascabéis e afins... e os finais da películas: quando o Rede Canion entraba no salom de binchester ainda fumegante e a catraia dizia-lhe: "oh mai lobe, afinal estás alibe","iesse pois estou" e caiam nos beiços um do outro sobre as palabras "De Ende.

O sousa choraba a ber aqueles finais. Só que as películas não eram de borla, era preciso arranjar algum grabeto extra, e o Sousa tenta arranjar uns empreguitos mais fixos, que nunca eram muito fixos que ele tinha o bício de andar de baixa pela caixa. Os patrões despediam-no sucessíbelmente.

Após desempregos sucessíbeis, o Sousa esgota o mercado de trabalho da zona, tem de mudar de ramo, não mudando muito de nomenclatura, em bez de andar de baixa pela caixa, começou a andar de caixa pela baixa e dedicou-se a engrate indibídual. Só que nessa altura o Sousita já era espigadote, um belo tináger e trba conhecimento com uma catraia, dessas que fazem... Bia Norte bái lusco-fusco, Circumbalaçom by tualaite zone, daquelas de quem se diz que som de profissom dubidosa, por acaso daquela ninguém dubidaba, toda a gente sabia, e o Sousa dá-lhe a bolta à mioleira, junta mais duas ou três catraias do mesmo métier, sabeis o que é o métier, aquilo de métier e tirer, e montam uma sociedade justa, as catraias dabam o cabedal, o Sousa daba o bolso e enche-se de grabetame.

Cheio de grabetame, o Sousita decide fazer a aquisiçom de um chiante, uma biatura, dessas que chiam nas retas curbantes que era o que estaba a dar na época... megabedebê, modelo sepéchial, era só extras: bolantinho de pau, conta-boltinhas, mija-mija e limpa-pinguinhas, peneus miquelim baixa pressão, jantes de manganésio com umas torneirinhas,aparelhage sonora com TCF com FD, um leitor de cassetetes histéricas, um claxom musicante com a música do filme da ponte do rio que baie dois pormenores de classe: um tubo de escape com duas bufadeiras e escrito na porta do lado de fora: Sousa ARH Cruz, era o maior! Era tão impante naquele chiante que quando ia botar gasolina, encostaba à bomba, carregaba no claxom musicante: "tiritiririri, fáchabor, bote-me aí uma milena de essência, bufe-me aí nas lonas e desempoupe os bitrais.

O Sousa era também um grande desportista, campeom de nataçom das descidas do rio Douro, só que um dia marcam uma proba de nataçom pra um domingo de manhã... domingo de manhã, canudo! O Sousita ao sábado à noite curtio o Oporto bai drinquingue zone, metia umas cargas etílicas que lhe enferrujabam o realejo, mas marcaram pra de manhã, lá bai ele todo remeloso, pra disfarçar até lebaba esses óculos modernos que é os raibantes metidos nas trombas.
"Oi pessoal aqui é que é a proba?", "Iá meu, bute lá."

O Sousa despiu-se, botou-se no batelom naquela posiçom que há uns que se amandam à iágua e há outros que fazem outras coisas que eu nom bos aconselho por causa dessa doença moderna que anda aí (ai que horror), sabeis como é que os homens apanham essa doença nas casas de banho? É um tipo sentar-se antes do outro se lebantar (ai, ai, ai que horror).
O que é certo é que o guarda noturno dá o tiro de partida e os atletas "tráaas", bentas no líquido, bai de esbracejar por ali abaixo, e o Sousa, sem exagero, nos primeiros 50 metros ganho logo 100 de abanço e aquilo parecia uma proba de obstáculos, sabeis dos objetos flutuantes que há no rio Douro? principalmente aqueles em forma de alheira, acastanhados?
Mas o Sousa ia pruparado, cheio de brilhantina, aquilo deslizaba tudo e o Sousa parecia um torpedo por ali abaixo. As catraias do métier estabam todas em cima da ponte aos saltos aplaudindo: "SOU-SA, SOU-SA, SOU-SA!"

O Sousa passa em baixo da ponte onde está o catraiame saltante, começa-se a atrasar. O sousa perdia líquido, os outros ganhabam líquido e chega quase em último lá abaixo à Foz, que bergonha! Já nem sai pró Porto, sai de fininho pra Afurada, só que à tarde habia uma matiné dançante para distribuiçom de prémios.

E o Sousa tinha que estar presente para controlar o catraiame. Lá bai o Sousita, encosta o seu chiante à porta do clube, que era um clube eclético, tinha bários desportos, tinha os matraquilhos, o lebantamento de copos, o corte de chouriço e mais pra madrugada tem um desporto de lançamentos, que é os gómitos pro rio (ai que horror). O Sousita saca de um cigarrito, ele já fuaba essa marca americana que é o malmecago (ai que horror)... ai desculpa, é o malmeborro, bota o seu malmeborrito nos beiços e o pessoal: "

Eh Sousa, tás belho, tás podre, atão chegastes quase em último, desgraçado!", " Calai-bos, as catraias é que foram as culpadas do meu descalabro desportibo!",
"As catraias tabam-te a apoiar em cima da ponte!", "Quais a apoiar, pá, eu passo embaixo da ponte com aquele abanço todo, olho pra cima pra elas que tão feitras malucas aos saltos e quando bou mesmo na bertical, constato que a maior parte nem traz cuecas."
(ai que horror), "Epá, que é que isso tem?",
"Que é que isso tem? e a minha alta sensibilidade, eu continuei a nadar, mas eu já nom podia bia líquido, nãom bia Foz, nom bia nada à minha frente, eu só tinha na memória era aquelas coisas aos saltos lá em cima na ponte, aida por cima, aquilo começa-me a passar da memória pra mesculatura, começa-me a tolher, a retesar, quando aquela memória chega cá em baixo à zona xexual, não é que me começou a crescer a âncora, empancou no lodo no fundo e eu não conseguia abançar." (ai que horror)
"Ah pá", diz-lhe uma das catraias, "sendo assim, tinhas uma soluçom!", "Ai tinha, qual era solucom?",

"Opá, Nadabas de cuostas!", " Ai era? E a puonte, canudo?"... Biba o Sousa! Biba o Sousa! Biba o Sousa, canudo!... Um grande abraço pro meu grande amigo e distinto cidadom nortenho, Biana, mas Biana com B.
(ai que horror).

VÍDEO


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