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sexta-feira, 6 de março de 2020

EXTRACTOS DA HISTORIA - O PCP E O PAPEL DAS MULHERES NA LUTA CLANDESTINA / MARIA LAMAS/ A TENEBROSA PIDE

O PCP e o papel das mulheres
na luta clandestina





Ao comemorarmos mas um aniversário do nosso glorioso Partido não estamos apenas a assinalar a data da sua fundação em 6 de Março de 1921. Estamos, fundamentalmente, a relembrar o seu grande e valioso património de luta consequente e abnegada ao longo dos seus 80 anos. Sempre na vanguarda da defesa dos trabalhadores, do povo, das liberdades democráticas, da paz e da justiça social.
Destes anos, 48 foram de luta na clandestinidade contra o regime fascista, que se implantou com o golpe de 28 de Maio de 1926. A partir daqui, qualquer partido, movimento ou associação de carácter progressista ou reivindicativo, foi proibido, considerado ilegal e sujeito à repressão. O PCP foi o único partido político que não abdicou do seu direito a existir e a lutar pela defesa do povo e de um Portugal democrático, livre e independente. Foi, então, forçado a reorganizar-se na clandestinidade para prosseguir a sua luta e poder, assim, orientar, esclarecer e organizar os portugueses na luta em defesa dos seus interesses.

Foi muito dura esta batalha. Implicou grande determinação e muitos sacrifícios. O PCP ficou debilitado, as organizações foram reduzidas, a sua sede foi encerrada. Mas, e como a História o provou, vencendo ao longo dos anos todo o tipo de dificuldades, alargou-se, reforçou a sua organização, ganhou a confiança dos trabalhadores dos vários sectores sociais, do campo e da cidade. Isto foi possível, por um lado, porque os seus objectivos e projectos iam ao encontro dos anseios e aspirações dos trabalhadores, mulheres, homens e jovens e do povo português em geral e, por outro, porque contou com largo apoio e solidariedade, não só de comunistas mas de numerosos antifascistas e democratas. Muitos deles abriam as portas das suas casas a funcionários do Partido que, perseguidos pela PIDE, eram forçados a fugir para não serem presos, alojando-os por largo tempo como se fossem seus familiares ou “hóspedes” e transportando os funcionários clandestinos nos seus carros por longos percursos. Estes antifascistas e suas casas, conhecidos como pontos de apoio, apesar de legais, corriam o mesmo risco de verem as suas casas assaltadas pela PIDE e de serem presos e condenados, como aconteceu com alguns.
Outras formas de solidariedade consistia nas ofertas de roupas, calçado, medicamentos, assistência médica e as valiosas contribuições financeiras.
Igualmente importante foi a solidariedade aos presos políticos e suas famílias, prestada por milhares de antifascistas que enfrentaram a repressão e as represálias da PIDE e do fascismo. De referir ainda a solidariedade internacional, quer na ajuda aos presos políticos e suas famílias, quer na denúncia e condenação do fascismo em Portugal. É evidente que sem esta solidariedade, que se inseria na luta contra a ditadura fascista, não teria sido possível vencer a dureza da luta clandestina e a repressão.
Qualquer participação na luta contra o regime fascista revelou dedicação, coragem e combatividade, que foram decisivas para o derrube do fascismo e, consequentemente, para a Revolução dos Cravos em Abril de 74.
Para lutar na clandestinidade, o PCP teve de criar condições especiais de trabalho e de defesa. A começar por ganhar militantes de confiança e dispostos a lutar na clandestinidade, em situação muito difícil e perigosa. E a história provou que o Partido forjou na luta quadros e militantes capacitados, firmes e de grande dedicação.
Para as casas clandestinas, não só para habitação mas também como postos de trabalho com condições de segurança e de defesa, era fundamental a participação militante de mulheres. As mulheres, que tiveram um destacado papel em todas as frentes de luta, tiveram também um papel relevante no aparelho clandestino do PCP. Sem a sua participação, corajosa e dedicada, não haveria condições de um bom funcionamento e de defesa nas casas clandestinas. Para oferecer segurança, a casa precisava de ter a aparência normal de uma família, pelo que a presença de uma mulher era indispensável para não levantar suspeitas. Sendo a sua tarefa principal a defesa da casa, o que exigia um cuidadoso relacionamento e comportamento face aos vizinhos, não podia cair em contradição nas justificações avançadas para a vida que tinham, para o suposto emprego do camarada que andava no trabalho de organização e político. Tudo impunha muita atenção, disciplina e rigoroso cumprimento de regras conspirativas. O “simples” acto de ir colocar o sinal para dar entrada ao camarada quando este ficava fora para reuniões, ou a ida às compras, que tinham de ser feitas em locais mais recatados, obrigavam a uma vigilância permanente. Qualquer falha poderia pôr em risco a segurança da casa e dos camaradas.
Mas, para além destas responsabilidades, geralmente todas as camaradas das casas do Partido tinham parte activa noutras tarefas. As que estavam em tipografias participavam nos trabalhos de composição e impressão da imprensa clandestina: Avante!, O Militante e outros jornais e documentos. As que estavam noutras casas do Partido, organizavam os arquivos, escreviam à máquina (metida em caixa almofadada para abafar o som) longos relatórios, informações, etc.. As que tinham maiores habilitações redigiam artigos, utilizavam os copiógrafos, donde retiravam, a stencil, especialmente nos primeiros anos: “O Camponês”, “O Corticeiro”, “O Têxtil”, “A Terra”, “As 3 páginas”, “A Voz das Camaradas”, entre outros.
Há que considerar que grande parte das militantes das casas clandestinas eram modestas trabalhadoras, com pouca preparação política e ideológica e algumas tiveram mesmo de aprender a ler e a escrever. No entanto tinham bastante experiência da vida e da luta como operárias, camponesas, trabalhadoras. Tinham, por isso mesmo, uma forte consciência de classe, espírito solidário e de elevado sacrifício, uma grande confiança no Partido e nos seus ideais.
As mulheres comunistas, algumas muito jovens, que mergulharam na clandestinidade com 15, 16, 17 anos, assumiram grandes responsabilidades e provaram as suas capacidades na luta muito difícil, no isolamento clandestino e separadas de toda a família. Outras houve que estiveram separadas dos maridos longos anos pelo facto de estes terem sido presos e condenados.
Também muitas delas enfrentaram a PIDE, os interrogatórios, os anos de prisão, com firmeza e dignidade, honrando o seu Partido e os seus ideais. Tudo enfrentaram com coragem e dedicação revolucionária, demonstrando a sua determinação de lutar por um futuro melhor, lado a lado com os seus camaradas.
Mas sabiam que não estavam sozinhas. Sentiam-se integradas no amplo conjunto de portugueses, mulheres, homens e jovens, que lutavam em todo o país.Tinham consciência de que os seus problemas específicos de mulher, mãe e trabalhadora só seriam resolvidos numa sociedade liberta da exploração, da desigualdade e das injustiças. E sabiam que o PCP era o único partido consequente na luta pelos seus direitos.
As mulheres comunistas encontraram no seu Partido uma escola de formação política e ideológica. E a dureza e a prática da luta uniu e apetrechou os comunistas de princípios e valores importantes para a vida. Princípios como a amizade fraterna, a solidariedade, o respeito, a fidelidade ao Partido e à causa da luta que se travou ao longo dos anos difíceis. Valores que, no essencial, se mantiveram entre camaradas, como uma ampla família unida pelo Partido, e que se vêm transmitindo e alargado a novas gerações.
Creio não ser errado afirmar que as mulheres nas casas do Partido foram as que mais aprenderam politicamente e se prepararam para tarefas de maior responsabilidade.
Isto mesmo é afirmado pelo camarada Álvaro Cunhal no encerramento da Conferência do PCP - Pela Emancipação da Mulher no Portugal de Abril - 1986: “No meio século de terror fascista, nas duras condições de clandestinidade em que o Partido actuou, as mulheres comunistas, educadas pelo Partido, mostraram o seu alto valor revolucionário, no trabalho de organização, na acção política, nas tarefas técnicas mais duras e perigosas, como tipografias, aparelhos e casas clandestinas. Centenas de mulheres comunistas foram perseguidas, presas e torturadas. Muitas destacadas camaradas foram presas, julgadas e condenadas a largos anos de prisão. Libertadas, muitas voltaram logo à luta clandestina”.
Também as nossas crianças, quando habitavam nas casas clandestinas, privadas da escola e do convívio com as outras crianças, revelavam comportamentos notáveis de elevada consciência e noção de responsabilidade. Na história do Partido há muitos exemplos disso mesmo. Apenas cito dois: o da camarada Ivone Dias Lourenço que, com 5 anos, se sentou sobre um Avante que estava em cima do divã para o esconder de uma vizinha que entrou inesperadamente. Os pais não tinham reparado e insistiam para a filha se levantar e beijar a vizinha, mas a menina de 5 anos não se moveu... Outro exemplo é o da filha do camarada Agostinho Saboga que aos 8/9 anos ajudava os pais numa tipografia clandestina. Muitas das nossas crianças tinham verdadeira noção dos perigos e guardavam segredos conspirativos para defender a casa e os pais.
Hoje é motivo de grande satisfação encontrar jovens militantes comunistas, dedicados e activos, que nasceram ou viveram nas casas clandestinas. Alguns deles assistiram mesmos aos assaltos da sua casa pela PIDE e foram presos com os pais.
O PCP, como grande força política revolucionária e organizada, ao longo dos seus  anos de luta acumulou experiências, conhecimentos que não se podem subestimar. Serviram para a Revolução dos Cravos de Abril, são valores que continuam a ser guias da nossa luta no presente e no futuro.
Após o derrube do regime fascista, o PCP e os comunistas passaram a lutar, em liberdade, pela concretização e defesa das conquistas de Abril e pela construção de uma sociedade democrática, livre e independente, rumo ao socialismo. Deixaram de ser perseguidos pela PIDE e pelo regime fascista mas continuaram a enfrentar a ofensiva, a violência e as calúnias das forças reacionárias da direita, que atacaram e incendiaram os Centros de Trabalho do Partido.
A direita reacionária e os seus aliados tudo tentaram para impedir o processo democrático e a luta do PCP e do povo para instaurar uma sociedade sem exploradores nem explorados. E aqui, mais uma vez, a luta do PCP, dos traba lhadores e das forças democráticas foi determinante para travar a reacção.
No ano de 2001, em que o nosso Partido completa 80 anos de vida e de luta ao serviço do povo e de Portugal, é com muito orgulho que continuamos a afirmar que temos um Partido da classe operária e de todos os trabalhadores, com a sua identidade própria, com direcção e orientação únicas, partido com centralismo democrático, com princípios básicos do marxismo-leninismo. Princípios confirmados e aprovados no seu XVI Congresso em Dezembro último.
Os comunistas unidos, firmes e combativos, mulheres, homens e jovens, continuarão a defender, em torno destes princípios, um PCP interveniente e in fluente na política portuguesa, ao serviço dos interesses dos trabalhadores, de Portugal, da democracia. Um PCP para “construir o futuro”.
«O Militante» - N.º 254 - Setembro/Outubro 2001


MARIA LAMAS
Maria da Conceição Vassalo e Silva da Cunha Lamas
(1893-1983)









Escritora e interveniente política portuguesa. Mulher de personalidade admirável, oriunda de uma família burguesa de Torres Novas, ali estudou até aos dez anos. Aprendeu línguas o que lhe viria a ser útil mais tarde, quando teve de ganhar a vida com traduções. Traduziu mais tarde "Memórias de Adriano", de Marguerite Yourcenar, que conheceria em Paris. Casou nova e aos 25 anos já tinha duas filhas. Viveu em Luanda e quando o casamento naufragou divorciou-se e quis ser ela a assegurar a educação das filhas. Começa a escrever para os jornais Correio da Manhã e Época, mais tarde para O Século, A Capital e o Diário de Lisboa. Casou, em 1921, com Alfredo da Cunha Lamas, e foi mãe mais uma vez. Em 1928 passou a dirigir o suplemento Modas & Bordados do jornal O Século, dando-lhe uma feição diferente. Um jornal que dava prejuízo passou a dar lucro, tal a importância da sua colaboração. Era preciso chegar às mulheres trabalhadoras pouco esclarecidas quanto aos seus direitos. A sua colaboração no "Correio da Joaninha" passou a ser um diálogo educativo com as leitoras. Ligou-se ao MUD (Movimento de Unidade Democrática) e depois ao Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, onde desenvolveu intensa actividade política e cultural. Presa, pela primeira vez, por motivos políticos, em 1949 sofreu imenso na prisão, porque a PIDE a colocou numa prisão incomunicável durante quatro meses. Esteve muito doente. Depois de várias prisões viu-se forçada ao exílio. A sua actividade como escritora é intensa e diversificada. Escreveu contos infantis, estudos na área da mitologia, porém o seu livro mais importante, fruto de dois anos de viagens por todo o país é «As Mulheres do Meu País», uma obra de referência, onde colaboraram com ilustrações os mais famosos intelectuais do tempo, editado em 1950. Seguem-se «A Mulher no Mundo», 1952 e «O Mundo dos Deuses e dos Heróis», 1961.Esteve exilada por diversas vezes, entre 1953 e 1962. Passados sete anos regressou do exílio. Tinha 76 anos e ainda a mesma esperança de melhores dias para Portugal. Viveu o 25 de Abril de 1974 com enorme alegria. Foram-lhe atribuídas duas das mais honrosas condecorações portuguesas, a de Oficial da Ordem de Santiago da Espada e a da Ordem da Liberdade. Faleceu com 90 anos, em Dezembro de 1983. A cidade de Torres Novas relembra-a numa pequena intervenção escultórica. A jornalista Maria Antónia Fiadeiro dedicou-lhe um estudo monográfico.mais pormenorizado ...
Já considerada como a mais vibrante personalidade portuguesa deste século, Maria Lamas foi escritora e jornalista, mas acima de tudo soube viver com total liberdade e autenticidade Nasceu numa casa de província de uma família abastada em Torres Novas, no dia 6 de Outubro de 1893, recebendo na pia baptismal o nome de Maria da Conceição. Criança reservada, preferia escutar e olhar o mundo dos adultos a participar em brincadeiras.

Foi educada no Convento de Santa Teresa de Jesus, onde aprendeu línguas, pintura e bordados, embora nunca tenha chegado a completar os exames, tirando apenas o curso de liceu depois de casada.

Saiu do colégio pouco tempo antes de ser proclamada a República, em 1910, acontecimento que a marcou profundamente, sendo filha de um republicano. Mas o ano de 1910 estaria recheado de surpresas. É a altura em que conheceu o que viria a ser o seu primeiro marido num casamento de amor, um garboso oficial de cavalaria, Ribeiro da Fonseca com que casa um ano depois, ao completar dezassete anos.

Acompanhando o marido, parte para África e lá teve a primeira filha, aos dezoito anos. É a sua vivência em África que mais recorda no seu livro ‘Confissões de Sílvia’. Mas esta época leva-a a desejar mais da vida e em 1920 divorciou-se, regressando a casa dos pais com duas filhas a seu cargo.
Tomou então a decisão de ir viver para Lisboa, e para ganhar a vida decidiu dedicar-se ao jornalismo. Começou a trabalhar numa agência de notícias, depois na revista ‘Civilização’ e finalmente no ‘Século’ onde entrou, aos 36 anos, pela mão de Ferreira de Castro, sendo-lhe confiada a direcção do ‘Modas&Bordados’ que ela tenta transformar em algo mais do que uma revista para donas de casa.

A coluna que manteve durante anos no ‘Modas&Bordados’, intitulada ‘O Correio da Tia Filomena’ ficou famosa e recebia centenas de cartas, falando da condição das mulheres em Portugal, as suas revoltas e os seus sonhos.

Lidando com a elite cultural e social de Lisboa, Maria Lamas era considerada como uma das mulheres mais belas e fascinantes da capital. Excedia-se em projectos tendo sempre como metas que o impossível estava ao alcance das mãos.

O jornal ‘O Século’ era um dos expoentes máximos da cultura portuguesa na época, organizando conferências, concertos e exposições, actividades em que participou activamente. Um dos seus projectos mais famosos foi a exposição acerca da mulher portuguesa, onde apresentou teares do Minho, mesas de trabalho de mulheres como a Marquesa de Alorna e Carolina Michaelis, e onde recriou um conjunto de actividades femininas.

Outra das suas exposições que ficou célebre foi a realizada com tapetes de Arraiolos fabricados pelas presas da cadeia das Mónicas e que permitiu a estas algumas horas de liberdade, tendo sido transportadas da prisão para os salões do ‘Século’ em táxis para apreciarem os seus trabalhos.

Durante a sua vida como jornalista, acabou por casar com um homem da mesma profissão, Artur Lamas, de quem viria a ter a terceira filha, o que não evitou o divórcio, embora tenha sempre mantido o nome deste nos seus trabalhos.

Com o pseudónimo de Rosa Silvestre escreveu diversas obras infantis, como ‘Caminho Luminoso’ e ‘Para Além do Amor’, entre outros.

Mas a sua vontade de mudar as coisas não se limitou à escrita e em 1945, Maria Lamas é eleita presidente do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, uma associação que tinha sido fundada durante a I República mas que o regime salazarista fizera por apagar. E é nessa posição que é obrigada a escolher entre abandonar o ‘Modas’, a que dedicara vinte anos da sua vida ou o Conselho, decidindo-se pela primeira opção, embora o Conselho tenha sido encerrado algum tempo depois pela P.I.D.E.





Percorre então o país para conhecer melhor a condição das mulheres e dessas viagens nasce o livro ‘As Mulheres do meu país’, que ficará como um marco histórico. Após estas obras publicaria ainda ‘A Mulheres no Mundo’ e ‘O Mundo dos Deuses e dos Heróis’.

Após o fim da II Guerra, Maria Lamas dedica-se a apoiar a candidatura do General Norton de Matos, e acaba por ser presa sob a acusação de propagar notícias falsas e pedir a libertação dos presos políticos. Esta seria a primeira de outras detenções, sendo a que mais a abalou o encarceramento solitário durante seis meses, nos anos cinquenta, que afectou profundamente a sua saúde.

Portugal sufoca-a e decide visitar outros países, na sua qualidade de membro do Conselho Mundial da Paz e em 1961 fixa-se em exílio durante oito anos na cidade de Paris. É da janela do seu quarto no Hotel Sain-Michel que durante o Maio de 1968 passou baldes de água para os jovens na rua se protegerem dos gases lacrimogéneos.

Apenas regressa a Portugal em 1970 e apoiou com todas as restantes forças dos seus oitenta anos, a revolução de Abril, que instaurou a democracia.

Volta a ser a directora honorária do ‘Modas&Bordados’ e foi uma das primeiras pessoas a receber a Ordem da Liberdade das mãos do Presidente da República.

Os seus últimos dias passou-os em Évora com uma das filhas e é lá que acaba por falecer aos noventa anos de idade, tendo perdido totalmente a audição, o que nunca foi impedimento para continuar a receber amigos e familiares, dialogando através de um pequeno bloco de notas.

Quem a conheceu de perto descreve-a como uma pessoa com a qual quem lidava sentia sempre que podia tonar-se melhor seguindo-lhe os exemplos, influindo assim, de forma subtil, na formação de muitas mulheres e também de homens, num país em que as fronteiras de posição social marcavam mais do que as personalidades.
Mulher portuguesa


Maria Lamas no Dia da Fotografia

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 Maria Lamas, Jovens trabalhadoras das minas de S. Pedro da Cova (de "As Mulheres do Meu País", pág. 372, 1948-50) © Herdeiros de Maria Lamas, Lisboa / Editorial Caminho


A inicitiva com que o "I" assinalou o Dia Mundial da Fotografia foi uma excelente oportunidade para fazer publicar uma foto de Maria Lamas, fotógrafa desconhecida ainda, 60 anos depois de ter publicado "As Mulheres do Meu País" (1948-50). Menos desconhecida desde 2008, e agora apresentada por Jorge Calado na exposição "Au Féminin", no Centro Cultural da Fundação Gulbenkian em Paris (até 29 de Setembro, sem itinerância). E é mesmo Maria Lamas a autora mais representada, com oito imagens e um livro, nesse inédito panorama da fotografia feita por mulheres sobre mulheres, em todo o mundo e desde o início da fotografia até hoje. Jorge Calado apresenta-a no catálogo com uma frase decisiva - "Em Portugal, o equivalente fotográfico da FSA (Farm Security Administration) é obra de uma única mulher: Maria Lamas".


Uma das mais insólitas curiosidades da fotografia portuguesa é o facto da obra fotográfica de Maria Lamas - mesmo que reduzida a um único grande livro editado em 15 fascículos ao longo de menos de dois anos, e nunca exposta no seu tempo - ter permanecido ignorada tantas décadas. É certo que não se tratava de um álbum de ilustrações mas de um longa reportagem, ou inquérito jornalístico muito ilustrado; que as condições editoriais da reprodução fotográfica não eram as melhores da época; que além das muito numerosas imagens da autoria de Maria Lamas ela própria escolheu e fez publicar outras tantas (?) de fotógrafos que eram famosos ou desconhecidos por meados do século XX (esse é outro dos motivos de interesse do livro); que o activismo e o protagonismo político da autora (o exílio e os condicionalismos partidários) se sobrepuseram à apreciação da sua obra de escritora e de ocasional fotógrafa.
Ignorada na história de António Sena (1998), que permanece a única obra de referência, a produção fotográfica de Maria Lamas não costuma ser representada ou mesmo referida nas mostras monográficas que lhe foram dedicadas (Biblioteca Nacional 1993, em especial). Só com a muito cuidada reedição em fac-símile realizada pela ed. Caminho em 2002 (com reprodução das imagens a partir das provas originais, sempre que possível - graças à coordenação gráfica de José António Flores) é que o trabalho fotográfico de Maria Lamas começa a ganhar a atenção que merece. No ano seguinte, Maria Antónia Fiadeiro, numa biografia publicada pela Quetzal, aponta Maria Lamas como uma repórter fotográfica pioneira.
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Maria Lamas, Jovem mãe da Castanheira, Serra da Estrela ("As Mulheres do Meu País", pág. 161, 1948-50. "Au Féminin", nº 8 - prova vintage, 8 x 5 cm) © Herdeiros de Maria Lamas, Lisboa / Editorial Caminho

Quando Maria Lamas concebe e produz o livro "As Mulheres do Meu País", criando uma estrutura editorial artesanal e familiar para o efeito, tinha já 53-54 anos. A relação com a fotografia seria apenas a de uma jornalista do quadro de O Século (entrou em 1929) com uma longa experiência de direcção de suplementos e revistas, e em especial do semanário feminino "Modas e Bordados", entre 1930 e 1947. Nem fotógrafa profissional, nem "amadora" (no sentido habitual de aficionado ou praticante da arte fotográfica), Maria Lamas apenas por necessidade recorreu por algum tempo a um "caixote Kodak" para fazer as imagens que deveriam acompanhar o seu inquérito sobre a vida e o trabalho das mulheres portuguesas.
Queria-as "verdadeiras, expressivas, com valor documental e inéditas", conforme diz numa entrevista a O Primeiro de Janeiro (28 de Abril de 1948). "Resolvi arranjar uma máquina e ser eu, também, fotógrafa" - "Ler - Informação Bibliográfica", Publicações Europa-América (Maio-Junho 1948). Um genro que trabalhava para a Kodak ensinou-lhe os rudimentos da fotografia e tratou do material trazido das deslocações pelo país. O espólio conservado pela família compreende os negativos e as provas positivas de que se escolheram as imagens reproduzidas no livro, em contactos e provas de pequeno formato que nunca houve a intenção de expor. Por vezes, revela Jorge Calado, as provas foram reenquadradas para eliminar figuras masculinas ou sujeitas a colagens para os grupos serem apenas femininos.
São circunstâncias que fornecem alguns ensinamentos sobre a realidade ambígua da fotografia e sobre os seus circuitos de reconhecimento e consagração. Por um lado, uma grande aventura fotográfica, que é também um grande obra (única no contexto português do seu tempo), pode surgir no exterior das práticas institucionalmente estabelecidas, à margem da profissão e das suas aptidões funcionais (o fojornalismo, o retrato, a ilustração documental, reconhecidas ou não como produção artística) e também à margem da intencionalidade artística oposta aos usos funcionais, ou autónoma, que tinha à data os seus códigos associativos e rituais expositivos, identificados como amadores (mas não exclusivos destes, e os dois circuitos não são nunca estanques). Prática isolada e exercício breve no tempo (3 anos), sem aprendizagem, de intenção documental e alheia, pelo que se pode saber, à ambição da arte e dos seus circuitos, certamente sem modelos históricos ou conceptuais, a obra fotográfica de Maria Lamas é fundada num projecto próprio de inquérito e de comunicação, e também numa vontade de activismo cívico.

Maria da Conceição Vassalo e Silva da Cunha Lamas (1893-1983)

Completou os seus estudos no Colégio Religioso Jesus, Maria, José, em Torres Novas. 
Casou pela primeira vez em 1910 com Teófilo José Pignolet Ribeiro da Fonseca, tendo deste casamento, que durou até 1919, duas filhas, Maria Emília (1911) e Maria Manuela (1913). Viveu em Luanda entre 1911 e 1913, acompanhando o seu marido em missão militar, tendo aí nascido a sua segunda filha. 

Em 1921 casou em segundas núpcias com o jornalista Alfredo da Cunha Lamas de quem teve uma filha, Maria Cândida. Divorcia-se outra vez em 1936.

Simpatizante do PCP, esteve ligada à Oposição Democrática durante o Estado Novo. Entre 1962 e 1969 viveu em Paris como exilada política, habitando o Grand Hotel Saint-Michel, no Quartier Latin, onde conheceu Marguerite Yourcenar, e onde desenvolveu intensa actividade política e de apoio a portugueses refugiados em oposição ao regime fascista.
LIVROS
São especialmente dignos de nota as suas obras no âmbito da literatura infantil e no da etnologia, As Mulheres do meu País.



*****
Maria Lamas nasceu a 6 de Outubro de 1893 em Torres Novas.
Em 2011 o Município de Torres Novas promoveu a primeira edição do Prémio bienal Maria Lamas. Este prémio foi instituído para evocar a figura de Maria Lamas e perpetuar  o seu testemunho de lutadora pelos direitos das mulheres portuguesas. O prémio tem um valor pecuniário de 3000 euros e visa distinguir abordagens a temas relacionados com a mulher, o género e a igualdade, na perspectiva das ciências sociais e humanas, podendo submeter-se a concurso dissertações de mestrado e doutoramento, bem como trabalhos decorrentes de pós-doutoramento ou outros, desenvolvidos no âmbito de centros de investigação científica credenciados. As candidaturas são individuais, podendo concorrer autores portugueses e estrangeiros. 
A revista Islenha publicou em 2011 um número dando destaque à ligação de Maria Lamas ao arquipélago da Madeira.
Foram-lhe atribuídas duas das mais honrosas condecorações portuguesas, a de Oficial da Ordem de Santiago da Espada e a da Ordem da Liberdade.
 
Castro Soromenho, José Cardoso Pires e Maria Lamas, em Paris.
 Alves Redol, Maria Lamas, Jorge Amado e Ferreira de Castronum jantar no aeroporto de Lisboa em 1953.

A 29 de Junho de 2013 foi inaugurada em Almada a Biblioteca Municipal Maria Lamas. Uma obra da autoria do arquitecto João Santa-Rita. 
Em 2015 foi organizada pelo Municipio de Torrres Vedras a exposição "De corpo e alma, Maria Lamas", com obras de reconhecidos pintores portugueses tendo como inspiração Maria Lamas.
 
Exposição sobre Maria Lamas, Torres Vedras 2015.

Num testemunho, a escritora Maria Teresa Horta recorda-a como uma mulher igual às outras da sua época e do seu meio socio-económico: “Elegantíssima, bem vestida, muito bonita, com um toque de classe, com o seu colar de pérolas” […] “Ao começar a falar é que ficava diferente”.

Maria Lamas morreu aos 90 anos, em Lisboa a 6 de dezembro de 1983. 
Por Edital de 28/02/1984 o seu nome foi dado uma entre o Bairro das Pedralvas e a Urbanização da Quinta de Nossa Senhora do Cabo.



debategraph.org


EXCERTOS DA TENEBROSA PIDE  - Com a Guerra Civil Espanhola, e depois de um atentado contra Salazar por militantes anarquistas, aumenta a repressão, em especial contra o Partido Comunista Português. A PVDE, recebeu instrutores alemães e italianos, que tentaram adaptá-la à estrutura e os métodos da Gestapo.

DIAS COELHO MILITANTE DO PARTIDO COMUNISTA PORTUGUES, ASSASSINADO PELA PIDE






CAÇA AO PIDE EM ABRIL DE 1974


RUA ANTÓNIO MARIA CARDOSO LISBOA - SEDE DA PIDE/DGS


A Polícia Política - Segundo a História de Portugal de A. H. de Oliveira Marques
A polícia política, cujas origens remontam  a 1926, foi reorganizada na década de 1930. Primeiro chamada Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (P. V. D. E.), passou a ser conhecida por Polícia Internacional e de Defesa do Estado (P. I. D. E.) a partir de 1945, data em que viu as suas atribuições consideravelmente ampliadas. Na época Marcelista foi a D.G.S - Direcção Geral de Segurança.
A Polícia Secreta portuguesa alcançou, sob regime de Salazar, em todas as esferas da vida nacional, tais limites de poder e penetração que desafiaram a autoridade do próprio Estado - incluindo a das Forças Armadas - e a converteram gradualmente num estado dentro dele.
Da mesma forma que a lnquisição, teve de justificar a sua própria existência e os seus amplos poderes pela «invenção» ou o exagero de ameaças à segurança do regime e pela «fabricação» de comunistas e de outros  perigosos opositores ao Estado Novo.

Movimento quer roteiro da ditadura de Salazar


Fernando Madaíl

Vocês podem imaginar isto tudo, amigos?” A interrogação da ex-presa Maria Fernanda Leitão foi publicada na revista Notícia, a 25 de Maio de 1974, sendo reproduzida no livro PIDE – A História da Repressão (coordenação de Alexandre Manuel, Rogério Carapinha e Dias Neves).
Sem a fama de Cunhal ou Soares, Jaime Cortesão ou Torga, Emídio Santana ou Palma Inácio, descrevia a repressão fascista. “O que era, em prisões destas, ser torturado, espancado, apodrecer nos curros, adoecer, tuberculizar, ter cancro, ter dores, vomitar, ter período menstrual, não tomar banho, tremer de frio, passar fome? Ninguém pode imaginar. Só vendo.”
“Vocês poderão imaginar, amigos”, prosseguia, “o que eram os interrogatórios, os insultos, a vida inteira devassada, avacalhada, o silêncio das noites, o isolamento, os anos passados, as cartas abertas, os parlatórios com microfones minúsculos debaixo dos mosaicos das paredes, as visitas com guardas ao lado? Ninguém pode imaginar. Só tendo passado por isto.”
Manuela Cruzeiro, na apresentação do livro Silêncio – Prisões Políticas Portuguesas, do fotógrafo Pedro Medeiros, invoca o título provocatório de Eduardo Lourenço, O Fascismo Nunca Existiu (1976). A investigadora do Centro de Documentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra escreveu antes de surgir o movimento Não Apaguem a Memória!, uma vez que a missão fotográfica de reconstituir o universo concentracionário e repressivo do Estado Novo decorreu entre 1999 e 2005 e os autores da petição ao Parlamento só se organizaram em Dezembro de 2005.
O roteiro essencial do fascismo português que este movimento cívico, sem direcção formal, pretende que seja criado passa por locais emblemáticos da brutalidade da polícia política, nomeadamente a sede central da PIDE/DGS em Lisboa, as cadeias do Aljube, Caxias e Peniche, o Tribunal Plenário. Mas um dos ícones do que Salazar designava por uns “safanões a tempo” – da tortura do sono e da estátua (o comunista Francisco Miguel esteve 51 dias de pé) até à morte -, o mais temível de todos, que era o campo de concentração do Tarrafal, não está em território português.
Edmundo Pedro, um dos cinco sobreviventes que estrearam o “campo da morte lenta”, onde estiveram desde o treinador de futebol Cândido de Oliveira ao escritor Luandino Vieira, lembra que o Tarrafal integra simultaneamente a memória do combate contra o nazi-fascismo (inaugurado em 1936, era cópia dos campos hitlerianos) e da luta anticolonial: encerrado em 1954, seria reaberto para os presos dos movimentos de libertação.
E, no entanto, o projecto também deve servir para enaltecer os “semeadores de liberdade”, como definiu os lutadores contra a ditadura o ministro Santos Silva. Afinal, só as fugas mais rocambolescas davam filmes: Nuno Cruz e outros reviralhistas foram brutalmente espancados por cúmplices que se fizeram passar por polícias que os iriam transferir de cadeia; José Magro e outros comunistas saíram de Caxias no carro blindado de Salazar; Palma Inácio serrou as grades da prisão da PIDE no Porto com limas que guardava nos frascos do chocolate e do leite em pó. Vocês podem imaginar?
(http://dn.sapo.pt/2006/08/20/tema/movimento_quer_roteiro_ditadura_sala.html)

Quantas foram as vítimas da PIDE?

Fernando Madaíl

Desde o tempo em que Raul Proença editou um panfleto a denunciar a ditadura, logo em Dezembro de 1926, até Palma Inácio sair de Caxias de braços abertos a saudar a liberdade reconquistada em Abril de 1974, houve “não se sabe quantos” presos políticos durante o fascismo.
Um dos grupos de trabalho do movimento Não Apaguem a Memória! vai dedicar-se a fazer um levantamento, na Torre do Tombo, de todas as vítimas da ditadura militar e dos governos chefiados por Salazar e Marcelo Caetano.
Ao longo de 48 anos, passaram pelos calabouços do regime antigos ministros e militares do reviralho, anarquistas e comunistas, operários e camponeses, intelectuais de renome e funcionários públicos, maçons e sacerdotes, velhos republicanos e monárquicos anti-salazaristas, comunistas fiéis a Moscovo ou cisionistas pró-Pequim, africanos anticolonialistas e estudantes universitários, todas as correntes de opinião.
Na sede da PIDE/DGS, na António Maria Cardoso – nome da rua lisboeta que, a exemplo do que sucedia com a portuense Rua do Heroísmo, só de se pronunciar metia medo -, foi encontrado quase um milhão de nomes nos ficheiros, embora fossem incomparavelmente menos aqueles que tinham direito a fichas idênticas às que se publicam no topo destas páginas (de Álvaro Cunhal, Mário Soares, Palma Inácio, Dias Lourenço, Pires Jorge e Jaime Serra).
A designação PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado) só foi usada entre 1945 e 1969, mas os métodos dos agentes de Agostinho Lourenço e de Silva Pais tornaram a sigla terrível. Antes, chamou-se Polícia Especial, Polícia de Informação Pública, Polícia de Defesa Política e Social, Polícia de Vigilância e Defesa do Estado. Depois da “Primavera Marcelista”, Direcção-Geral de Segurança (DGS).
SEDE DA PIDE NO PORTO




CARTEIRA DE FÓSFOROS USADA EXCLUSIVAMENTE PELA PIDE


SILVA PAIS CHEFE DA PIDE/DGS










DIRIGENTES COMUNISTAS PRESOS PELA PIDE


ALVARO CUNHAL PRISIONEIRO DA TENEBROSA PIDE
PRISÃO DE PIDE EM ABRIL DE 1974



As origens da PIDE


As origens da PIDE começaram em 1933, ano da criação oficial do Estado Novo.  É criada a Polícia de Vvigilância e de Defesa do Estado  (PVDE), com duas secções principais:

Secção Defesa e da Política Social, a fim de reprimir a oposição política actividades, impor censura, etc
Secção internacional, utilizadas para controlar a imigração, a deportação e os serviços secretos e de inteligência.

Em 1936  a PVDE criou o presídio do  Tarrafal em Cabo Verde, sob o seu controlo directo, como um destino para os presos políticos, que o regime considerava mais perigosos. Durante 40 anos de ditadura, 32 pessoas morreram no Tarrafal, devido aos rigorosos regimes de internamento.

Com a Guerra Civil Espanhola, e depois de um atentado contra Salazar por militantes anarquistas, aumenta a repressão, em especial contra o Partido Comunista Português. A PVDE, recebeu instrutores alemães e italianos, que tentaram adaptá-la à estrutura e os métodos da Gestapo.

Durante a Segunda Guerra Mundial, Portugal tornou-se um país de espiões, local de exílio para importantes personalidades estrangeiras, e aumentou a cooperação entre a PVDE e Gestapo.
De PVDE a PIDE Em 1945, a PVDE, que tinha sido criada e instruída pelo modelo GESTAPO nazista, muito BRUTA e pouco TÉCNICA, é dissolvida e substituída pela PIDE, que modifica o seu estilo e orientação profissional pelo modelo Scotland Yard. Mais TÉCNICA e menos BRUTALIDADE ! Torna-se uma secção da Polícia Judiciária , e continua a manter o seu estatuto de aparelho de repressão do regime de Salazar.



Como a PVDE, foi dividida em duas secções principais:


Funções administrativas (incluindo os serviços de imigração)
Características penal (aplicação da lei ea segurança do Estado)

PIDE é considerada por muitos analistas como um dos serviços secretos mais eficaz e funcionais da  História.  Com células secretas em todo o território Português, conseguiu infiltrar-se em  todos os movimentos da oposição, como o Partido Comunista ou movimentos independência em Angola e Moçambique. Tinha também parceria, com centenas de civis, chamados "bufos", que actuaram como espiões entre a população. Isso deu-lhe a possibilidade de controlar todos os  aspectos da vida quotidiana em Portugal. Como resultado, milhares de portugueses foram presos e muitos torturados nas prisões da PIDE.

Desde a guerra nas colónias da África, a PIDE intensificou a sua actividade, principalmente no Ultramar. Depois do 25 de Abril de 974, foi criada uma comissão para dissolução da PIDE, e toda a sua documentação arquivada no Arquivo Nacional da Torre do Tombo. As suas páginas podem ser visualizadas, excepto o acesso aos nomes dos seus agentes e altos cargo directivos.



As Vítimas da PIDE



Foi responsável por alguns crimes sangrentos, como o assassinato do militante do Partido Comunista Português (PCPJosé Dias Coelho e do General Humberto Delgado. Este último foi atraído para uma emboscada, só possível pela introdução de informadores nas organizações que o general liderava ou na sua teia mais íntima de relações pessoais, ultrapassando mesmo as fronteiras nacionais (não só o crime foi cometido em território espanhol como os informadores se encontravam instalados no Brasil, na França e na Itália).
As principais vítimas da PVDE - PIDE foram sempre os comunistas ou seus simpatizantes, cujos mártires ultrapassaram, de longe, quaisquer outros oposicionistas. Parece também averiguado que os elementos das classes «inferiores» recebiam em geral pior tratamento do que os das classes média e superior. 
Seria, no entanto, errado, considerar a polícia Secreta como um organismo de classe visando reprimir apenas actividades de outra classe. Todas as correntes de opinião, incluindo os Católicos e os Integralistas e representantes de todas as classes e grupos sociais contaram inúmeras vítimas das perseguições policiais.
Num país pequeno como Portugal, altamente centralizado, as pressões políticas iam também afectar muitas profissões «independentes», para lá do funcionalismo público, como frequentemente se verificou. Por vezes, ao perseguir-se alguém, omitiam-se cuidadosamente os motivos políticos reais, invocando-se, antes, razões de ordem profissional ou moral. 
Também se verificaram pressões sobre empresas ou sobre particulares para demitirem ou para recusarem admissão a indivíduos politicamente suspeitos ou de menos confiança. Pôde assim ser estabelecido todo um clima geral de dependência do Estado e dos seus objectivos políticos

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