VÍDEOS
Música e cantora tunisiana. Nasceu em Cartago, núcleo histórico e atual subúrbio de Túnis. Junto com outras instrumentistas ou intérpretes magrebinas, famosas por apresentações em festivais, cerimônias religiosas e casamentos, como Habiba Messika. Em sua trajetória artística Amina mistura os géneros tradicionais da música tradicional árabe com as tradições berberes e oeste-africanas, bem como com influências retiradas da música negra ocidental e o rock and roll.
Filha de um casamento inter-racial, de pai francês e mãe tunisiana, herdou da família materna o gosto e o talento musical, e sua preferência por canções entoadas ao estilo tunisiano-andalus. Através dos tios, conheceu o então popular músico senegalês Wasis Diop, e em 1975 foi com a mãe para Paris para trabalhar com ele. Alguns anos mais tarde, organizou o seu próprio grupo musical (1978), seguindo carreira solo, enquanto trabalhava na Radio Nova, uma importante emissora francesa (1982).
Seu primeiro álbum gravado, Yalil (Noite), incluía canções como Belly dance, onde ela fundia gêneros e estilos e criava uma forma musical chamada de etno-tecno. Várias obras desse álbum alcançaram sucesso e lhe renderam reconhecimento. Outro álbum, Yalil, foi lançado em mais de vinte países, e lhe garantiu o prêmio Le prix Piaf de melhor cantora na França, em 1991. Neste mesmo ano, juntou-se a músicos internacionais para protestar contra a primeira invasão americana do Iraque e representou a França no Eurovision Song Contest, ocorrido em Roma. Em 1994 voltou a gravar em uma obra coletiva, e obteve grande sucesso com a canção Yanari, cuja livre tradução é “A vida é difícil”, e a letra faz referência às duras condições de vida dos(as) imigrantes.
Paralelamente ao sucesso como artista, dedicou-se a causas filantrópicas, abraçando a causa de crianças pobres e a assistência hospitalar gratuita na França. Realizou uma grande turnê nos Estados Unidos (2001) e também atuou eventualmente como atriz em treze filmes, entre os quais O céu que nos protege, de Bernardo Bertolucci (1990), e em Dreams of Trespass (Sonhos de transgressão) (2002), baseado no livro da conhecida feminista norte-africana Fatima Mernissi.
Amina Annabi participou em causas filantrópicas, mais notavelmente um concerto para arrecadação de fundos, realizado em 2000, para a caridade francesa chamada “The Chain of Hope”, que traz crianças pobres de países do Terceiro Mundo em necessidade de tratamento hospitalar para assistência médica gratuita na França.
Em muitas canções, a cantora inverte as representações orientalistas estereotipadas da mulher sensível e depravada, parodiando-as e sublinhando os elementos racistas subjacentes ou explícitos. Junto com outros artistas magrebinos, como Raï e Khaled, ela conseguiu ir além do gueto cultural e político pós-colonial experimentado pelos imigrantes africanos na Europa.
BIBLIOGRAFIA
ABBASSI, Hamadi. Tunis chante et danse. Tunis: Alif, 2000.
ANNABI, Amina. Lirrili: https://www.youtube.com/watch?v=h53rU9NZLHA
CLANCY-SMITH, Julia A.. “Amina Annabi”. In: AKYEAMPONG, Emmanuel K.; GATES JR., Henry Louis (dir). Dictionary of African Biography. Oxford University Press, 2012, v. 1, p. 234-235.
PANEA FERNANDEZ, José Luis. Correspondencias “en nombre de” la canción: vecindad, extranjería y aprobación. Artes y Políticas de Identidad, v. 18, p. 87-108, 2018: https://digitum.um.es/digitum/bitstream/10201/60050/1/336021-1144711-1-SM.pdf
www.ufrgs.br
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