As irresponsabilidades do governo em relação à EDP não podem ser desligadas de um ciclo de privatizações cada vez mais danoso para a autoridade de um Estado democrático: as raízes da grande corrupção estão aqui.
Este velho Estado criou e geriu com sucesso esta e outras empresas, dos CTT à ANA, até ter decidido, por pressão interna e externa, privatizá-las, transformando-as em governos privados controlados por estrangeiros ou por gente que se comporta como se não fosse deste país, desligados de qualquer projecto para o povo que aqui vive. Esta lógica contamina por sua vez o poder público dominante, apesar de haver quem resista.
Os neoliberais que andam por aí na comunicação social a suspirar por Passos Coelho não têm qualquer autoridade ético-política neste e noutros casos, até porque fingem que a propriedade não conta para a autoridade do Estado.
Hoje, temos todos a obrigação de saber que a propriedade pública de sectores estratégicos é parte das fundações materiais de um Estado capaz, incluindo do ponto de vista fiscal, particularmente nesta periferia.
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