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sábado, 19 de dezembro de 2020

NAU PORTUGAL

 



A ideia da nau “Portugal”, lançada à água em 7 de Junho de 1940partiu do, dramaturgo, cenógrafo,  e jornalista Leitão de Barros, que foi o Secretário-Geral da Exposição do Mundo Português de 1940 . Foi também  responsável pela organização da primeira  ‘’Feira Popular de Lisboa’’ inaugurada em 10 de Junho de 1943, director da “Sociedade Nacional de Belas-Artes” e foi o principal animador da construção dos estúdios da Tobis Portuguesa”, concluídos em 1933. Recordo, que foi Leitão de Barros quem realizou o filme  “A Severa ” (1931), o primeiro fono-filme português.

A nau “Portugal” foi construída nos estaleiros de Mestre Manuel Maria Bolais Mónica, na Gafanha da Nazaré, perto de Aveiro, segundo projecto elaborado por Quirino da Fonseca um oficial da Armada, com base num estudo profundo em desenhos antigos, para fazer parte integrante da “Exposição do Mundo Português de 1940”.

As suas principais dimensões e características eram as seguintes:

Comprimento: 42,2m;
Boca máxima na linha de água, carregada 11,4m;
Pontal contado do fundo da querena recta ao vaus do pavimento superior 7,5m;
Calados: avante 3,12m, à ré 4,52m;
Mastros 3;
Canhões 48

     

A nau “Portugal”, depois de pronta, seria lançada à água, a 7 de Junho de 1940, com milhares de pessoas assistindo ao "bota-a-baixo", mas quase com a certeza que iria virar, como infelizmente sucedeu, perante a tristeza daquela enorme multidão, que não escondia as lágrimas. Tombou tal como Mestre Manuel Maria pensara. Sempre pusera em dúvida que ao entrar na água se pudesse estabilizar. Sempre o disse desde o princípio que o projecto não lhe oferecia a garantia necessária para a sua navegabilidade.

 

 

E tanta certeza tinha no que dizia que impediu que o Bispo de Aveiro, D. João Evangelista de Lima Vidal, que a benzeu e visitou interiormente, se mantivesse na Nau durante a sua descida pela carreira da água … pelos vistos ainda bem, senão … pelo menos de um banho não se livrava.

Excerto de artigo na publicação do “Arquivo do Distrito de Aveiro” acerca da nau “Portugal”

Nau Portugal.6

Interior da nau “Portugal”

No interior da Nau, em ambiente da época, figuraram a "Exposição do Ouro", sob auspício do "Banco de Portugal", com espécimes numismáticos dos anos setecentos; mostruários do "Instituto do Vinho do Porto", da "Companhia dos Diamantes", da "Companhia Colonial de Navegação", etc. Na coberta principal, a "Ala dos Mercadores"; no castelo da proa, o restaurante; nos porões, as adegas de vinhos regionais. No terceiro pavimento a "Casa da Capitania".

«A nau, navegável mesmo para rotas oceânicas, tem local para motores e é artilhada com 48 peças fundidas, sob os modelos autênticos, na "Fábrica de Material de Guerra de Braço de Prata”. Talhas de mestre Abrahão de carvalho.» in Revista dos Centenários.

         Representação da Comissão dos Vinhos Verdes              Sala da “CNN - Companhia Colonial de Navegação”

     

      Arca do ouro na câmara do Comandante                                                  Sala de refeições

 

                Anúncio em 28 de Setembro de 1940                                     

Anúncio em 13 de Outubro de 1940

  

Chegou a estar presente na referida “Exposição do Mundo Português de 1940”. Mas, para lá chegar, tiveram que ser utilizados métodos pouco próprios e ortodoxos. Para a sua navegação, iniciada em Aveiro no dia 11 de Agosto de 1940… «Ás dezoito horas e dez minutos largou para Lisboa esta original esquadra assim formada: o "Cabo Espichel" rebocava a nau, que tinha à pôpa, qual leme auxiliar, a draga, e o "Cabo da Roca" rebocava a cábrea.»

Chegada da nau “Portugal” à doca de Belém em Lisboa

 

A nau “Portugal”, viria a ter um fim diferente daquele para que fora concebida, - exposição dos nossos melhores produtos, viajando pelos diversos países, em especial para o Brasil  - pois acabou os dias como simples barcaça de seu nome: “Nazaré”, após o ciclone de 16 de Fevereiro de 1941 que a destruiucomo se pode ver na foto seguinte …

Depois de  vendida à “CNN-Companhia Colonial de Navegação” que a converteu em 1942 no batelão costeiro “Nazaré” para transportes ao longo da costa continental tendo aparentemente a sua reconstrução sido entregue ao seu construtor naval inicial Manuel Maria Bolais Mónica, da Gafanha da Nazaré.

Barcaça “Nazaré”

Passados cerca de dez anos, em 1952,  a barcaça “Nazaré” foi novamente vendida e desmantelada em Xabregas.

Mais tarde, em 20 de Novembro de 1960, nos mesmos estaleiros de Mestre Manuel Maria Bolais Mónica, foi lançada à água a “Nau S. Vicente”, projectada pelo engenheiro naval Júlio David Ferreira e construída durante o período compreendido entre 1955 e 1960. A “Nau S. Vicente” foi considerada a maior embarcação de madeira do mundo, com 65 metros de comprimento e deslocando 3.000 toneladas. Estava equipada com um motor de 840 cv.

Fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa,  Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian, Navegar é PrecisoFernando de Morais Sarmento


restosdecoleccao.blogspot.com 

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