O candidato presidencial apoiado pelo PCP, João Ferreira, defendeu hoje em Setúbal que o Presidente da República tem de levar a sério o juramento que faz sobre os princípios inscritos na Constituição, de valorização dos trabalhadores e do trabalho.
Aquele que jura defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição, tem, do meu ponto de vista, de ter uma outra atenção, uma outra sensibilidade e uma outra intervenção em torno destas questões, tem de levar a sério o juramento que faz e contribuir de facto para que aquilo que são princípios inscritos na Constituição, de valorização dos trabalhadores e valorização do trabalho, sejam uma realidade efetiva, vivida, na vida de todos”, disse João Ferreira.
O candidato presidencial do PCP, que falava à agência Lusa no final de uma ação de pré-campanha em que contactou com trabalhadores dos estaleiros da Lisnave e visitou o Convento de Jesus e o Museu do Trabalho, em Setúbal, fez esta afirmação após uma reunião informal com dirigentes sindicais, que lhe entregaram um documento sobre os problemas laborais e sociais no distrito.
Nós temos uma Constituição que defende o direito ao trabalho, o direito ao trabalho com direitos, o direito dos trabalhadores à estabilidade, o direito a poderem compatibilizar a vida profissional com a vida familiar, o direito a uma valorização dos seus salários. Tudo isto são princípios inscritos nas páginas da Constituição, mas não são uma realidade vivida por estes trabalhadores no seu dia-a-dia”, lembrou João Ferreira.
Segundo o candidato presidencial do PCP, o documento que lhe foi entregue pela União de Sindicatos de Setúbal (USS) retrata a situação social do distrito, “muito marcada pelos impactos económicos e sociais da pandemia”, e apresenta uma “descrição de várias situações de despedimentos, de trabalho precário, inclusivamente no setor da saúde”.
Esteve aqui uma representante do Sindicato dos Enfermeiros que deu conta, precisamente, desta dimensão que atinge, aqui no distrito, a precariedade, numa área tão sensível quanto é hoje a da saúde.
E mesmo com o reforço [do Serviço Nacional de Saúde], que foi garantido já durante a pandemia, os trabalhadores, neste caso muitos enfermeiros, estão na iminência de não continuar, não vão continuar para o ano que vem”, disse.
Depois há todas as situações relacionadas com empresas que receberam apoios e que, não obstante, despediram trabalhadores, algumas recorrendo ao lay-off, mas não deixando de distribuir dividendos aos seus acionistas”, sublinhou.
Para João Ferreira, o documento da USS vem confirmar aquilo que já se sabia, que os apoios que foram mobilizados para fazer face aos impactos económicos e sociais da pandemia, “acabaram por aproveitar a grandes empresas, nuns casos a grandes grupos económicos, e não tanto para defender os rendimentos das famílias, os rendimentos dos trabalhadores”, que considerou serem “essenciais para sustentar o próprio mercado interno”.
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