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quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Condenado a prisão perpétua aos 16 anos, Myon Burrell saiu em liberdade. E já pôde ver a lua


 


expresso.pt


Condenado a prisão perpétua há quase duas décadas - era adolescente - por alegadamente ter sido responsável pela morte de uma jovem com uma bala perdida, Myon Burrell viu esta terça-feira a sentença comutada. A decisão foi saudada por familiares e apoiantes, depois de o caso ter levantado questões sobre a integridade do sistema de justiça criminal norte-americano.

No início deste ano, a Associated Press e a APM Reports descobriram novas provas e indícios de sérias falhas na investigação policial, o que levou à criação de um painel jurídico nacional independente para a reapreciação do caso. As dúvidas foram confirmadas pelo grupo de trabalho, que na semana passada se pronunciou, nomeadamente acusando a polícia de se ter focado na visão exclusiva de Burrell, um jovem negro, como suspeito. O painel também considerou não haver razão para o manter Burrell preso, invocando a sua idade na época do crime (16 anos) e o seu bom comportamento enquanto recluso.

Ainda que o pedido de perdão de Burrell tenha sido negado, este passo atrás na sentença de prisão perpétua é uma decisão histórica no Minnesota, visto ser a primeira vez em pelo menos 22 anos que é comutada uma pena num caso de assassinato, sublinha a AP.

Burrell regressou a casa esta terça-feira, restando-lhe cumprir dois anos em liberdade condicional. Ao sair da prisão de Stillwater, onde dezenas o aguardavam em clima de festa, não escondeu a satisfação. “É uma bênção”, diria mais tarde, na rua, junto à sua casa, onde fez questão de permanecer por um bocado (apesar do frio), para olhar para a lua e para as estrelas.

Condenado sem provas concretas

Tyesha Edwards, de 11 anos, morreu em 2002, ao ser atingida no coração enquanto fazia os trabalhos da escola na mesa da sala de jantar, ao lado da irmã mais nova. Myon Burrell reclamou sempre ser inocente, mas a senadora que então chefiava o gabinete do procurador do condado, usou ao longo dos anos a condenação do jovem como um exemplo das suas políticas duras contra o crime.

Amy Klobuchar acabou no entanto por concordar com a revisão do caso e divulgou um comunicado na terça-feira para dizer que o conselho tomou a decisão certa.

A investigação que envolveu a AP mostrou que não existiam provas concretas contra o suspeito. Nenhuma arma, recolha de ADN ou impressões digitais que ligassem Burrell ao tiro disparado. Entre outras coisas, a polícia não juntou ao processo o vídeo de vigilância de uma loja, que Burrell insistiu poder mostrar que não estava no local. Para fundamentar a acusação, os agentes confiaram na única testemunha ocular, que apresentou diferentes relatos, e em informantes da prisão, que beneficiaram de reduções nas penas para depor. Um deles viu a sentença de prisão de 16 anos ser reduzida para três. Isto apesar de os co-réus de Burrell terem dito que o adolescente não estava naquele local no dia do crime. Um deles, Isaiah Tyson, admitiu mesmo ter sido ele o atirador.

Ouvido por videoconferência a partir da prisão de Stillwater, Myon Burrell ficou emocionado quando o conselho votou. Confessou que não sabia o que estava a acontecer quando foi condenado e explicou que se converteu ao islamismo, tendo-se tornado um líder religioso enquanto estava atrás das grades. “Tentei tirar o melhor proveito da minha situação”, disse.

Também fez questão de lembrar os familiares da menina que morreu: “O meu coração está com eles”.

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