Quando conseguirmos vencer esta pandemia estaremos confrontados com uma dramática situação económica e social.
Estaremos confrontados com níveis elevadíssimos de desemprego. Com uma recessão económica gravíssima. Com maior fragilização da situação dos trabalhadores. Com a ruína de milhares de micro, pequenas e médias empresas. Com perdas incomensuráveis em setores de atividade que têm sido âncoras da economia nacional. Com o aumento da pobreza e das desigualdades.
Portugal não pode esquecer as importantes lições que se retiram da atual situação e que não podem ser ignoradas no futuro: a importância do papel dos trabalhadores e a centralidade do trabalho na sociedade; o papel dos serviços públicos; a importância da produção nacional e de ter os sectores estratégicos nas mãos do País.
Portugal precisa de produzir cá o que nos impõem que compremos lá fora. Precisa de modernizar e diversificar as atividades económicas. Precisa de recuperar para o País o que nunca devia ter sido privatizado em vez de injetar dinheiros públicos para promover novas e ruinosas privatizações. Precisa de acelerar o investimento. Precisa de adquirir os equipamentos de que o País carece, de construir infraestruturas, de assegurar serviços públicos essenciais.Não haverá retoma económica nenhuma se não for defendido o tecido económico nacional, composto maioritariamente por micro, pequenas e médias empresas. Se não forem valorizados os salários e as pensões, e se não houver uma justa remuneração do trabalho e das atividades produtivas do nosso povo.Temos a maior zona económica exclusiva da União Europeia, mas o saldo na balança comercial de pescado é negativo em mais de mil milhões de euros. O trigo que produzimos dá apenas para os primeiros 12 dias do ano e o milho para 4 meses.
Vemos entrar no País mais de cem mil toneladas de arroz. Importamos mais de 180 milhões de euros em carne. Comemos mais de 300 mil toneladas de batata francesa ou espanhola. Compramos mais de 50 mil toneladas de queijo e de 75 mil toneladas de leite no estrangeiro e estão a pagar para que produzamos menos.
Basta entrar num grande supermercado para ver a laranja de Espanha, o borrego da Nova Zelândia, a batata-doce dos EUA, as uvas do Chile.
A produção nacional é necessária para defender a soberania. E a soberania é necessária para garantir e promover a produção nacional.
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