Guilherme Antunes in facebook
«(...) NÃO PODEMOS IGNORAR»
Vemos energúmenos mal-cheirosos e violentos que trocam pancadaria com outros do mesmo género num estádio de futebol; pois, logo um senhor vem garantir que “isto” não é representativo da maioria. E o fenómeno vai repetir-se com tranquilidade lusitana.
Polícias são apanhados com a mão no caldo-verde; logo um outro senhor nos acalma, que "isto" é um acto isolado e não visa, jamais, todo o colectivo policial. Os casos, porém, repetem-se quase diariamente.
GNRs são presos como tordos, por gamanço, por tráfico de droga, o que for…; logo nos sai ao caminho um chefão a garantir ao povo que “isto” não é representativo da força que vela pela segurança dos cidadãos. Que são actos isolados, dizem eles; apesar de plurais, dizemos nós.
Ministros são apanhados a corromperem-se e a corromperem outros; logo aparece, fresquinho, o 1º ministro de escala, a honrar a sua palavra de que “isto” é um acto isolado e que não se pode confundir com toda a classe(?) política. Respondo…?
Administradores (chamados “ciôus” ao ladrar) engalanados de condecorações presidenciais por serviços prestados à pátria, estão envolvidos em centenas de milhões de euros que roubaram das empresas capitalistas que geriam em benefício próprio; pois, de imediato, nos garantem os arautos da decência e honradez burguesa, que não podemos confundir a nuvem com Juno, etc, etc. Por certo ouviremos Paulo Portas ou José Miguel Júdice, pináculos medievalistas do cavalheirismo, virem perorar sobre as vantagens imaculadas da tradição.
Este é o Portugal objectivo que deixámos que a burguesia apanascada, fraldisqueira e sem porte, implantasse em Portugal, através do P”S”, do PSD e do CDS. A memória é uma coisa frágil que o patronato usa e abusa para intensificar o cambalacho exibido sempre com roupa caríssima, de marca italiana ou inglesa se for Inverno.
O disco imbecil, mas eficaz, de que «não podemos generalizar», de que são «minorias estanques e totalmente identificadas», é uma menoridade intelectual, um dejecto cívico, uma aberração ética, que ajuda a caracterizar este pobre povo manobrado ao norte de África como tendo orelhas de burro, e cérebros de gnu.
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