Obrigatório estarmos atentos e vigilantes.
A ler.
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A extrema-direita está cada vez mais arrojada nas redes sociais, numa tentativa de espalhar medo e criar um clima de perseguição permanente. Há militantes seus a criar páginas dedicadas a identificar e denunciar pessoas associadas à esquerda. É mais um sinal de acompanhamento das tendências da extrema-direita vistas noutros países.
No início deste mês, foi criada no Facebook uma página chamada Piratas do Regime. O seu objectivo? Denunciar o marxismo cultural na sociedade portuguesa. Fotografias com os rostos de académicos, jornalistas e dirigentes de organizações de apoio a refugiados são acompanhados por pequenos textos em que se explica as razões de serem inimigos da pátria e ideólogos do anti-racismo na sociedade, principalmente no meio académico. Os alvos foram sobretudo académicos da Universidade de Coimbra, mas também houve do ISCTE-IUL, do Politécnico de Setúbal e da Universidade Nova de Lisboa.
As suas publicações, muitas das vezes com dezenas de partilhas, circularam em grupos da extrema-direita portuguesa e algumas tiveram centenas de 'gostos'. É como se as publicações fossem uma lista pública de alvos, algo comum entre a extrema-direita, olhe-se para a Alemanha, por exemplo. É intolerável em democracia.
Contrariando o "sucesso" que a página estava a ter, os administradores anunciaram que iria, "por agora", ficar adormecida, sem dar mais explicações. Mas, poucos dias depois, foi criada uma outra ferramenta com o mesmo objectivo, desta vez no Twitter.
Chama-se PIDE e na sua apresentação declara que tem o dever de "expor aqueles que estão activos em processos destinados a prejudicar os portugueses e os seus aliados europeus", para "ajudar na segurança do povo português e da sua nação".
Ao contrário dos Piratas do Regimes, esta nova página anónima parece agir de forma descentralizada, apelando aos seus seguidores para enviarem todo o material que puderem (fotos, textos, perfis, etc) sobre quem considerem uma ameaça para Portugal. E já se sabe o que querem dizer com isso.
A PIDE diz ter uma "cooperação com a Legião Portuguesa", não se sabendo se é humor, dado que as suas publicações têm essa característica, ou se é uma referência à organização criada depois de uma cisão da Nova Ordem Social de Mário Machado. Inclino-me para a primeira hipótese, mas não afasto a segunda. A conta não revelou até agora as identidades de pessoas associadas à esquerda, optando por denunciar os Antifa portugueses e as suas ligações ao Curdistão.
Na primeira vez que o vi, o Twitter da PIDE ainda tinha poucos seguidores (menos de 100) e não seguia ninguém. Até ao momento, os seus seguidores, entre os quais a Frente Nacional Portuguesa, usam contas com nomes a gozar e claramente associados à extrema-direita. Mas o número de contas "reais" está a aumentar, e sempre de pessoas associadas à fachoesfera.
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