Uma reportagem da agência Lusa esteve hoje dos dois lados da fronteira e pôde constatar desde cedo que o levantamento do controlo policial começou logo a ser aproveitado por espanhóis e portugueses para visitarem as localidades próximas do outro lado do rio Guadiana, embora com pouca intensidade ainda.
Às 00:00, as forças policiais e aduaneiras portuguesas e espanholas levantaram os postos de controlo que, durante o período de confinamento devido à pandemia, estiveram instalados junto à ponte para permitir apenas a passagem de transportes de mercadorias, cidadãos nacionais ou trabalhadores transfronteiriços.
Do lado espanhol, em Ayamonte, eram já visíveis hoje de manhã dezenas de veículos portugueses junto às bombas de gasolina mais próximas da fronteira para beneficiarem dos preços mais baixos de combustíveis e voltarem a abastecer os seus veículos em Espanha.
“Vim logo encher o depósito, estes meses com a fronteira fechada gastámos muito mais a atestar os carros, mas finalmente podemos vir aqui pôr gasolina ou fazer uma comprinhas no supermercado”, disse Carlos Costa à Lusa junto a uma das áreas de serviço em Ayamonte.
Luís Carlos também manifestou a sua satisfação por já poder visitar Espanha, após três meses com a fronteira encerrada e “sem poder ver amigos e conhecidos”.
“Nós vivemos aqui perto de Ayamonte e muitos temos relações pessoais deste lado, que, durante a pandemia, tiveram que se resumir a contactos telefónicos ou pelas redes sociais. Finalmente abriram a fronteira e temos que aproveitar”, afirmou Luís Freitas.
Questionado sobre se tem ou não receio da pandemia de uma eventual infeção pelo novo coronavírus, a mesma fonte respondeu que “o vírus está em todo o lado, temos que aprender a conviver com ele” enquanto não surgir uma vacina.
“Se todos cumprirmos as normas de distanciamento e de proteção que são aconselhadas pelas autoridades de saúde, não há problemas”, afirmou, frisando que “em Portugal também se pode ficar doente” com covid-19.
Junto à ponte internacional do Guadiana, nas máquinas de pagamento de portagens da A22 destinada a veículos estrangeiros, a circulação de automóveis espanhóis também começa a ser feita, a maioria apostada em fazer algumas comprar ou beneficiar das praias do Algarve.
“Vamos à praia na Praia Verde [Castro Marim]. Costumamos vir sempre à praia cá e já sentíamos falta de poder atravessar a ponte e visita os nossos amigos portugueses”, disse a espanhola Carla Cuervo, que entrava em Portugal acompanhada do namorado e de um amigo para passar o dia e regressar à noite a Huelva.
Ao contrário da sua compatriota, que disse querer regressar a casa no final do dia, Luísa Cuesta preferiu aproveitar para “vir visitar o Algarve” numa autocaravana com o marido.
“Estávamos à espera deste dia para a fronteira abrir e podermos vir de férias para o Algarve”, disse, explicando que a opção pela caravana foi tomada “para evitar contactos com outras pessoas e poder estar mais descansada” face um eventual contágio.
Esta espanhola também acredita, no entanto, que “se houver cuidado, não há problemas” e pode-se “começar a retomar a normalidade” após “três meses duros” devido à pandemia.
MHC // MCL
Lusa/fim
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