“Amiga: coragem hoje, abraços amanhã”
Na Rua António Maria Cardoso, perto do Chiado, situava-se a sede em Lisboa da PIDE, a polícia política do Estado Novo, da ditadura salazarista, que prendia suspeitos de serem opositores ao regime.
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A PIDE, mais tarde DGS, interrogava esse detidos, utilizando frequentemente a tortura para obter informações e confissões sobre atividades antifascistas dos grupos oposicionistas.
Parte deste texto foi lido nesta emissão de
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Panfletos: https://www.rtp.pt/play/p8339/e548585/panfletos
A Voz do Operário, fundada no último quartel do século XIX, decidiu a 30 de maio passado homenagear uma das muitas pessoas que foi presa e torturada na rua António Maria Cardoso pela PIDE – Maria da Conceição Rodrigues de Matos, operária que passou pela indústria corticeira e pela antiga CUF, militante do Partido Comunista Português e agora também sócia honorária daquela associação cultural e de beneficiência.
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Conceição Matos foi presa e torturada uma primeira vez em 1965, presa ao mesmo tempo que o marido, o dirigente comunista Domingos Abrantes, que iria cumprir uma segunda pena. Conceição, dessa vez, esteve na cadeia um ano e meio. Voltou a ser presa uma segunda vez em 1968, durante alguns meses, mas Domingos Abrantes ficou nessa altura nas cadeias do regime desde 1965 até 1973.
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Foi a Conceição Matos que José Afonso dedicou uma canção, intitulada “Na Rua António Maria”, onde ridiculariza com sarcasmo surreal os agentes da PIDE e a ditadura.
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O refrão, por exemplo, dirige-se diretamente a Conceição Matos e repete esta ideia:
Mas eles Conceição vão
lamber as botas
comer à mão
dum novo Pina Manique
com outra lábia
com outro tique
Numa entrevista ao site Abril Abril, Conceição Matos explica um episódio da sua segunda prisão: “Eu já tinha sido torturada, tinha sido presa. Já tinha sido bastante torturada. Depois fui mais, muito mais, e cheguei, muito fragilizada, a Caxias depois de vir da PIDE. Comecei a ouvir bater na parede. Estava sozinha, estive isolada dois meses e tal sem ter nada, sem lápis, sem caneta, sem relógio, nem sabia a quantas horas andava. Com uma unha fazia todos os dias um risco num armário que lá havia para saber há quantos dias estava ali. E até mesmo para contar quando é que voltaria para a PIDE. Estava sempre à espera que me fossem levar outra vez. E a essa altura começo a ouvir bater na parede. (Era um código) e eu só sabia que uma pancada correspondia a uma letra. (...) Consegui aprender como é que se fazia e (...) comecei a chamar. E eles conseguiram perceber que estava uma pessoa que queria entrar em contacto. E de modo que me perguntaram: “Quem és tu?”, e eu disse quem era, disse o nome. “Onde é que foste presa?”, e eu disse “No Montijo”. “Já foste à polícia?”, eu disse que sim. “Foste torturada?”, eu disse que sim. E depois disseram: “Amiga: coragem hoje, abraços amanhã”.»
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Em 2014, num espetáculo intitulado “Liberdade”, Sérgio Godinho cantou 16 canções. Todas são da sua autoria, menos uma: “Na Rua António Maria”, de José Afonso, que quando a cantou, como ouvimos, na “Maison de la Mutualité”, em Paris, a 10 de novembro de 1970, antecipava um abraço a Conceição Matos, um abraço dado bem antes do amanhã da Liberdade ter, finalmente, chegado.
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