Esta quinta-feira marca o 50º aniversário do massacre de estudantes mexicanos conhecido como Massacre da Quinta-feira de Corpus, que foi cometido pelo grupo paramilitar denominado Los Halcones.
Em 10 de junho de 1971 (dia da festa de Corpus Christi, que deu origem ao nome do massacre), milhares de escolares organizaram uma passeata na Cidade do México reivindicando a democratização da educação e um orçamento maior para o sector além de liberdade e abertura democrática no país.
No entanto, a concentração foi reprimida de forma sangrenta pelos Falcões, paramilitares que estavam ao serviço do Estado.
O saldo dessa tragédia foi cerca de 120 alunos assassinados. Ninguém foi levado à justiça, enquanto o então presidente do México, Luis Echeverría Álvarez, se distanciou dos acontecimentos.
Quem eram os falcões?
Eles eram um grupo de choque treinado pela extinta Diretoria de Segurança Federal (DFS), vinculada ao Ministério do Interior, e pela Agência Central de Inteligência (CIA) dos Estados Unidos (EUA).
Eles foram inicialmente negados pelas autoridades, porém, posteriormente, alguns funcionários aceitaram que eles existiam, mas não os envolveram na repressão estudantil.
O presidente Echeverría anunciou uma investigação sobre o massacre e afirmou que puniria os culpados. O então chefe da capital mexicana, Alfonso Martínez Domínguez, apresentou sua renúncia em 15 de junho do mesmo ano.
Segundo pesquisas de académicos e organizações civis, o coronel Manuel Díaz Escobar foi o líder e idealizador do grupo.
O militar era em 1971, subdiretor de Serviços Gerais do governo da capital, e era responsável por recrutar e treinar jovens de bairros marginalizados, além de militares da ativa ou desertores do Exército, segundo estudos.
Os falcões, usados para reprimir qualquer protesto ou movimento social, receberam um treinamento muito especial em artes marciais e autodefesa, explicou o historiador mexicano Jacinto Rodríguez Munguía à BBC.
A investigação "A 50 años del 68", elaborada por José Alfonso Rosas Sánchez, da Seção Acadêmica do Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Nacional Autónoma do México (STUNAM), coincide na localização do Coronel Manuel Díaz Escobar como chefe dos Falcões .
Esse estudo constatou que o DFS deteve um ex-falcão, "que possuía 50 carteiras de estudante supostamente retiradas por membros desse grupo paramilitar, duas cartas nas quais Díaz Escobar -seu ex-chefe- teria retransmitido as ordens de Martínez Domínguez".
A repressão sangrenta à manifestação de Corpus na quinta-feira desanimou muitos estudantes mexicanos, ainda recém-saídos do massacre de Tlatelolco em 1968, mas também levou à radicalização de outros, que mais tarde formaram organizações guerrilheiras.
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