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Rebekah Jones, cientista de dados despedida do Departamento de Saúde do Estado da Florida, viu a polícia entrar e revistar a sua casa depois de os computadores do departamento de saúde, na Florida, terem sido hackeados.
A cientista norte-americana de dados ficou sem emprego em maio, quando se recusou a manipular os números da covid-19, mas continua a publicar a própria contagem no seu site.
A casa de Rebekah foi revistada na segunda-feira, por volta das 8.30 horas, quando a policia americana se fez acompanhar de um mandado de busca e confiscou o telemóvel, o computador e os discos rígidos da cientista. Através de um vídeo divulgado na conta do Twitter, a especilista em análise de dados demonstra e descreve como tudo aconteceu. A polícia apresentou um mandado para levar os seus bens, apontando uma arma a si e à sua família. Os seus filhos, de dois e onze anos, e o marido estavam presentes no momento do incidente.
Jones acusou o governador republicano Ron DeSantis de estar envolvido, visto que se encontram em conflito desde o seu despedimento. "Foi o DeSantiso. Isto é o que acontece aos cientistas que querem fazer um trabalho honesto", escreveu na publicação. Porém, o porta-voz do governador, Fred Piccolo, realça que "o gabinete do governador não teve nenhum envolvimento, nenhum conhecimento sobre esta investigação".
As autoridades negam ter apontado armas e realçam que apenas agiram em resposta ao mandado, após um ataque informático nos computadores do departamento da Saúde, que enviou uma mensagem não autorizada através do sistema de alertas da proteção civil: "falem antes que mais 17 mil pessoas morram. Sabem que isto é errado. Não precisam de fazer parte disto. Sejam heróis. Falem antes que seja tarde demais", avança o jornal "Tampa Bay".
"O facto de alguém ter utilizado um sistema de alerta de emergência para o seu próprio propósito, seja ele qual for, é irresponsável e ilegal", afirma Jason Mahon, porta-voz do Departamento de Saúde da Florida e da Divisão de Gestão de Emergências da Florida.
A cientista afirmou que não é a autora da mensagem e que ficou impedida de aceder aos computadores do departamento, desde que perdeu o seu cargo. "Não sou pirata informática", assegura à CNN.
Rebekah Jones foi uma das pessoas responsáveis pela construção da base de dados online sobre a covid-19 na Florida, mas foi afastada após se recusar a censurar os números, de forma a diminuir a escala da pandemia. Reforça que a manipulação dos dados serviria para demonstrar que a reabertura do estado estava próxima, depois de se encontrar em confinamento.
Foi despedida no mesmo dia em que o governador decidiu reabrir praias, restaurantes, cinemas e outros espaços públicos que contribuíram para um novo aumento de casos.
Apesar de já não trabalhar no departamento continua a armazenar e a divulgar os próprios dados no seu site, que afirma serem mais detalhados que os oficiais. O estado norte-americano atingiu o recorde de 17 mil casos diários, no dia 27 de novembro, e conta no total com 20 mil mortes.
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