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quarta-feira, 2 de setembro de 2020

MEDO DE ABRIR A BOCA


Assuntos sobre os quais toda a gente tem medo de abrir a boca

Retirado daqui:
Lina Ferreira
e daqui:
Isabela Figueiredo
Os telejornais são agora todos Telecovid. Há seis meses que é assim, mesmo que se trate de um incêndio, um desabamento ou um acidente. Alguém aparecerá dizendo qualquer coisa "por causa do Covid". O Covid deu origem a um grande Carnaval de fanáticos da doença: os órgãos de comunicação social agudizam a situação. Já não vejo especialistas emitindo opinião. Foram excluídos. Não são lá precisos. Não dão jeito. A opinião é controlada. Nunca ouvi ou li na Imprensa algo como "apenas dois mortos". A frase é sempre "mais dois mortos."

Eu não sou cientista, portanto não tenho credibilidade para dizer que estamos a evoluir para fora do pior cenário de catástrofe: temos mais infetados e menos óbitos. Mas alguém cientificamente habilitado tem de vir dizer que muita infeção disseminada com sintomatologia fraca, que se possa tratar em casa é um bom sinal.
Convinha que alguém nos pusesse a par de que há cada vez menos pessoas nos cuidados intensivos ou com necessidade de ventiladores devido ao Covid.
Convinha que nos explicassem que o grande problema dos surtos de Covid nos lares são os próprios lares, enquanto depósito de pessoas doentes e frágeis e em final de vida.
Convinha que, de forma muito simples, nos informassem de que o Covid tem de nos atingir para lhe podermos resistir. Fala-se em vacina contra o Covid, mas não se diz que a vacina tem em si o vírus. Que as vacinas são todas elas uma dose da doença que se pretende evitar. A maior parte das pessoas não o sabe.
Sou leiga na matéria. Sei que para que o meu organismo sobreviva a infeções tenho de ter o sistema imunitário apetrechado com munições. Fechada em casa não me abasteço delas. Alguém tem de dizer isto às massas de forma muita clara. A imprensa tem um papel importante nisto. Não é a mim que me cabe.

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