Edifício devoluto há décadas junto à estação de comboios de Faro vai ser demolido para dar lugar a 160 apartamentos, 348 lugares de estacionamento e uma área comercial. A primeira fase das obras da «Residência Moagem» arranca em maio com a construção de dois prédios de oito andares, com piscina no terraço.

É uma obra que está a ser equacionada há mais de 10 anos, mas só agora vai começar a ganhar forma. Quem o garante ao barlavento é Lília Pires, gestora de projeto para a Garvetur, empresa responsável pela comercialização dos apartamentos a construir junto à estação de comboios, numa das principais entradas da cidade de Faro.
A futura «Residência Moagem», nome do complexo, será um conjunto de cinco prédios, quatro com oito andares e uma torre com 11 pisos, com tipologias entre o T1 e o T4. Em comum, partilham a localização central e a vista privilegiada para o Parque Natural da Ria Formosa, que dista poucos metros do empreendimento.
Vista norte do projeto.
Segundo Lília Pires, os apartamentos mais pequenos terão uma área de cerca de 70 metros quadrados (m2) e os maiores chegam aos 162 m2. Num total, serão mais de 25 mil m2, ou seja, «todo o quarteirão», entre a Rua Miguel Bombarda e a Rua da Moagem.
A gestora garante que os acabamentos serão «do mais moderno que existe hoje no mercado», até porque este será um condomínio para bolsas mais abonadas.
Cada prédio terá a sua piscina, assim como painéis solares térmicos e espaço para uma área comercial, totalizando os 3750 metros quadrados. Para servir os andares, haverá ainda 348 lugares de estacionamento.
Um investimento de 50 milhões de euros, a cargo da promotora Vilamoura XXI e com arquitetura de Paulo Charneca que «não seguiu nenhum plano específico ou inspiração em concreto. Pensou-se apenas em deixar um edifício idêntico à antiga Moagem, e daí a torre com 11 andares» explica Jorge Rodrigues da Garvetur.
As obras arrancam em maio com a construção dos primeiros dois prédios, sendo que o edifício que albergava a antiga Associação Recreativa e Cultural de Músicos será o primeiro a demolir.


Vista a poente.
Assim, desta primeira fase, irão resultar 64 apartamentos, 32 em cada bloco, com uma área comercial de 1810 m2, que deverão estar finalizados no final de 2022. Em relação aos restantes prédios, «ainda não há previsões» de datas, garante Lília Pires.
Quanto a preços, a responsável afirma que também ainda «não há valores finais. Irá depender das tipologias e de vários critérios. Há apartamentos com mais luz e com mais vista (para a Ria Formosa) que outros e tudo isso terá de ser levado em conta» na comercialização.
Apesar da indefinição, não faltam interessados no projeto, sobretudo desde que a Garvetur colocou uma faixa a promover a «Residência Moagem» numa das fachadas do velho edifício, que não passa despercebida às centenas de viaturas que entram todos os dias em Faro.

Lília Pires e Jorge Rodrigues da Garvetur.
Na verdade, a empresa já soma uma lista a rondar os 40 interessados que serão os primeiros a receber a cotação dos valores dos apartamentos.
Ainda segundo Jorge Rodrigues, seria difícil ter hoje uma melhor localização para construir. «Vai ser dada a oportunidade aos farenses de, pela primeira vez, verem a Ria Formosa de frente», diz.
Questionado sobre a possibilidade de críticas devido à construção de mais edifícios altos numa zona baixa e nobre da capital algarvia, Rodrigues responde com base no que já ali existe.
«Na Rua Miguel Bombarda só existirão três pisos para não se descaracterizar e depois há os logradouros públicos entre os edifícios. Também não nos podemos esquecer que ali bem perto há o edifício Ria Mar que tem 14 andares» e engloba vários prédios.
E em relação ao ruído da vizinha estação ferroviária? «Não será problema porque a qualidade da construção não vai permitir que o barulho incomode. Além disso, o movimento dos comboios é tão pouco…», esclarece Rodrigues.
A gestora acrescenta que apesar de algum eventual incómodo sonoro, «em termos de vista, compensa».
Vista e não só. «É uma das entradas principais da cidade e está completamente desqualificada. A partir dali pode-se fazer a ligação ao Passeio Ribeirinho muito mais rapidamente. E é uma zona plana e próxima da baixa. Só facilita e tem tudo para ter êxito. Penso que este projeto vai ter influência no futuro da cidade. Vai melhorá-la bastante e é uma janela de oportunidades», opina Jorge Rodrigues.
Já para Lília Pires, a «Moagem», vai permitir «que se valorize aquela zona e vai torná-la apetecível a outros promotores. Estamos muito entusiasmados e talvez este seja um dos projetos mais ambiciosos que tivemos em Faro».
Para o futuro, falta que outro projeto, também já antigo, ganhe finalmente forma. Trata-se de uma intenção de urbanizar a zona do cais comercial, que também está nas mãos da Garvetur, e até já foi avaliada em termos de valor de mercado.
«Há um promotor que detém uma grande área de terreno. Até já desenvolveu um projeto e sabe como vão ser os prédios (a construir). No entanto, está tudo ainda muito embrionário», conclui Jorge Rodrigues.



«Espero que seja uma realidade para breve» deseja Rogério Bacalhau

O novo empreendimento de luxo que vai nascer em Faro contempla 160 fogos habitacionais na Rua Miguel Bombarda e na Rua da Moagem, a poucos metros da Ria Formosa.
De acordo com Jorge Rodrigues da Garvetur, empresa responsável pela mediação imobiliária, «as coisas foram feitas em sintonia com a Câmara Municipal de Faro e o projeto foi desenvolvido dentro do que a autarquia pretendia e dentro do que aceitou ser feito para aquela zona».
Questionado pelo barlavento sobre a construção de novos prédios altos (de oito e 11 andares) numa zona baixa da capital algarvia, o autarca farense Rogério Bacalhau responde que «é um projeto já antigo que em termos da ocupação urbanística daquele espaço, foi licenciado. Cumpre as regras do Plano Diretor Municipal (PDM) e das zonas urbanas e isso não é discutível. O presidente da Câmara não tem discricionariedade para dizer que são menos ou mais. O que pode fazer é, em função do PDM e dos instrumentos que existem, limitar isso. Estamos a fazer alguma limitação neste instrumento para o futuro, mas em relação ao passado, não o podemos fazer».
Ainda de acordo com Rogério Bacalhau, a criação de novos fogos habitacionais «é muito bom porque há uma falta grande no concelho e só espero que a obra inicie e que essas casas sejam uma realidade o mais breve possível. Estamos a falar da zona central mais antiga da cidade que hoje já tem uma recuperação urbana assinalável. As ruas, que há 10 anos estavam completamente descaracterizadas, hoje estão habitadas e os prédios reabilitados. Aquela é a zona que fica mais longe da baixa e que por isso, não tem tido essa recuperação. Estou convencido que se esta obra se iniciar, colocando ali pessoas, economia e dinamização, aquelas ruas à volta vão todas ganhar muito. Também tenho a opinião que este empreendimento pode ser um polo de dinamização e de recuperação da zona envolvente».