Membro da Comissão Executiva da Iniciativa Liberal, Catarina Maia tem sido uma voz cética a propósito da vacinação contra a Covid-19 em crianças. Na última semana, deu gás às críticas, partilhando, na rede social Twitter, a opinião de um médico norte-americano que difunde informação falsa sobre a pandemia. “Mero exemplo para falar sobre as questões que levanta a vacinação”, justificou à VISÃO. “Questionar a vacinação não significa que se seja contra”.
Não se trata de tentar promover teorias negacionista, garante, afirmando em relação ao médico que “somos muito rápidos a colocar rótulos”.
Catarina Maia utilizou uma publicação onde o médico e consultor norte-americano Robert Malone defende que as vacinas da Pfizer e da Moderna “aumentam drasticamente os riscos de ataque cardíaco”, apesar de não haver evidência alguma científica desta tese, para atingir as orientações da Direção-Geral da Saúde (DGS). A partir desta mensagem, a dirigente levanta dúvidas sobre a vacinação dos menores, que se iniciou este mês e que a partir desta terça-feira está disponível para crianças a partir dos sete anos, sugerindo mesmo que não há provas de que a vacinação não seja prejudicial e que esta só terá avançado para benefício dos adultos.
A vacinação das crianças entre os 5 e os 11 anos com a vacina Pfizer/BioNTech foi aprovada pela Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla em inglês), no final do novembro, garantindo o regulador que esta é segura e eficaz e “que os benefícios superam os riscos, particularmente naquelas em condições de terem doença grave”. Em Portugal, a DGS seguiu pelo mesmo caminho, sublinhando que “o número de novos casos de Covid-19 em crianças tem vindo a aumentar. A doença nestas faixas etárias é geralmente ligeira, mas existem formas graves de Covid-19 em crianças. O risco de hospitalização é maior em crianças com doenças de risco, contudo, muitos dos internamentos ocorrem em crianças sem doenças de risco”.
Num dos vídeos que Malone colocou na Internet, muito partilhado em grupos de negacionistas, o médico nota que “não há benefício” na vacinação das crianças “contra os pequenos riscos do vírus”. O que tem sido desmentido quer pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que revelou em comunicado que 0,5% dos mortos por Covid-19 acontecem abaixo dos 25 anos, quer pelo Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDS) norte-americano, que relembra que a vacinação das crianças previne casos de doença grave e de contágio.
Robert W. Malone identifica-se como “criador da tecnologia de vacina de mRNA”, o que não corresponde exatamente à verdade, como referiu a VISÃO num explicador recente. Apesar de ter contribuído no início para o seu desenvolvimento, não é o seu criador. Há 32 anos, o médico descobriu sim a forma de transferir RNA entre células, em células de cultura e ratinhos de laboratório. A descoberta da transferência de RNA sem que este causasse reações inflamatórias é atribuída a Katalin Karikó e a Drew Weissman.
Catarina Maia admite ainda que a decisão da DGS tenha exigido ponderação, mas não encontra razão sustentada para a vacinação dos menores, argumentando com o caso da vacina para a gripe, que não é tomada por todos. Mas o maior problema da dirigente da IL está na manutenção das restrições, depois da toma, e em alegadas chantagens para os pais vacinarem os filhos. “A vacina não é obrigatória, mas, numa escola em Famalicão, não deixam as crianças que não têm certificado de vacinação fazer natação, como parte de uma atividade curricular”.
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