Mais de sete mil contas ligadas ao movimento QAnon foram apagadas e “mais medidas contra a atividade dita “QAnon” serão tomadas esta semana”, anunciou esta terça-feira a conta do Twitter dedicada às questões de segurança.
Para a rede social, este conteúdo está abrangido pela proibição de “comportamentos que tenham o potencial de causar danos na vida real”. Em questão não está apenas a difusão das suas teorias e os comportamentos que podem desencadear mas também o “assédio coordenado” que fazem às suas vítimas. De acordo com o comunicado da rede social, este comportamento “amplificou-se nas últimas semanas”.
Para além de apagar as contas consideradas mais perigosas, o Twitter vai assegurar-se de que os conteúdos associados ao QAnon não serão recomendados pelos algoritmos, o que afetará quase 150 mil outras contas.
“Acreditem no plano”
Este movimento, surgido em 28 de outubro de 2017 no 4Chan, propaga a teoria da conspiração de que há um governo secreto nos EUA, ativo desde há décadas, envolvendo George Soros, a família Rothschild, as famílias dos últimos dois presidentes democratas, os Clinton e os Obama, e várias estrelas de Hollywood.
As revelações sobre este governo secreto são da responsabilidade de alguém identificado como Q ou QAnon, um suposto destacado quadro governamental norte-americano, como ficou assinada esta primeira mensagem. Segundo ela, a Trump caberia o papel de salvador do país que terminaria com a tirania secreta. A teoria é também envolvida por um discurso anti-semita e pincelada pela acusação de que este governo secreto é satanista e pedófilo.
E não são só franjas mais radicalizadas da Alt-Right, sem presença pública, que a propagam. Vários candidatos republicanos às próximas eleições para o Congresso, como por exemplo Mike Cargile da Califórnia, Laurent Boebert do Colorado ou Marjorie Taylor Greene da Geórgia, são fãs descomplexados do senhor Q. Esta última, elogiada por Trump quando ganhou as primárias republicanas no distrito da Geórgia, não se coibiu de declarar em plena campanha que as eleições em que estava envolvida eram “uma oportunidade de se desembaraçar da clique satanista de pedófilos” que seria o governo secreto.
Tudo isto apesar do FBI ter declarado em maio passado que a QAnon colocava um “risco potencial de terrorismo doméstico”.Dos meandros do 4Chan e das trocas mais ou menos encriptadas de mensagens entre apoiantes que se reconheciam por hastags como "Trust the plan", o movimento passou para o grande palco da política. Ou, pelo menos, passou a fazer parte do seu cenário quando em comícios de Trump começaram a surgir t-shirts e pancartas do Q.
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