Ordem, escolas médicas e estudantes de medicina criticam “opções políticas” a favor de uma nova licenciatura em Medicina. Afirmam que “ameaça gravemente a qualidade da formação médica e, consequentemente, os cuidados prestados à população”
APlataforma para a Formação Médica, constituída pela Ordem dos Médicos, Conselho de Escolas Médicas Portuguesas e pela Associação Nacional de Estudantes de Medicina, chumba a criação de um curso de medicina pela Universidade Católica. Acusam o Governo de ceder “a uma elevada pressão política, efetuada à vista de todos”, que ameaça a qualidade da formação, a assistência aos portugueses e o próprio futuro do Serviço Nacional de Saúde.
Em comunicado, “lamentam publicamente a abertura de mais um curso de medicina em Portugal, contra as principais recomendações da Plataforma.” Argumentam que “o ensino médico em Portugal é de reconhecida qualidade, sendo que tem vindo a ser sucessiva e constantemente ameaçado pela redução do financiamento do Ensino Superior, pelo aumento do numerus clausus decidido a nível central e pela criação da figura do médico indiferenciado, cada vez em maior número e cuja formação interrompida ameaça a qualidade dos cuidados prestados no sistema de saúde nacional”.
Na opinião da estrutura, “num ano particularmente difícil para todo o ensino médico, não se consegue compreender a elevada pressão política que foi efetuada à vista de todos, e que certamente contribuiu para a decisão ora tomada”. Explicam os responsáveis que, “além da sobrecarga que estes alunos colocarão às instituições de saúde formadoras da região de Lisboa, afigura-se difícil, no futuro, a reavaliação da acreditação ora concedida, dado que o ensino ministrado no próximo ano letivo terá de ser, certamente, adaptado à grave situação de saúde pública que permanece”.
“As três estruturas da plataforma reafirmam que não assumem qualquer posição ideológica no ensino público vs. privado, e que respeitam a autonomia da Agência para a Avaliação e Acreditação do Ensino Superior, sendo que, todavia, entendem de forma inequívoca que as opções políticas que têm vindo a ser adotadas ameaçam gravemente a qualidade da formação médica e, consequentemente, os cuidados de saúde prestados à população.” Além disso, afirmam que “o aumento do número de alunos no ensino pré-graduado, sem um planeamento a longo prazo das necessidades do país no que concerne aos recursos humanos médicos, põe em causa o futuro do Serviço Nacional de Saúde e do seu estatuto como formador de excelência de médicos”.
expresso.pt
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