Seja qual for a terminologia que você levar em conta: Sheol, Geena, Hades, Diyu, Jahannam, Naraka ou simplesmente Inferno; a humanidade está repleta de representações mitológicas de uma vida brutal de sofrimentos após a morte. No entanto, essas descrições parecem quase triviais em comparação com algumas experiências devastadoras da realidade. Esses infernais, esses trágicos momentos da história humana, expuseram as desafortunadas pessoas envolvidas neles, à dor, tortura, sofrimento e terror indescritíveis. Falamos de ...
Os pântanos de Ramree
O teatro asiático da Segunda Guerra Mundial foi o palco de uma batalha verdadeiramente horrível em fevereiro de 1945. Os japoneses estacionados na ilha fortaleza de Ramree, no sul da Birmânia, foram forçados a recuar para os manguezais, depois da ilha ter sido invadida por um contingente da marinha britânica. Se os cerca de 1.000 soldados japoneses que entraram no pântano tivessem ideia do inferno que enfrentariam, eles certamente teriam se rendido aos britânicos.
Os fugitivos, muitos dos quais feridos e com pouca munição, foram atacados pelos crocodilos de água salgada, cujo tamanho médio é de 4,50 metros de comprimento. Os ataques desses animais a pessoas estão bem documentados, o excesso de sangue da batalha apenas catalisou o frenesi das feras. O naturalista britânico Bruce Wright, que estava na ilha, observou que "dos 1.000 soldados japoneses que entraram nos pântanos de Ramree, apenas cerca de 20 foram encontrados vivos."
A Grande Revolta dos Judeus
A Grande Revolta dos Judeus em 66 depois de Cristo contra os romanos, que tinham sido por muito tempo os opressores da Judéia, terminou quando os antigos mestres retornaram para dar uma punição exemplar aos rebeldes. Durante anos, o sentimento anti-romano sufocava os judeus e cresceu mais ainda devido às ações insanas do louco imperador Calígula. Mesmo décadas após a morte de Calígula, o espírito de revolta permaneceu entre os judeus. No ano 66, depois dos romanos terem saqueado o templo judaico, levando grandes quantidades de prata e ouro, os judeus se revoltaram, aniquilando a pequena guarnição romana estacionada em Jerusalém.
Querendo abafar rapidamente esta insurreição, Roma enviou 60.000 fortemente armados e experientes legionários. Os romanos cercaram Jerusalém, e, no ano 70 depois de Cristo, finalmente quebraram as defesas da cidade. Os romanos furiosos mataram, estupraram e pilharam indiscriminadamente. Para eles, todos os judeus eram considerados parte da revolta original. Pensar no inferno vivido pelos judeus é de estremecer. Muitos dos habitantes da cidade foram mortos, crucificados ou vendidos como escravos. Embora os registros variem, mais de um milhão de judeus morreram, e o templo sagrado, onde Jesus ensinara, foi destruído.
Colonização do Império Asteca
Ser um asteca no século XVI, era realmente experimentar o inferno na Terra. Antes da invasão espanhola da América Central, liderada por Hernán Cortés, o povo asteca só havia guerreado contra seus rivais primitivos, como os Totonac e o povo Tlaxcaltec. Agora, eles enfrentavam a força dos invasores espanhóis, com armas que os astecas nunca tinha visto ou mesmo imaginado. Não é nenhuma surpresa que os espanhóis tenham oprimido o povo asteca. No entanto, os métodos violentos que eles usaram contra toda a população, em vez de apenas para com os combatentes, foi o que tornou a invasão verdadeiramente infernal. O fato surpreendente é que houve um debate papal, para discutir se os habitantes da América Central eram realmente humanos, na tentativa de justificar o tratamento cruel dado aos povos do Novo Mundo.
Juntamente com a invasão, a introdução da varíola pelos invasores europeus, matou incontáveis milhões de astecas, que, sem nunca terem encontrado a doença, não tinham desenvolvido nenhuma imunidade contra ela.
A Peste NegraCom o pico entre 1348 e 1350, a peste negra matou cerca de 200 milhões de pessoas na Europa: um escalonamento de 60% do total da população europeia da época. O verão de 1348 foi particularmente úmido em todo o Velho Mundo; grãos encharcados apodreciam nos campos e havia uma agitação generalizada causada pela iminente escassez de alimentos. Esse problema, no entanto, desvaneceu-se com o surto da peste bubônica. A epidemia espalhou-se rapidamente, em especial nas cidades, onde a superlotação e as terríveis condições sanitárias aceleraram a velocidade com que os moradores malfadados sucumbiam à doença fatal.
Na pessoa infectada logo surgiria bulbos, furúnculos do tamanho de punhos, mais comumente encontrados ao redor da virilha, axilas e no peito. Esses inchaços intensamente dolorosos, a princípio eram vermelhos antes de tornarem pretos, dando a epidemia seu nome. Uma vez que o indivíduo desenvolvesse esses furúnculos, a morte dele estava prevista para os próximos dois dias. Era um inferno terrível para os sobreviventes, obrigados a testemunhar a morte dolorosa de todos os seus amigos e familiares, vendo cadáveres apodrecendo nas ruas e vivendo com o medo de contrair a doença; talvez, um destino pior do que sucumbir à praga.
A Batalha de Stalingrado
Embora os envolvidos tenham sido vítimas do frio extremo, ao contrário do tradicional calor atribuído ao inferno, não há dúvidas de que a experiência do 6 º Exército Alemão na Batalha de Stalingrado foi totalmente infernal. Os alemães assaltaram a cidade em 23 de agosto de 1942 e envolvera-se em um conflito com os russos, que só terminou quando os nazis finalmente se renderam no dia 2 de fevereiro de 1943. Entre estas datas, as duas facções suportaram a força do cruel inverno russo, embora seja inegável que os alemães, despreparados, sem mantimentos e roupas adequadas, verdadeiramente atravessaram o inferno na terra.
O comércio de escravos africanos
Embora restos de ódio racial ainda permaneçam em alguns bolsões da sociedade atual, é indiscutível que a humanidade já percorreu um longo caminho desde o inferno desprezível que era o comércio de escravos africanos, onde inúmeras pessoas foram violentamente arrancadas de seus lares e forçadas a partir para o outro lado do Atlântico. Essas viagens resultaram na morte milhões de pessoas, incapazes de suportar os tormentos dos navios negreiros. Os sobreviventes, saíam de um inferno para entrar em outro ainda mais cruel, onde eram obrigados a trabalhar de graça, em péssimas condições, para senhores sem nenhuma compaixão.
No ano passado, fomos lembrados muito sem rodeios sobre a realidade infernal enfrentada pelos escravos nos Estados Unidos, graças a Quentin Tarantino, no dolorosamente sincero Django Livre. A visão da escravidão americana de Tarantino, lamentavelmente, não se desvia para muito longe da verdade. De fato, há centenas de relatos terríveis que rivalizam com Django em sua natureza infernal. Um dos mais tristes é o de Margaret Garner que - tendo escapado por um breve tempo de seus opressores com seu filho - decidiu matar a criança, em vez de correr o risco de vê-la jogada novamente no inferno da escravidão.
O genocídio em Ruanda
A luta violenta entre os tutsis e hutus, os dois grupos étnicos de Ruanda, havia começado muito antes de sua escalada catastrófica em 1994. Os hutus, o grupo ao qual a maioria dos cidadãos ruandeses pertence, havia tomado o poder das mãos dos tutsis em 1962. Ao longo dos próximos 30 anos, as tensões raciais entre os dois grupos se acumulava e explodiu em 1994, quando o assassinato do presidente hutu Juvenal Habyarimana levou a matança em massa de tutsis, bem como de seus simpatizantes. Durante os próximos 100 dias, os hutus tentariam exterminar seus rivais seculares, tentativa que resultou na morte de cerca de um milhão de tutsis.
Como se essa matança implacável não fosse infernal o suficiente, extremistas hutus acrescentaram uma vil e repugnante arma ao seu arsenal. Tendo assassinado os maridos de centenas de milhares de mulheres tutsis, a etnia hutu queria garantir que elas não fossem mais capazes de trazer tutsis ao mundo. Existem inúmeros relatos de mulheres que foram mutiladas sexualmente com facas, facões, água fervendo e ácido. Os hutus, em um exemplo de como o ser humano pode ser mau, alistaram muitos homens infectados pelo HIV, para estuprarem as viúvas tutsis, quase sempre exultantes, por terem negado às essas mulheres, uma morte rápida e indolor.
O Holocausto
Considerando que este foi o episódio mais negro da história da humanidade, não havia nenhuma maneira de o Holocausto não estar no primeiro lugar dessa lista. Dizer que a experiência dos judeus, poloneses, ciganos e homossexuais (entre outros) na Alemanha nazi foi infernal, é de certa forma, diminuir o verdadeiro horror do Holocausto.
Embora haja uma infinidade de histórias de horror dos campos de concentração nazistas, talvez as mais chocantes sejam as que envolvem Josef Mengele, o "Anjo da Morte". Mengele, pós-graduado em antropologia e medicina, realizou uma série de experimentos com seres humanos, usando os prisioneiros de Auschwitz como cobaias. Essa experiências incluíam a tentativa de mudar a cor dos olhos através de várias injeções na íris, amputações de membros e a união de duas pessoas por meio de cirurgia, a fim de que se tornassem "gêmeos". Nem mesmo o poeta Dante, em seus mais inspirados pesadelos poéticos, seria capaz de pensar em torturas tão cruéis.
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