O profissional de saúde do Hospital Dona Estefânia, em Lisboa, apela a toda a gente para ficar em casa.
Nas últimas semanas, vários profissionais de saúde têm recorrido às redes sociais pessoais para alertar a população para a necessidade de ficar em casa. Tiago Salgadinho, enfermeiro da unidade de cuidados intensivos do Hospital Dona Estefânia, em Lisboa, é um deles.
“Na última tarde, durante praticamente sete horas, estivemos eu, mais uma enfermeira e uma médica confinados a um quarto de pressão negativa, sem comer, beber, praticamente sem já quase sentirmos alguma coisa de diferente para além do suor, dores de cabeça, sede e muita vontade de sair dali”, começa por contar numa publicação feita no Facebook a 29 de março, que já tem mais de 26 mil gostos e 13 mil partilhas.
E continua: “À nossa frente estava uma criança pequena em estado muito grave que precisava e muito da nossa intervenção o mais rápida, consciente e organizada possível, e é esse o motivo que nos fez aguentar até ao limite.”
Por outro lado, o profissional de saúde mostra-se revoltado com o facto de, ao mesmo tempo, centenas de portugueses tomarem a opção de passear, visitar as praias, passear o cão cinco vezes por dia, ir ao supermercado vezes sem conta e, algumas, ainda viajaram até ao Algarve.
Enquanto os portugueses decidirem passear, “mais aumentam a probabilidade de colocar os vossos filhos numa unidade de cuidados intensivos ligados a um ventilador, onde nem os próprios pais poderão entrar nesse mesmo quarto”, alerta.
“Precisamos que não saiam das vossas casas, mais do que aplausos e reconhecimento no meio desta dificuldade, coisa que deveriam ter feito todas as vezes que lutámos pelos nossos direitos”, diz Tiago Salgadinho na mesma publicação.
“Felizmente, Portugal tem um excelente conjunto de profissionais de saúde que estarão aqui dia após dia, noite após noite, como em todos os momentos, por cada um de vós.”
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