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segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

O ódio ao Irão inventado pelo Ocidente serve ao sonho sionista de uma Grande Israel dominando o Oriente Médio - por Stuart Littlewood



Stuart Littlewood
            Não há dúvidas sobre isso. Nós estamos no alto de uma temporada boba.

            Primeiro nós temos Boris ‘Eu-sou-um-apaixonado-sionista’ Johnson[1], o maior favorito para se tornar o primeiro ministro do Reino Unido. Sua biógrafa Sonia Purnell, que trabalhou ao lado de Johnson como jornalista, escreve no Sunday Times que ele é “temperamentalmente inadequado para ser confiável com qualquer posição de poder, sem falar o mais alto de todos os cargos, responsável pelo Reino Unido e seus códigos nucleares.” Ela fala de suas terríveis oscilações de humor “engatilhadas pelo mais leve desafio ao seu direito ou autoestima” e diz que ele tem “a mais feroz e incontrolável raiva” que ela jamais viu. Isto confirma o que muito de nós temiam. E nos perguntamos como aqueles que se misturam com ele no partido parlamentar poderiam possivelmente apoiá-lo para a liderança de topo.

            Ian Birrell {jornalista e ex-assessor do ex-Primeiro Ministro da Inglaterra David Cameron} no ‘I’ discute sua falta de disciplina – transformando-se em gabinete desgrenhado, despreparado e criticando os papéis errados, e sua notória pobre compreensão dos detalhes. “É estranho que alguém possa ver esse desastrado e tóxico bufão como a pessoa para liderar uma Grã-Bretanha dividida entre delicadas negociações.”  

Boris Johnson (1964 -), ex-prefeito de Londres, ex-Ministro Exterior da
Inglaterra, com linhagem judaica, e é pró-sionismo. Foto Veterans Today

            Então nós temos o “ereto e carregado” Trump desequilibrado, eriçando com agressão. Ninguém está convencido em sua alegação que, tendo ordenado ataques militares contra o radar do Irã e baterias de mísseis em retaliação ao abate de um drone espião dos EUA, ele mudou de idéia com somente minutos restando, na conta de lembrar que essa loucura pode realmente custar vidas humanas.

            Não faz diferença se o drone dos EUA estava 20 milhas fora do Irã ou 4 milhas dentro. O Irã apresentou coordenadas de GPS mostrando que estava oito milhas da costa, as quais ficam dentro das 12 milhas náuticas considerada ser águas territoriais do Irã sob a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar. O drone obviamente representava uma ameaça militar e uma provocação, e os EUA não têm nenhuma reivindicação legal de alto-defesa que justificaria um ataque militar. O Irã tem o direito de pedir identificação de qualquer aeronave voando perto de seu território e o embaixador do Irã nas Nações Unidas é relatado ter escrito ao Conselho de Segurança que o drone falhou em responder a vários avisos de rádio antes de ser derrubado.

            Qualquer ataque dos EUA sobre o Irã nestas circunstâncias poderia ser uma violação da Carta das Nações Unidas, a qual somente permite o uso de força militar em autodefesa depois de um ataque armado ou com aprovação do Conselho de Segurança.

            Vamos lembrar nós mesmos da anterior agressão dos EUA e desonestidade durante a guerra Irã-Iraque, conforme registrado na Wikipedia:
No curso de escoltas pela Marinha dos EUA, o cruzador USS Vincennes abateu o Voo Aéreo 655 em 3 julho de 1988, matando todos os 290 passageiros e tripulação a bordo. O governo americano alegou que Vincennes estava em águas internacionais na época (a qual foi posteriormente provado não ser verdadeiro), que o Airbus A300 tinha sido confundido com um F-14 Tomcat iraniano, e que Vincennes termia que ele estava sob ataque. Os iranianos mantêm que Vincennes estava em suas próprias águas, e que o jato passageiro estava se afastando e aumentando a altitude depois da decolagem. O almirante dos EUA William J. Crowe posteriormente admitiu no Nightline que Vincennes estava em território de águas iranianas quando ele lançou os mísseis. Na época do ataque, o Almirante Crowe afirmou que o avião iraniano não identificou-se e não enviou resposta aos sinais de aviso que ele tinha enviado. Em 1996, os Estados Unidos expressaram seu pesar pelo evento e mortes civis causadas.
            Trump agora quer impor sanções ao Irã e seu povo enquanto o ministro do Exterior do Reino Unido Andrew Murrison tem acabado de estar no Irã pedindo para “desanuviamento urgente” e nervosamente criticando a “conduta regional” do Irã e sua ameaça de parar de cumprir o acordo nuclear, o qual os EUA imprudentemente abandonaram, mas o Reino Unido permanece comprometido.

            Boas notícias sobre Murrison, no entanto. Um médico, ele votou contra a guerra do Iraque, mas como reservista da Marinha, ele foi chamado para fazer uma turnê de seis meses de tarefas lá. Talvez Murrison deva ir ver Trump e perguntar:
Por que ele não está mais preocupado com o arsenal nuclear de Israel e com o estado mental do regime israelense, os quais são a real ameaça para a região e além dela?
Por que ele não está aplicando sanções sobre Israel por sua recusa em se inscrever no Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares ou se engajar construtivamente na questão de seus programas nuclear e de Armas de Destruição em Massa, sem mencionar seus repetidos desafios das leis humanitárias e internacionais na Terra Santa?
            Trump, enquanto isso, tem assinada uma ordem executiva visando a liderança do Irã com outras novas e duras sanções, supostamente para negar o desenvolvimento deles de armas nucleares. “Nunca o Irã pode ter uma arma nuclear,” Trump tem decretado. Ele adicionou: “Nós iremos continuar aumentar a pressão sobre Teerã até o regime abandonar suas perigosas atividades e suas aspirações, incluindo a busca por armas nucleares, aumento do enriquecimento de urânio, desenvolvimento de mísseis balísticos, engajamento e apoio ao terrorismo, fomento de conflitos estrangeiros e atos beligerantes...” Muito engraçado! Quem mais poderia aplicar isso tudo, pergunto-me? Exatamente, o próprio garoto-valentão em exercício e seus melhores amigos em Tel Aviv.


Semeando as sementes do ódio

           Nós temos convenientemente memórias curtas quando se trata de nossa conduta abominável frente aos iranianos em 1951-53 quando um anterior governo conservador, em conluio com os EUA, extinguiu a inexperiente democracia do Irã e reinstalou um cruel ditador, o Xá {título dos monarcas da Pérsia}. Isso acabou provocando a Revolução Islâmica de 1979 e criou uma profunda desconfiança entre Irã e Ocidente. Não é vergonhoso que o presente governo conservador está aparando-se para outra luta? Não deveria agora o Ministério das Relações Exteriores focar em exercer influência através do comércio e da cooperação?
Mozaffar al-Din Shah Qajar
(1853-1907)
Foto Wikipédia
            O regime iraniano, como muitos outros, pode não ser inteiramente do nosso agrado, mas não era democracia do Dr. Mossadeq 65 anos atrás. Além disso, que ameaça é o Irã para a Grã-Bretanha? E por que estamos nós permitindo-nos ser levados pelo ódio irracional da América?

            Quando novos recrutas se juntam a British Petroleum (BP) eles são alimentados com românticos contos sobre como a companhia surgiu. William Knox D’Arcy, um homem de Devon, estudou Direito e fez uma fortuna das operações de mineração de ouro do Monte Morgan nos anos da década de 1880 na Austrália. Retornando à Inglaterra ele concordou em financiar uma busca por petróleo e minerais na Pérsia e começou negociações com Mozaffar al-Din Shah Qajar {rei da Pérsia entre 1896-1907} em 1901. Uma concessão de sessenta anos deu a D’Arcy os direitos sobre o óleo do inteiro país exceto para cinco províncias no norte. O governo pêra recebia 16% dos lucros anuais da petrolífera.
William Knox D'Arcy (1849-1917)
Foto Wikipédia


        Mozzafar ad-Din era ingênuo em questões de negócios e despreparado para a realeza quando chegava a hora. Ele tomou pesadamente emprestado dos russos e afim de pagar o débito ele assinou a concessão de muitas indústrias e mercados persas para estrangeiros. O acordo que D’Arcy cortou era muito agudo e acabaria por levar a problemas.

            Ele enviou um time de exploração liderado pelo geólogo George B. Reynolds. Em 1903 uma companhia foi formada e D’Arcy teve de gastar muito de sua fortuna para cobrir os custos. Mais apoio financeiro veio da Burmah Oil, sediada em Glasgow, em troca de uma grande parte das ações.

            A perfuração no sul da Pérsia em Shardin continuou até 1907 quando a busca foi mudada para Masjid-i-Souleiman. Em 1908 D’Arcy estava quase falido. Reynolds recebeu uma instrução de última chance: “Perfure a 1.600 pés e desista!”. Em 26 de maio a 1.180 pés dele atingiu o petróleo.

            Foi de fato um triunfo da corajosa dureza e determinação. A Anglo-Persian Oil Company estava logo de pé e funcionando e em 1911 completou um oleoduto do campo de petróleo de sua nova refinaria em Abadan. Mas a companhia estava em problema novamente ao redor de 1914. A idade do ouro do automobilismo não tinha chegado ainda e os mercados industriais de petróleo foram costurados pelos interesses americanos e europeus. O fedor sulfúrico do óleo persa, mesmo após o refinamento, excluía-o para uso doméstico, de modo que D’Arcy tinha um problema de marketing.

            Por sorte Winston Churchill, então Primeiro Lorde do Almirantado, era um entusiasta do petróleo e queria converter a frota britânica de carvão especialmente agora que uma fonte confiável de óleo estava assegurada. Ele famosamente disse ao Parlamento: “Olhe para a vasta extensão das regiões petrolíferas do mundo!”. Somente a empresa anglo-persa de petróleo, ele disse, poderia proteger os interesses britânicos. Sua resolução passou e o Governo Britânico assumiu uma maior participação acionária na companhia em tempo, pois a Primeira Guerra Mundial começou umas poucas semanas depois.

            Durante a guerra, o governo britânico confiscou os ativos de uma empresa alemã, denominando ela própria British Petroleum para o propósito de comercializar seus produtos na Grã-Bretanha. A Anglo-Persian adquiriu os ativos completos do Agente Fiduciário Público com uma rede de distribuição pronta e abundância de depósitos, vagões tanques rodoviários, veículos rodoviários, barcaças e assim por diante. Isso capacitou a Anglo-Persian para que rapidamente expandisse as vendas na Grã-Bretanha e Europa famintas por petróleo, depois da guerra.

            Nos anos entre guerras a Anglo-Persian lucrou boas quantias ao pagar aos iranianos miseráveis 16%, e uma Pérsia crescentemente zangada tentou renegociar os termos. Chegando a lugar nenhum, eles cancelaram o acordo de D’Arcy e a questão terminou na Corte Internacional de Justiça em Haia. Um novo acordo em 1933 forneceu a Anglo-Persian com uma nova concessão de 60 anos, mas em uma área menor. Os termos foram uma melhoria para os persas, mas ainda não correspondiam a um justo acordo padrão.  

            Em 1935, o Irã formalmente substituiu a Pérsia como nome oficial do país internacionalmente e a Anglo-Persian mudou para Anglo-Iranian Oil Company. Ao redor de 1950 Abadan era a maior refinaria de petróleo no mundo, com seus 51% de participação, tinha efetivamente colonizado parte do sul do Irã.

            A pequena participação do Irã nos lucros tornou-se uma grande questão e o tratamento de seus trabalhadores de petróleo também. 6000 interromperam o trabalho e a greve foi violentamente colocada abaixo com 200 mortos ou feridos. Em 1951 a Anglo-Iranian declarou £40 milhões de lucro após impostos, mas entregou somente £7 milhões. Enquanto isso, a Arabian American Oil estava compartilhando lucros com os sauditas na base de 50/50. Apelos para a nacionalização estavam aumentando.

            Como um resultado da Revolução Constitucional Persa, o primeiro Majlis (parlamento) foi estabelecido em 1906 e o país tornou-se uma monarquia constitucional com grandes esperanças. Em meados do século o Irã não queria irrazoavelmente a independência econômica e política e um fim da pobreza. Em março de 1951, o Majlis {assembleia legislativa islâmica} e Senado votaram para nacionalizar a Anglo-Iranian, a qual tinha controlado a indústria de petróleo iraniana desde 1913 sob termos desvantajosos para o Irã. O respeitado reformista social Dr. Mohammad Mossadeq foi nomeado primeiro ministro no mês seguinte por uma maioria de 79 a 12. Em 1º de maio Mossadeq cumpriu o desejo de seu governo, cancelando a concessão de petróleo Anglo-Iranian que expiraria em 1993 e expropriando seus ativos.

            Sua explicação, dada num discurso em junho de 1951 (M. Fateh, Panjah Sal-e Naft-e Iran, p. 525).
“Nossos longos anos de negociações com países estrangeiros... não têm dado nenhum resultado até agora. Com as receitas de petróleo nós poderíamos cumprir todo o nosso orçamento e combater a pobreza, doença, e o atraso de nosso povo. Outra importante consideração é que pela eliminação do poder da companhia britânica, nós poderíamos também eliminar a corrupção e intriga, pelos meios dos quais as questões internas de nosso país têm sido influenciadas. Uma vez esta tutela tendo cessado, o Irá terá alcançado sua independência econômica e política.
“O estado iraniano prefere assumir a produção de petróleo por ele mesmo. A companhia deveria fazer nada mais que retornar sua propriedade aos legítimos proprietários. A lei de nacionalização prevê que 25% dos lucros líquidos com petróleo sejam reservados para atender a todas as reivindicações legítimas da companhia para compensação... Tem sido afirmado no exterior que o Irã pretende expulsar os especialistas estrangeiros do país e então fechar as instalações de petróleo. Não somente é esta alegação absurda; ela é uma invenção absoluta...”
            Por isso, ele acabaria sendo removido em golpe do MI5 e CIA, preso por 3 anos, em seguida colocado em prisão domiciliar até sua morte.

Mossadeq Mohammad (1880-1967)
Foto Wikipédia
            A Grã-Bretanha, com a mudança de regime em mente, orquestrou um boicote mundial ao petróleo iraniano, congelou os ativos do Irã e ameaçou a ação legal contra qualquer pessoa que comprasse petróleo produzido nas antigas refinarias controladas pelos britânicos. Ele mesmo considerou invadir. A economia iraniana ficou logo em ruínas... soa familiar, não é? Tentativas do xá para substituir Mossadeq falharam e ele retornou com mais poder, mas sua coalizão estava desmoronando lentamente sob as dificuldades impostas pelo bloqueio.


            No começo a América estava relutante em se unirem ao jogo destrutivo da Grã-Bretanha, mas Churchill deixou ser conhecido que Mossadeq estava se transformando em comunista e empurrando o Irã para os braços da Rússia em um momento quando a ansiedade da Guerra Fria estava alta. Foi o suficiente para trazer a bordo o novo presidente da América, Eisenhower, e conspirar com a Grã-Bretanha para trazer Mossadeq abaixo.

           O chefe da divisão da Cia para Oriente Próximo e África, Kermit Roosevelt Jr., chegou a desempenhar o papel principal num feio jogo de provocação, desordem e enganação. Uma campanha elaborada de desinformação começou, e o Xá assinou dois decretos, um dispensando Mossadeq e outro nomeando a escolha da CIA, o general Fazlollah Zahedi, como primeiro-ministro. Estes decretos foram escritos como ditados por Donald Wilbur, o arquiteto da CIA do plano.

            O xá fugiu para Roma. Quando foi julgado seguro fazê-lo, ele então retornou em 22 de agosto de 1953. Mossadeq foi preso, julgado e condenado por traição pela corte militar do xá. Ele comentou...[2]
“Meu maior pecado é que eu nacionalizei a indústria de petróleo do Irã e descartei o sistema de exploração política e econômica do maior império do mundo... Com a benção de Deus e a vontade do povo, lutei contra esse sistema selvagem e medonho de espionagem e colonialismo.
“Estou bem ciente de que meu destino deve servir como um exemplo no futuro através do Oriente Médio em quebrar as correntes da escravidão e servidão aos interesses coloniais.”
Seus partidários foram cercados, aprisionados, torturados ou executados. O novo governo de Zahedi logo alcançou um acordo com as companhias petrolíferas estrangeiras para formar um consórcio para restaurar o fluxo de petróleo iraniano, premiando aos EUA e à Grã-Bretanha a parte do leão – 40% indo para a Anglo-Iranian. O consórcio concordou em dividir os lucros na base 50-50 com o Irã mas, trapaceiro como sempre, recusou-se abrir seus livros para os auditores iranianos ou permitir que os iranianos participassem do conselho.

            Um agradecido EUA massivamente financiou o governo do Xá, incluindo seu exército e força policial secreta, SAVAK. O Anglo-Iranian mudou seu nome para British Petroleum em 1954. Mossadeq morreu em 5 de março de 1967.


Pedir desculpas? Não... vamos demonizar o Irã!

            Mas a diversão do Ocidente parou abruptamente com a Revolução de 1979 e um grande empreendimento britânico que começou heroicamente e se tornou desagradável terminou em lágrimas.

            Os EUA ainda são odiados hoje por reimpor  o Xá e seus capangas e demolir o sistema democrático iraniano de governo, o qual a Revolução infelizmente não restaurou. Os EUA são amplamente conhecidos pelos iranianos como o Grande Satã e sua serva regional, Israel, se alegra com o nome de Pequeno Satã. A Grã-Bretanha, como instigadora e parceira júnior no sórdido caso, é similarmente desprezada.

            Além disso, o Irã mantém acolhido grande ressentimento pelo modo como o Ocidente, especialmente os EUA, ajudou o Iraque desenvolver suas forças armadas e arsenal de armas químicas, e como a comunidade internacional falhou em punir o Iraque por seu uso daquelas armas contra o Irã na guerra Irã-Iraque. Os EUA, e eventualmente a Grã-Bretanha, inclinaram-se fortemente frente a Saddam no conflito e a aliança capacitou Saddam mais facilmente para adquirir ou desenvolver armas químicas e biológicas. No mínimo 100,000 iranianos caíram vítimas delas.

            Isto é como John King, escrevendo em 2003[3], resumiu...              
“Os Estados Unidos usaram métodos legais e ilegais para ajudar a construir o exército de Saddam no mais poderoso exército do Oriente Médio fora de Israel. Os EUA forneceram agentes químicos e biológicos e tecnologia ao Iraque quando eles souberam que o Iraque estava usando armas químicas contra os iranianos. Os EUA forneceram materiais e tecnologia para estas armas de destruição em massa ao Iraque quando foi conhecido que Saddam estava usando esta tecnologia para matar cidadãos curdos. Os Estados Unidos forneceram informações de inteligência e de planejamento de batalha para o Iraque quando aqueles planos incluíam o uso de cianeto, gás mostarda e agentes de nervos. Os Estados Unidos não atuaram sozinhos nesse esforço. A União Soviética foi a maior fornecedora de armas, mas Inglaterra, França e Alemanha estavam também envolvidas no envio de armas e tecnologia.”
            Enquanto as baixas iranianas estavam em seu mais alto como resultado dos crimes de guerra químicos e biológicos, Trump estava ocupado adquirindo a propriedade de Mar-a-Lago em Palm Beach, Trump Castle, seu cassino Taj-Mahal, o Plaza Hotel em Manhattan e estava reformando seu super-iate Trump Princess. O que ele sabe, entende ou se importa com o Irã?

            Do lado britânico, o secretário de Relações Exteriores, Jaremy Hunt, estava bagunçando na Universidade de Oxford; e o principal candidato a preencher nossa vaga de Primeiro Ministro, Boris Johnson, ex-secretário de Relações Exteriores, estava também em Oxford estava bebendo e festejando sonoramente com os colegas do Old Etonians no Bullingdon Club. O que eles sabem ou se importam?

               O que nos traz a hoje... Por que estamos ouvindo chocalho sem parar contra o Irã quando nós deveríamos estar estendendo a mão de reconciliação e amizade? E por que esses líderes sem noção demonizam o Irã ao invés de corrigir os erros? Porque a estrutura política está ainda sofrendo. E eles são os imperialistas da nova-geração, a prole política daqueles que o Dr. Mossadeq e muitos outros lutaram contra. Eles não aprenderam com o passado e não vão levantar os olhos deles para um futuro melhor.

            É tão deprimente.


Sanções econômicas: são elas morais, ou mesmo legais?

           Os EUA e o Reino Unido têm liderado a acusação sobre sanções e outras medidas para fazer a vida um inferno para os iranianos. Mas eles estão em seguro terreno legal?

            A Associação Internacional dos Advogados Democráticos (IADL) em uma declaração em 26 de novembro de 2011, disse estar profundamente preocupada sobre as ameaças contra o Irã por parte de Israel, Estados Unidos, e o Reino Unido. Referindo-se a um relatório da Agência Internacional de Energia Atômica, a IADL afirmou que aquelas ameaças eram inaceitáveis e perigosas não somente para toda a região, mas para a humanidade inteira, e que o artigo 2.4 da Carta das Nações Unidas proíbe não somente o uso de força bruta, mas também a ameaça de força nas relações internacionais. O direito de defesa não inclui ataques preventivos.

            O IADL também apontou que, enquanto Israel era rápido em denunciar a possível posse de armas nucleares por outros, ele tinha possuído ilegalmente armas nucleares por muitos anos. O perigo para a paz mundial era tão grande que requeria a erradicação global de todas armas nucleares, e declarar imediatamente o Oriente Médio uma zona livre de armas nucleares e uma zona livre de armas de destruição em massa, conforme exigido pela Resolução 687 do Conselho de Segurança da ONU.

            Além disso, o Artigo 33 estabelece que “as partes em qualquer disputa, cuja continuação é propensa a colocar em perigo a manutenção da paz e segurança internacional, irá, primeiro de tudo, buscar uma solução por negociação, investigação, mediação, conciliação, arbitragem, ajuste judicial, recorrer a agências ou acordos regionais, ou outros meios pacíficos...” ´Táticas de terror’ econômico tais como as deliberadamente cruéis sanções aplicadas pelos EUA, Reino Unido e seus aliados – e as medidas similares usadas pela Grã-Bretanha e América nos anos da década de 1950 para trazer abaixo o governo do Dr. Mossadeq e restabelecer o Xá – simplesmente não fazem parte do kit do ferramentas aprovado.


Lembre-se do contexto

            A Resolução 487 de 1981 do Conselho de Segurança da ONU chamou Israel “urgentemente para colocar suas instalações nucleares sob as salvaguardas da IAEA”. Israel tem sido permitido ignorá-la por aproximadamente 40 anos. Em 2009, a IAEA chamou Israel para juntar-se ao Tratado de Não-Proliferação, abrir suas instalações nucleares para inspeção e colocar elas sob abrangente salvaguarda da IAEA. Israel ainda se recusa a juntar-se ou permitir inspeções.

            O regime sionista é considerado por alguns como tendo até 400 ogivas nucleares à sua disposição. É o único estado na região que não faz parte do Tratado de Não-Proliferação (Irã faz). Ele assinou, mas não ratificou o Tratado de Banimento de Testes Nucleares. Em relação as armas biológicas e químicas, Israel não tem assinado a Convenção sobre Armas Biológicas e Tóxicas. Ele tem assinado, mas não ratificado a Convenção de Armas Químicas.

            No início de 2012 a comunidade de inteligência dos EUA estava dizendo que o Irã não tinha um programa ativo de armas nucleares, e a inteligência israelense concordou. O diretor da Agência Nacional de Inteligência, James Clapper, relatou: “Nós avaliamos que o Irã está mantendo uma opção aberta para o desenvolvimento de armas nucleares... Nós não sabemos, contudo, se o Irã irá eventualmente decidir construir armas nucleares...”

            Portanto o foco contínuo sobre o Irã tem sido uma distração deliberada. Nós reembolsamos a cooperação iraniana no empreendimento petrolífero de D’Arcy com ganância corporativa e duplicidade diplomática. A América e Grã-Bretanha estão ainda sofrendo do tempo quando o Irã democraticamente elegeu o Dr. Mossadeq, que nacionalizou sensivelmente seus vastos recursos petrolíferos. Até então os sôfregos britânicos estavam aproveitando muito mais o lucro do petróleo iraniano que os próprios iranianos.

            De volta aos anos da década de 1920 o Departamento de Estado dos EUA tinha descrito os depósitos de petróleo no Oriente Médio como “uma fonte estupenda de poder estratégico, e um dos maiores prêmios da história mundial”. Desde então, seus projetos sobre o Iraque e Irã têm sido fáceis de ver e ele ainda está pronto para súbitos ataques em todas oportunidades.     

            Quando o golpe engendrado da CIA derrubou o Dr. Mossadeq, restabeleceu o Xá e sua polícia secreta, e deixou as companhias americanas de petróleo lá, foi o golpe final para os iranianos. A conspiração britânico-americana virou um tiro no pé espetacular 25 anos depois com a Revolução Islâmica de 1978-1979, a humilhante crise de reféns de 444 dias na embaixada americana e uma missão de resgate tragicamente malograda. O que deveria ter sido uma lição afiada para os intrometidos ocidentais se tornou uma ferida purulenta.

            A busca pelo prêmio de energia não acabou. Mas não é mais apenas sobre petróleo. Fantoches sionistas em posições de controle nos corredores do poder do Ocidente estão solenemente comprometidos em assegurar que Israel permaneça a única potência nuclear no Oriente Médio e continue a dominar militarmente a região. E estão dispostos a derramar sangue cristão e gastar riquezas cristãs nessa causa.

John Bolton (1948-) Conselheiro de Segurança Nacional de D. Trump. Ultra-sionista, e um dos articuladores da fraudulenta
invasão do Iraque em 2003 durante o governo de George W. Bush.  Ganhador do Prêmio Defensor de Israel e Prêmio Guardião de Sião. Na foto, ao lado de Reuven Rivlin, atual presidente de Israel.  Foto por Mark Neyman - Wikipédia
            O Conselheiro de Segurança dos EUA John Bolton, ganhador do Defender of Israel Award {Prêmio Defensor de Israel} ano passado e do Guardian of Zion Award {Prêmio Guardião de Sião} um ano antes, é um de tais super-fantoches. Sua observação estupefata: “Ninguém tem concedido ao Irã uma licença de caça no Oriente Médio” tipifica a arrogância de sua laia.  

Tradução e palavras entre chaves por Mykel Alexander


Notas


[1] Nota do tradutor: Sendo mais exato, Boris Johnson, ex-Ministro de Relações Exteriores da Inglaterra e ex-prefeito de Londres (2008-2016), possui, por um lado, remota linhagem judaica, dado que seu bisavô materno teria sido um rabino da Lituânia, possuindo, por outro lado, influência judaica, uma vez que o pai de Boris casou-se com um judia em seu segundo matrimônio, a qual colocou Boris em contato com o diplomata israelense Michael Comay, e inclusive o próprio Boris e sua irmã passaram em sua juventude 6 semanas de férias nos celebrados kibutz em Israel. Tendo essas considerações em conta, não é muito surpreendente que Boris Johnson seja um defensor de Israel, atacando os boicotes contra este Estado.
Ver “Boris Johnson’s Sister Reveals His Little-known Past as a Volunteer on an Israeli Kibbutz”, por Danna Harman, Haaretz, 08/08/2016.

[2] Fonte utilizada pelo autor: http://www.mohammadmossadegh.com/biography/




Fonte: American Herald Tribune, 25/06/2019.


Sobre o autor: Stuart Littlewood possui bacharel em Psicologia da Universidade de Exeter, é membro graduado da Chartered Institute of Marketing (MInstM). Trabalhou em caças a jato da RAF (Força Aérea Britânica), exerceu vários cargos de gestão de vendas e marketing em manufatura, petróleo e eletrônica. Na política ele serviu como conselheiro do condado de Cambridge e membro da Autoridade Policial.

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