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TRADUÇÃO DO ALEMÃO PARA PORTUGUÊS LOGO ABAIXO
Partilho um vídeo do Spiegel - partes de uma entrevista a Esther Bejarano, uma das últimas sobreviventes do Holocausto, com o título: "Avisos de uma sobrevivente".
Reparo no olhar desta mulher de 95 anos, sobrevivente de Auschwitz, quando diz: "vejamos: eu sei bem o que acontece a seguir, se isto continuar assim e se não se fizer nada para o evitar."
Tradução:
"Tudo isso está ainda na minha cabeça. Continuo a ver aquilo por que passámos. Coisas absolutamente horrorosas."
Como descrever o horror real, o horror absoluto?
Esther Bejarano tenta. Conta a sua história inacreditável uma e outra vez. Durante a segunda guerra mundial, os nazis levaram-na para Auschwitz.
Actualmente empenha-se para que as pessoas não esqueçam o que aconteceu há cerca de 80 anos. Procura sensibilizá-las, alertá-las.
Tarefa especialmente importante nos nossos dias, porque os desenvolvimentos actuais na Alemanha afligem imenso esta mulher judia de 95 anos.
"Na rua desfilam nazis gritando slogans que já foram criados há muitos, muitos anos, com a saudação nazi, com tudo o que lhes ocorre... E a AfD desfila com eles. Isto é assustador. Temos a Pegida, temos a NPD. Para as pessoas que passaram por aquilo, naquela época, isto é realmente... nem sei descrever até que ponto isto é horroroso para nós."
Bejarano foi levada para Auschwitz em 1943, onde começou por ser forçada a fazer trabalhos muito pesados. Era a prisioneira nº 41948. Mas teve sorte: entrou numa orquestra de raparigas. O instrumento que aprendera a tocar era o piano, mas tinha de tocar acordeão, que tratou de aprender de forma autodidacta. Foi o que a salvou. Como membro da orquestra, estava mais protegida e não era obrigada a fazer trabalhos pesados. No entanto, os piores momentos que passou no campo foram aqueles em que estava a tocar com a orquestra, particularmente quando chegava um comboio.
"Estes comboios que aqui chegavam sobre estes carris... estas pessoas que vinham nos comboios: foram todos levados para o gás. Eram os comboios que iam para a câmara de gás. E nós estávamos ali, obrigadas a fazer música. As pessoas ouviam a música e pensavam - estou certa disso - que um lugar onde há música não pode ser assim tão mau. Era a táctica dos nazis. Não tínhamos saída. Não podíamos fazer nada, absolutamente nada."
Repetidamente foi obrigada a ver até onde os guardas do campo eram capazes de ir.
"Por exemplo, havia aquele chefe Moll, com os seus dois cães - tinha pastores alemães - que obviamente estavam treinados para morder pessoas até as matar. Horroroso. Andava sempre na rua do campo com os cães, e se calhasse de não gostar da cara de algum dos prisioneiros, ou se estivesse com vontade de gozar o espectáculo de ver os cães a matar uma pessoa, açulava-os contra alguém. E os cães desfaziam aquela pessoa com os dentes."
Bejarano ficou naquele campo cerca de meio ano, até ser enviada para Ravensbrück. Em 1945 conseguiu fugir na altura em que os nazis estavam a evacuar o campo devido à chegada iminente dos Aliados. Já se passaram 75 anos, mas Bejarano continua a pensar diariamente nas imagens horrorosas, nas atrocidades cometidas pelos nazis.
"Não há como evitar pensar nisso. Vocês têm de compreender que para mim é muito duro ter de falar tantas vezes sobre este tema. Mas faço-o, porque sei que é extremamente importante. Mas, para mim, isto não é uma coisa fácil. É sempre muito duro contar a minha história."
[repare-se no olhar de Esther Bejarano ao dizer isto: 4:50]
E, no entanto, ela fá-lo. Bejarano visita escolas, faz palestras, e continua a apostar na sua paixão: a música. A música salvou-lhe a vida em Auschwitz, e é agora um bom meio para falar sobre aquilo que viveu. Bejarano sobe frequentemente ao palco com a banda rap de esquerda "Microphone Mafia", e transmite a sua mensagem de forma clara: a História não se pode repetir!
Por isso mesmo vê com grande preocupação os paralelismos com o que testemunhou no tempo do nazismo, a brutalização da linguagem que observa em funcionários da AfD. E quando algum país europeu se recusa a aceitar refugiados, também aí reconhece os traços daquela época.
"É o que lhe digo: naquele tempo fizeram exactamente o mesmo. Por exemplo, a minha irmã fugiu para a Suíça, e foi enviada de volta para território alemão. E foi assassinada. Hoje é um pouco diferente, mas há semelhanças."
O que faz com que seja muito importante não calar. Bejarano gostaria de ver mais humanidade, e exige do governo alemão que tome medidas para contrariar esta tendência. Combina essas exigências com uma advertência inequívoca:
[6:26] "Vejamos: eu sei bem o que acontece a seguir, se isto continuar assim e se não se fizer nada para o evitar. Se estes partidos de direita ganharem ainda mais força, então... vejo um futuro muito negro. Porque pode voltar a acontecer o mesmo que aconteceu naquela época."
Reparo no olhar desta mulher de 95 anos, sobrevivente de Auschwitz, quando diz: "vejamos: eu sei bem o que acontece a seguir, se isto continuar assim e se não se fizer nada para o evitar."
E de repente cai a ficha: ainda há entre nós pessoas que assistiram à chegada dos nazis ao poder. Pessoas que se lembram como foi, e que encontram paralelos no que vemos hoje em dia.
Depois de terem passado pelo horror do Holocausto, passam agora pelo horror de descobrir que pouco se aprendeu com o mais terrível capítulo do passado da Alemanha.
Tradução:
"Tudo isso está ainda na minha cabeça. Continuo a ver aquilo por que passámos. Coisas absolutamente horrorosas."
Como descrever o horror real, o horror absoluto?
Esther Bejarano tenta. Conta a sua história inacreditável uma e outra vez. Durante a segunda guerra mundial, os nazis levaram-na para Auschwitz.
Actualmente empenha-se para que as pessoas não esqueçam o que aconteceu há cerca de 80 anos. Procura sensibilizá-las, alertá-las.
Tarefa especialmente importante nos nossos dias, porque os desenvolvimentos actuais na Alemanha afligem imenso esta mulher judia de 95 anos.
"Na rua desfilam nazis gritando slogans que já foram criados há muitos, muitos anos, com a saudação nazi, com tudo o que lhes ocorre... E a AfD desfila com eles. Isto é assustador. Temos a Pegida, temos a NPD. Para as pessoas que passaram por aquilo, naquela época, isto é realmente... nem sei descrever até que ponto isto é horroroso para nós."
Bejarano foi levada para Auschwitz em 1943, onde começou por ser forçada a fazer trabalhos muito pesados. Era a prisioneira nº 41948. Mas teve sorte: entrou numa orquestra de raparigas. O instrumento que aprendera a tocar era o piano, mas tinha de tocar acordeão, que tratou de aprender de forma autodidacta. Foi o que a salvou. Como membro da orquestra, estava mais protegida e não era obrigada a fazer trabalhos pesados. No entanto, os piores momentos que passou no campo foram aqueles em que estava a tocar com a orquestra, particularmente quando chegava um comboio.
"Estes comboios que aqui chegavam sobre estes carris... estas pessoas que vinham nos comboios: foram todos levados para o gás. Eram os comboios que iam para a câmara de gás. E nós estávamos ali, obrigadas a fazer música. As pessoas ouviam a música e pensavam - estou certa disso - que um lugar onde há música não pode ser assim tão mau. Era a táctica dos nazis. Não tínhamos saída. Não podíamos fazer nada, absolutamente nada."
Repetidamente foi obrigada a ver até onde os guardas do campo eram capazes de ir.
"Por exemplo, havia aquele chefe Moll, com os seus dois cães - tinha pastores alemães - que obviamente estavam treinados para morder pessoas até as matar. Horroroso. Andava sempre na rua do campo com os cães, e se calhasse de não gostar da cara de algum dos prisioneiros, ou se estivesse com vontade de gozar o espectáculo de ver os cães a matar uma pessoa, açulava-os contra alguém. E os cães desfaziam aquela pessoa com os dentes."
Bejarano ficou naquele campo cerca de meio ano, até ser enviada para Ravensbrück. Em 1945 conseguiu fugir na altura em que os nazis estavam a evacuar o campo devido à chegada iminente dos Aliados. Já se passaram 75 anos, mas Bejarano continua a pensar diariamente nas imagens horrorosas, nas atrocidades cometidas pelos nazis.
"Não há como evitar pensar nisso. Vocês têm de compreender que para mim é muito duro ter de falar tantas vezes sobre este tema. Mas faço-o, porque sei que é extremamente importante. Mas, para mim, isto não é uma coisa fácil. É sempre muito duro contar a minha história."
[repare-se no olhar de Esther Bejarano ao dizer isto: 4:50]
E, no entanto, ela fá-lo. Bejarano visita escolas, faz palestras, e continua a apostar na sua paixão: a música. A música salvou-lhe a vida em Auschwitz, e é agora um bom meio para falar sobre aquilo que viveu. Bejarano sobe frequentemente ao palco com a banda rap de esquerda "Microphone Mafia", e transmite a sua mensagem de forma clara: a História não se pode repetir!
Por isso mesmo vê com grande preocupação os paralelismos com o que testemunhou no tempo do nazismo, a brutalização da linguagem que observa em funcionários da AfD. E quando algum país europeu se recusa a aceitar refugiados, também aí reconhece os traços daquela época.
"É o que lhe digo: naquele tempo fizeram exactamente o mesmo. Por exemplo, a minha irmã fugiu para a Suíça, e foi enviada de volta para território alemão. E foi assassinada. Hoje é um pouco diferente, mas há semelhanças."
O que faz com que seja muito importante não calar. Bejarano gostaria de ver mais humanidade, e exige do governo alemão que tome medidas para contrariar esta tendência. Combina essas exigências com uma advertência inequívoca:
[6:26] "Vejamos: eu sei bem o que acontece a seguir, se isto continuar assim e se não se fizer nada para o evitar. Se estes partidos de direita ganharem ainda mais força, então... vejo um futuro muito negro. Porque pode voltar a acontecer o mesmo que aconteceu naquela época."
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