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Cinco séculos depois de construída, ainda guarda segredos que vale a pena conhecer. Sabias que além de posto de defesa, também foi masmorra e farol?
E que uma das suas esculturas mais importantes representa um… rinoceronte? Descobre estas e outras curiosidades, vê o nosso vídeo e, claro, não deixes de fazer uma visita a este incrível local.
1 – Ícone de Lisboa e de Portugal
Todos a conhecem por Torre de Belém, mas a designação oficial é Torre de São Vicente de Belém.
O nome é uma forma de homenagem ao santo patrono da cidade.
2 – A Torre de Belém foi construída no início do século XVI
Construída num ilhéu de basalto junto à antiga praia do Restelo, entre 1514 e 1520, substituiu uma nau artilhada que existia no local.
3 – O seu arquiteto foi Francisco de Arruda
Ao que tudo indica, sob a orientação de Diogo Boitaca, que nessa altura dirigia também as obras do vizinho Mosteiro dos Jerónimos.
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4 – No início, a Torre de Belém era um importante baluarte de defesa
Era a primeira linha defensiva do rio Tejo com 16 bocas de canhões, mas a partir da época filipina passou a servir de masmorra.
Os prisioneiros ficavam no piso inferior que, por ser tão baixo, não permitia que um adulto se mantivesse de pé. Chegou também a servir de posto de sinalização telegráfico e até farol.
5 – Património da Humanidade pela UNESCO desde 1983
É uma joia da arquitetura manuelina, com vários elementos decorativos associados aos Descobrimentos, como as armas reais, as cordas, a esfera armilar ou a Cruz da ordem de Cristo.
6 – Existe uma imagem de um rinoceronte esculpido no exterior
Esta é a primeira representação deste animal encontrada na Europa. Terá sido inspirada no rinoceronte que um rei indiano ofereceu, em 1514, ao Rei D. Manuel I.
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A história do Rinoceronte de Lisboa
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O Rinoceronte de Lisboa, ou de Dürer (já lá vamos), pode ser visto em Belém através de uma pequena escultura, mais precisamente na Torre de Belém.
Fica virado para o rio Tejo e a sua história remonta ao tempo dos Descobrimentos, tornando-se mesmo num dos símbolos da epopeia portuguesa além-mar.
Uma das suas grandes curiosidades, e que te pode causar espanto, é que o rinoceronte foi o animal de estimação de um dos nossos reis, o rei D. Manuel I, tendo sido trazido para a Europa como presente.
Foi a primeira vez que um animal de grande porte foi visto por estas bandas, desde a altura dos romanos.
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Quem fez a oferta… e qual a razão?
Quase ninguém dá conta desta escultura numa das esquinas da Torre de Belém, mas a razão da sua presença num dos locais de maior interesse na cidade tem tudo a ver com a história deste rinoceronte, pois foi nesta zona que ele desembarcou para servir de presente ao rei D. Manuel I.
A história desta oferta conta-se em poucas linhas. Em 1514, Afonso de Albuquerque era o fundador do Império Português no Oriente e ainda governador das Índias Portuguesas.
Na altura quis construir uma fortaleza em Diu, cidade que era governada pelo rei Modofar, que estava contra a construção de tal fortaleza no seu reino.
Contudo, sentiu-se na obrigação de oferecer algo a Afonso de Albuquerque e, daí, o rinoceronte. Como o governador não tinha forma de o manter em Goa, resolveu enviá-lo para Portugal, como presente ao rei D. Manuel I.
Como era uma espécie que poucos ou nenhuns conheciam, a sua chegada ao local onde estava a ser construída a Torre de Belém, depois de quatro meses de viagem, deixou muitas pessoas curiosas.
Afinal, não era todos os dias que desembarcava um animal de mais de duas toneladas em solo europeu, que já não via um bicho destes desde o século III.
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O novo animal de estimação do rei D. Manuel I ficou instalado no parque do Palácio da Ribeira, acabando por servir como uma das principais recreações do rei, que acabou por promover um combate entre o seu rinoceronte e um elefante, a fazer lembrar as épicas batalhas entres estes dois animais por altura dos romanos.
Spoiler Alert: o elefante entrou em pânico e fugiu.
História trágica
Percebendo que as épicas histórias de lutas entre rinocerontes e elefantes seria apenas uma fábula romana – ou não – o rei D. Manuel I rapidamente encontrou forma de se ver “livre” do seu animal de estimação e, numa incursão a Roma com o objetivo de conquistar o apoio do Papa Leão X no sucesso das suas campanhas além-mar, um dos presentes teria sido o seu rinoceronte, desta vez adornado com uma coleira em veludo verde com rosas e cravos dourados.
Teria sido porque nunca o chegou a ser. Perto de Génova, uma terrível tempestade afundou o navio que transportava o futuro presente do Papa e, com ele, toda a tripulação.
Apesar de saber nadar, o rinoceronte estaria amarrado e nunca se conseguiu libertar, acabando também por morrer.
Ainda assim, foi possível recuperar o animal e, como nada se tivesse passado, o rei D. Manuel I mandou empalhar o rinoceronte e ofereceu-o ao Papa Leão X.
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O Rinoceronte de Dürer
Em Portugal, o rinoceronte do rei D. Manuel I ficou imortalizado e hoje podes encontrá-lo junto a uma das guaritas da Torre de Belém, e também no Mosteiro de Alcobaça, onde está exposta uma representação deste animal no Claustro do Silêncio.
Mas uma das suas maiores representações foi desenhada pelo artista alemão Albrecht Dürer, através de uma xilogravura.
Foi copiado várias vezes e redesenhado por vários artistas e poderá ter sido um dos animais que maior influência deu às artes.
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7 – Outra imagem com muito simbolismo é a de Nossa Senhora do Bom Sucesso
Também conhecida por Virgem do Restelo, que se acreditava proteger os navegantes. Na fachada norte há mais dois santos esculpidos: São Miguel e São Vicente.
8 – A Torre de Belém está dividida em cinco áreas principais
São elas a Sala do Governador (com uma lareira e um varandim com vista para o Tejo), a Sala das Audiências, a Sala dos Reis, a Capela e o Terraço da Torre.
9 – Não deixes de subir ao último piso
Só aqui vais poder admirar as incríveis vistas para o Tejo, para a zona de Belém e para a Margem Sul.
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10 – A Torre de Belém encontra-se aberta a visitas
Este monumento património pode ser visitada de terça-feira a domingo, em dois horários distintos:
- Outubro a abril (das 10h às 17h30; última entrada às 17h)
- Maio a setembro (das 10h às 18h30; última entrada às 18h)
Além das segundas-feiras, também encerra a 1 de janeiro, no domingo de Páscoa, 1 de maio e 25 de dezembro.
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