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Conheça parte dos feitos de D. Miguel, um rei que desempenhou um papel importante em diferentes vertentes. Saiba mais acerca deste rei “inimitável”…
Ao longo da história Portugal, houve diversos reis. Muitos destacaram-se por um reinado repleto de batalhas; outros fizeram história nos mares do mundo, havendo outros que desapareceram demasiado cedo.
D. Miguel foi rei, mas enquanto jovem, demonstrou ser tão humano quanto outros, cometendo erros, deixando-se levar por tentações. Quer saber mais sobre ele?
D. Miguel I
Nasceu no dia 26 de outubro de 1802, em Lisboa. Ele ficou conhecido como “O Tradicionalista”. Filho de D. Carlota Joaquina e do Rei D. João VI “O Clemente” (que reinou Portugal entre 1816 e 1826), tal como o seu irmão D. Pedro IV, “O Rei Soldado”, que foi rei por pouco tempo, em 1826.
D. Miguel I, que ficou conhecido como “O Tradicionalista”, uniu-se a D. Adelaide Sofia Amélia Luísa Joana Leopoldina de Loewenstein Wertheim Rochefort Rosenberg. Ele reinou entre 1828 e 1834, tendo falecido na Alemanha. Quando tinha apenas 5 anos, o infante tinha partido para o Brasil juntamente com a família.
Momentos de uma história incrível
No dia 22 de fevereiro de 1828, foi momento de celebrar a chegada de D. Miguel a Lisboa. No regresso de um exílio de quatro anos, celebrou-se uma festa que acabou por descambar numa orgia de violência.
A fragata Pérgola desembarcou no cais de Belém e, de lá até ao palácio, num percurso que Oliveira Martins descreveu da seguinte forma: ”foi um triunfo: um trovão de vivas, um desespero de gritos, um dilúvio de flores, bandeiras, colchas, foguetes em girândolas!”.
O momento
Para o povo, estavam a receber “o arcanjo S. Miguel”. O infante, com 25 anos, era garboso na farda enfeitada que se encontrava com penachos e galões.
Nesse dia, vários bandos de populares encontravam-se armados de cacetes. Percorreram as ruas à procura de liberais, não apenas para os provocar, mas também para agredir. Berravam morras aos “malhados”, que eram os defensores do regime constitucional e à Maçonaria chamavam de “canalha pedreiral”, os pedreiros-livres.
Os apoiantes do rei cantavam:
“O rei chegou, o rei chegou!
E em Belém desembarcou;
Na barraca [palácio das Cortes] não entrou
E o papel [Carta Constitucional] não assinou!
C’o papel o cu limpou!”
O princípio
O rumo da história veio a revelar que tinha sido apenas o início, pois seguiram-se anos que tornaram a violência comum. Portugal foi palco de confrontos constantes.
Existia uma feroz repressão contra todas as pessoas que os miguelistas acusavam de serem partidárias do liberalismo, que tinha sido instaurado pela revolução de 1820.
A família
No Rio de Janeiro, D. Miguel viu o pai, D. João VI, ser obrigado a jurar a sua adesão à revolução portuguesa na sequência dos tumultos de fevereiro de 1821.
D. Miguel, então com 18 anos, tinha ficado traumatizado. D. Miguel voltou para Lisboa com os pais e tornou-se o chefe do partido absolutista. D. Pedro, que era o seu irmão mais velho, preferiu ficar no Brasil e abraçar a causa liberal.
Os reis…
Em 1824, na sequência do fracasso do golpe da Abrilada, em que tentou derrubar o governo de D. João VI, foi desterrado para Viena de Áustria. O rei faleceu 2 anos depois, ficando D. Pedro, imperador do Brasil, como sucessor.
No entanto, D. Pedro era conhecedor dos “anticorpos” que contra ele existiam em Portugal por considerarem ter sido ele o principal responsável pela independência brasileira. Por isso, D. Pedro IV (em Portugal) outorgou a Carta Constitucional. Posteriormente, abdicou da coroa a favor da sua filha, D. Maria II, que na época era uma menina de oito anos.
União
D. Pedro pretendia reconciliar os portugueses, um povo que se encontrava dividido entre liberais e absolutistas. Assim, não perdoou apenas “os desatinos do mano Miguel”, como o nomeou para o lugar de tenente e ainda lhe arranjou casamento com D. Maria II, filha de D. Pedro. Em troca destas medidas, D. Miguel teria de jurar aderir ao regime constitucional.
A receção
D. Miguel ficou entusiasmado com a apoteótica receção que foi realizada em Lisboa. Ele, que renegou o juramento que fizera da Carta Constitucional em julho de 1828. D. Miguel foi assim aclamado rei absoluto pelas Cortes que se encontravam reunidas bem à maneira da Idade Média: clero, nobreza e povo.
Justiça
Assim, as forças do Cais do Sodré, em Lisboa, passaram a fazer parte do imaginário nacional. De acordo com Oliveira Martins, entre 1828 e 1834 foi feita “justiça”, tendo sido realizados 115 enforcamentos, sendo que entre estes, a esmagadora maioria foi por motivos políticos.
O mesmo Oliveira Martins refere que foram mais de 26.700 os presos políticos que foram distribuídos pelas prisões, nomeadamente na Prisão do Limoeiro, em Lisboa, e na Prisão de S. Julião da Barra, em Oeiras.
Entre os presos estava Borges Carneiro, que foi um dos líderes da revolução de 1820. Na sequência desta perseguição, muitos milhares de portugueses “optaram” pela emigração. Por razões políticas, foram mais de 13.700 a fazer o mesmo.
A filha rainha
D. Pedro abdicou da coroa do Brasil, em 1831, tendo decidido fazer da filha rainha constitucional de Portugal. Ele formou um exército composto por emigrados portugueses e por mercenários que tinham sido recrutados em França e Inglaterra.
Depois, iniciou a Guerra Civil (1832-1834). D. Miguel, derrotado, assinou a Convenção de Évora Monte. Depois, a 27 de maio de 1834 partiu para o exílio. No entanto, desta vez não houve regresso… ele morreu na Alemanha, mais precisamente em Brombach, com 64 anos. O dia da sua morte foi 14 de novembro de 1866.
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