António Costa constatou o óbvio ululante no Público, ou seja, o fracasso das políticas neoliberais. Na mesma semana, do alto da presidência portuguesa, imaginando-se no centro do mundo, Augusto Santos Silva foi notícia, e logo no Financial Times, porque sentenciou que a “credibilidade” da UE estaria ameaçada pela não ratificação do acordo de comércio e investimento, ditos ainda mais livres, com o Mercosul.
Parece que há países com preocupações ambientais, entre outras. Na prática, as únicas políticas credíveis ainda são as que falham.
A ideologia zumbi da terceira via culmina sempre nos negócios estrangeiros e nas guerras sem fim.
Agora, aposta-se tudo na importação de picanha barata, à custa da Amazónia, a ser destruída pelo capitalismo capitaneado por Bolsonaro, e à custa dos circuitos mais localizados e eventualmente sustentáveis de produção do lado de cá e de lá.
Nada temeis, ambientalistas: as emissões de metano seriam reduzidas por cá e o que está longe não conta.
De resto, não há falha do mercado que não se disfarce com a criação de mais mercados ineficazes, por exemplo de direitos de emissão na UE. Confiai na UE, a maior máquina liberalizadora jamais inventada, à boleia da retórica do New Deal verde e de outras metáforas para Estados realmente existentes e não para este incompetente objecto político não-identificado.
Definitivamente, não precisamos de políticos do fim da história, agora que esta visivelmente recomeçou no meio de catástrofes em cadeia, com raízes socioeconómicas evidentes.
E estas catástrofes de resto não se enfrentam com cadeias de produção cada vez mais longas e opacas, mas sim com uma desglobalização pragmática e já testada, agora com novos fins.
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