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Militantes representantes dos trabalhadores queixam-se de ser "escorraçados" pelo Governo e deixados de fora da negociação coletiva.
Os militantes socialistas que são, simultaneamente, sindicalistas, estão descontentes por António Costa afastar os representantes dos trabalhadores do parlamento e até de órgãos nacionais do partido.
Pedroso bateu com a porta, Carlos Silva está de saída da UGT, José Abraão diz-se "profundamente descontente" e Rui Riso admite uma "enorme tristeza" pela forma como o PS tem tratado os sindicalistas.
"Sou um socialista democrático, preocupado com o futuro do sindicalismo e desvinculado da militância partidária e partilho com Carlos Silva o desencanto com o modo como esse partido trata, não a UGT, mas o sindicalismo em geral", escreveu, no Facebook, o ex-ministro do Trabalho socialista, Paulo Pedroso.
Carlos Silva, secretário-geral da UGT, revelou, em entrevista durante o fim de semana, que não irá recandidatar-se à liderança da estrutura sindical, devido ao desgaste que e à falta de apoio do PS para continuar a representar os trabalhadores.
Ao JN, Carlos Silva confirmou que está cansado da "falta de respeito" que atribui às opções de António Costa, uma vez que "o PS é mais do que o atual líder". Não pensa, por isso, abandonar a militância, ainda que com "grande preocupação e amargura com o que se vai passando no PS" que "escorraçou os sindicatos, quando devia ser o primeiro, por convicção, a defender os trabalhadores".
"Quando o PS é Oposição, os sindicatos são valiosos. Quando é Governo, somos empecilhos", conclui, por sua vez, o representante dos sindicatos da Função Pública (Fesap). Para José Abraão, o PS "levou a negociação coletiva para o Parlamento pela necessidade de construir maiorias", desvalorizando "os sindicatos, enquanto representantes dos trabalhadores, que só são confrontados com decisões já tomadas, sem diálogo social". O PS "deveria ter representantes da área do trabalho nos órgãos do partido e no parlamento, como teve o Rui Riso", defendeu.
Riso foi o último sindicalista no parlamento, na anterior legislatura, não tendo sido escolhido para integrar as listas do atual Governo. "Tenho pena que tenha sido assim, mas só a quem escolheu [António Costa] podemos perguntar o motivo.
A mim, cabe-me aceitar", comentou o presidente do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas. "Acho que devia lá estar, até porque contribuiria para que os sindicatos fossem valorizados na sociedade portuguesa. Quero acreditar que foi um erro de casting, que o PS terá o cuidado de corrigir no futuro", concluiu.
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