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sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

"Morro mas não me rendo!". Brest e Misnk, conheça a Bielorrúsia



Grandes acontecimentos históricos são sempre recheados de demonstrações de heroísmo por parte das massas e confirmam a máxima de Marx de que são elas que fazem a roda da História girar. São os heróis anônimos, que raramente aparecem nos livros ou documentários, mas cuja ação consciente é o que muda o rumo dos barcos nas grandes tormentas da humanidade.



É esse o caso da população de Brest, uma pequena cidade da Bielorrússia, primeira região da União Soviética a sofrer a enorme tragédia da invasão nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Qualquer um que tenha estudado a respeito deste período já ouviu falar da bravura do Exército Vermelho e do povo russo na Batalha de Stalingrado, tendo sido esta saudada nos versos do belíssimo poema Carta a Stalingrado, de Carlos Drummond de Andrade.



Mas quem já ouviu falar da Fortaleza de Brest? Essa cidade situava-se num ponto estratégico do ponto de vista militar, pois guardava os caminhos que levavam às posições do Grupo de Exércitos do Centro, além de controlar os pontos de travessia do rio Bug, bem como a rodovia e a ferrovia que ligavam Moscou à Varsóvia, na Polônia. Por esta razão, foi a primeira região a ser atingida pela Operação Barbarossa de Hitler, que visava tomar rapidamente a fortaleza e controlar as posições do Exército Vermelho. O que os alemães não esperavam é que a cidade e os 8 mil combatentes nela posicionados fossem oferecer tamanha resistência.



Para fazer jus à brava luta de Brest e comemorar o aniversário da vitória soviética sobre os exércitos de Hitler, o diretor bielorrusso Aleksandr Kott lançou, em 2010, o filme Bretskaya Krepost (A Fortaleza de Brest), lançado no Brasil com o título A Resistência, no qual narra os dramáticos acontecimentos na perspectiva dos soldados da heroica guarnição do extremo ocidente da União Soviética.





Aclamada por diversos críticos de cinema, a película de Kott foi classificada como um dos melhores filmes de guerra dos últimos 20 anos. E não é para menos: toda a montagem e produção são espetaculares, desde o roteiro à fotografia, além da preocupação com a fidelidade histórica, tendo o roteirista submetido o texto à revisão do Museu da Fortaleza de Brest. A história é narrada em off pelo veterano Sasha Akimov. Através de suas memórias, Akimov nos transporta para o dia 22 de junho de 1941, data do ataque inimigo, quando ele, então um jovem de 15 anos, vivia as contradições típicas da sua idade, dividido entre a rivalidade com o irmão mais velho e a paixão pela bela Anya, quando é bruscamente lançado no meio do fogo da batalha que se seguiu.




Desde os primeiros minutos as cenas são impactantes e o cenário de guerra não deixa nada a dever aos clássicos filmes do gênero de Hollywood. Nem poderia ser diferente, se levarmos em conta o legado do cinema soviético para o campo cinematográfico. Sasha se revela, desde o começo, um dos heróis do filme e neste ponto merece todos os aplausos a interpretação do jovem ator Alexey Kopashov, que consegue nos fazer sentir toda a angústia de uma criança num campo de guerra. Todos os movimentos de câmera reforçam a sensação de estarmos dentro da cena. A sequência da narrativa, a maquiagem impecável e a tensão que paira no ar nos transmitem com crueza a violência física e psíquica que envolve um evento dessa natureza.

Turismo

Três das cidades mais atraentes da Bielorrússia são Minsk, Brest e Vitsebsk, e todas começam a receber uma razoável quantidade de visitantes. Ainda assim, os turistas ainda não são em número que justifique aconselhar datas para fugir às multidões. Os Parques Nacionais Belavezhskaya e Pripyatsky são também importantes argumentos para visitar a Bielorrússia.

Minsk

Percebem-se claramente dois modelos de arquitetura. Um primeiro estilo palaciano, triunfante, com arabescos, balaustradas e portais. Pode ser chamado de classicismo socialista ou simplesmente stalinista. O outro estilo é modernista, de linhas retas e funcionais, herdeiro do construtivismo. Usa vidro, concreto e metal. O curioso é que parecem radicalmente opostos, mas pouquíssimo tempo separa um do outro.


Aliás, ninguém consegue classificar a arquitetura daqui sem o corte ideológico. É só pegar os substantivos realismo, classicismo e modernismo e os adjetivos socialista, stalinista, comunista e soviético e juntar do jeito que quiser. Aqui a arquitetura é politizada como em nenhum outro lugar, como se os prédios carregassem consigo todo o discurso político. É a arquitetura como manifesto.



Minsk é na verdade muito antiga. Existe desde o século 11, e sofreu como poucas cidades no mundo. Foi ocupada pelos tártaros em 1505, pelos franceses em 1812, pelos alemães em 1918, pelos poloneses em 1920, e quase totalmente destruída na Segunda Guerra Mundial.

O Museu Bielorrusso da Grande Guerra Patriótica (com esse nome extraordinário) fica na Praça da República. Particularmente impressionantes são as fotos dos enforcamentos, em praça pública, dos acusados de resistir à ocupação nazista. Enforcavam o suspeito e ainda colocavam um cartaz no pescoço que dizia: “este é um partisan que desafiou a autoridade alemã”. Do ponto de vista museográfico é mais complicado. Salas e salas com vitrines de madeira, dioramas de batalhas, condecorações e fotos em preto e branco com longas legendas, em russo, naturalmente.

A cidade que se vê hoje é produto da intensa reconstrução que se seguiu à guerra, quando 80% da cidade foi destruída. Essa espécie de tabula rasa urbana acabou oferecendo uma oportunidade para o governo erguer uma nova cidade à sua imagem e semelhança. Mostraram assim uma incrível capacidade de recuperação.




É fácil falar da falta de esquinas, das longas avenidas e dos blocos residenciais. Mas é preciso entender a cidade da perspectiva de quem ao mesmo tempo venceu a guerra, mas foi destruído por ela. A arquitetura triunfante precisou celebrar a vitória porque era a única coisa que restara. Os blocos residenciais em série são de certa forma a tentativa desesperada de abrigar quem perdeu tudo.



Os monumentos são belíssimos. Os bielorrussos parecem venerar os generais e os poetas com a mesma reverência. Cada um luta com as armas que tem.



As duas linhas de metrô se cruzam na esquina da belíssima Avenida da Independência com a Avenida Lenin. É bastante profundo e muito barato. Como os bancos são colocados longitudinalmente, as pessoas ficam sentadas de frente umas para as outras. É o lugar perfeito para estudar fisionomias e ficar especulando sobre a vida alheia. O que fazem? Pra onde vão?
Quando ir / o que visitar

Com um clima marcadamente continental, a Bielorrússia tem invernos agressivos e verões quentes: as temperaturas médias em janeiro oscilam entre os 4 e os 8 graus negativos e, no verão, apesar das temperaturas poderem chegar aos 30 graus, a verdade é que as médias não ultrapassam muito os 18 graus. Se não se importar muito com o frio, os invernos com muita neve trazem as paisagens mais bonitas à Bielorrússia, sobretudo para quem tem a sorte de a visitar em dias ensolarados.

Lista de patrimônios mundiais da Bielorrússia:
  1. Parque Nacional Białowieża / Belovezhskaya Pushcha (1979, 1992) (região transfronteiriça com a Polônia)
  2. Complexo do Castelo de Mir (2000)
  3. Complexo Arquitectónico, Residencial e Cultural da Família Radziwill em Nesvizh (2005)
  4. Arco Geodésico de Struve (2005)










#Bielorrússia
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