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quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

IRÃO/USA


 “A vingança dos Guardiães da Revolução começou”. Quer isto dizer, citando o comunicado das forças de Teerão, que o Irão cumpriu as ameaças e retaliou contra os Estados Unidos. Mais de vinte mísseis balísticos foram disparados contra as bases aéreas de Al-Asad e Erbil, no Iraque, onde estão estacionadas forças norte-americanas. A primeira ronda de ataques aconteceu praticamente à mesma hora em que os EUA mataram Qassem Soleimani, o major-general e comandante da força de elite iraniana. Foi o início de uma longa madrugada de alta tensão que consumou a escalada entre as duas partes. E depois já esta manhã, numa série de coincidências improváveis, o Irão continuou a ser o local onde tudo parece estar a acontecer: caiu um avião ucrâniano no aeroporto de Teerão e há registos de um sismo perto de uma central nuclear. Portanto, bom dia, pegue na chávena de café – que hoje é preciso estar bem acordado para perceber tudo o que se passa -, e vamos lá a isto.

Irão. Uma “chapada na cara”


  • O Irão lançou dezenas de mísseis balísticos a duas bases dos EUA no Iraque na madrugada desta quarta-feira.
  • Os ataques aconteceram depois do funeral do principal general iraniano, Qassem Soleimani, morto numa operação militar americana na última sexta-feira;
  • Apesar da televisão iraniana ter falado da morte de “80 terroristas dos EUA”, até agora não há registo de vítimas;
  • Num comunicado conhecido divulgado esta manhã, as forças militares do Iraque asseguram que um total de 22 mísseis atingiram as duas bases norte-americanas: 17 atingiram a base de al-Asad, incluindo dois que não detonaram, e outros cinco alcançaram a base de Erbil
  • As forças militares norte-americanas asseguraram que as tropas foram alertadas a tempo de alcançar os abrigos antes de os mísseis atingirem as bases;
  • Após o ataque, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Mohammad Javad Zarif, escreveu no Twitter que “o Irão tomou e concluiu medidas proporcionais em legítima defesa” e que o país não está à procura de uma guerra;
  • O supremo líder do Irão, Ali Khamenei, falou ao país para dizer que o martírio de Qassem Soleimani “mostrou que a revolução está viva” e que o Irão deu “uma chapada na cara ontem à noite” aos EUA, mas que “isso não é equivalente ao que eles fizeram”.
  • O presidente iraniano também carregou nas ameaças: “Cortaram a mão do corpo de Soleimani, os vossos pés serão cortados desta região”.
  • Em Wahington, houve reunião de emergência na Casa Branca, com o secretário de Estado Mike Pompeo, o secretário da Defesa Mike Esper e o vice-Presidente dos Estados Unidos Mike Pence.
  • Chegou a pensar-se que Trump falaria ao país, mas a comunicação chegou (como é hábito) via Twitter. “All is well!”, escreveu o Presidente dos EUA.  Estaria Trump a assegurar que está tudo bem? Ou, como admite uma das repórteres do New York Times que melhor conhece o Presidente, estaria a fazer uma referência a uma cena do filme Animal House?
  • Da Europa já chegou o apelo ao diálogo, com a Presidente da comissão Europeia Ursula Von der Leyen a pedir que “o uso de armas pare agora” de maneira a dar espaço ao diálogo.


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