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sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

BRASIL - A história de Osvaldão – Líder Comunista contra a Ditadura Militar



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Pouco se sabe hoje em dia sobre a ditadura militar, nossa história não é contada como realmente aconteceu para a população em geral. Os poucos heróis que possuímos, não são conhecidos pela maioria, os que lutaram para democratizar o país. Músicos, cineastas, jornalistas e qualquer pessoa comum que fosse suspeito de conspiração contra o governo, era perseguido e torturado.
Hoje podemos ir aonde quisermos, podemos falar qualquer coisa, seja na TV, na rua, nas redes sociais ou até mesmo em um simples blog.
Houve um tempo que não existia  liberdade, e vários heróis quase anônimos lutaram para o Brasil se tornar o que é hoje. Muitos foram mortos, torturados ou exilados, outros se revoltaram e se tornaram guerrilheiros.
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Forças Armadas na Guerrilha do Araguaia

A ditadura militar foi um mal terrível, foi uma das piores coisas que aconteceram no país, a ponto de um dos heróis ser fuzilado, decapitado como Tiradentes, mas isso em pleno 1974, há apenas 40 anos atrás, no que foi conhecido como Guerrilha do Araguaia, e o herói pouco conhecido em questão foi Osvaldo Orlando da Costa, o Osvaldão(1938 – 1974).
Antes da história deste herói quase anônimo, vamos contar o que foi a Guerrilha do Araguaia.
A Guerrilha do Araguaia
A Guerrilha do Araguaia foi um movimento guerrilheiro existente na região amazônica brasileira, ao longo do rio Araguaia, entre fins da década de 1960 e a primeira metade da década de 1970. Criada peloPartido Comunista do Brasil (PCdoB), tinha por objetivo fomentar uma revolução socialista, a ser iniciada no campo, baseada nas experiências vitoriosas da Revolução Cubana e da Revolução Chinesa.
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José Genuíno participou na época, ainda tinha ideais, agora…

Combatida pelas Forças Armadas a partir de 1972, quando vários de seus integrantes já haviam se estabelecido na região há pelo menos seis anos, o palco das operações de combate entre a guerrilha e os militares se deu onde os estados de Goiás, Pará e Maranhão faziam divisa. Seu nome vem do fato de se localizar às margens do rio Araguaia, próximo às cidades de São Geraldo do Araguaia e Marabá no Pará e de Xambioá, no norte de Goiás (região onde atualmente é o norte do estado de Tocantins, também denominada como Bico do Papagaio).
Estima-se que o movimento que pretendia derrubar o governo militar, tomar o poder fomentando um levante da população, primeiro rural e depois urbana, e instalar um governo comunista no Brasil como havia sido feito em Cuba e na China.
Era composto por cerca de oitenta guerrilheiros sendo que, destes, menos de vinte sobreviveram, entre eles, o ex-presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), José Genoíno, que foi detido pelo Exército em 1972, ainda na primeira fase das operações militares. A grande maioria dos combatentes, formada principalmente por ex-estudantes universitários e profissionais liberais, foi morta em combate na selva ou executada após sua prisão pelos militares, durante as operações finais, em 1973 e 1974.  Mais de cinquenta deles são considerados ainda hoje como desaparecidos políticos.
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Um dos últimos jantares dos guerrilheiros

Desconhecida do restante do país à época em que ocorreu, protegida por uma cortina de silêncio e censura a que o movimento e as operações militares contra ela foram submetidos, os detalhes sobre a guerrilha só começaram a aparecer cerca de vinte anos após sua extinção pelas Forças Armadas, já no período de redemocratização.

O Guerrilheiro Osvaldão (Osvaldo Orlando da Costa)
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Osvaldão foi militar antes de guerrilheiro

Filiação: Rita Orlando dos Santos e José Orlando da Costa
Data e local de nascimento: 27/04/1938, Passa Quatro (MG)
Organização política ou atividade: PCdoB
Data do desaparecimento: entre janeiro e abril de 1974
Mineiro de Passa Quatro, Osvaldão, como era conhecido, foi o primeiro quadro do PCdoB a chegar ao Araguaia, entre 1966 e 1967. Negro, 1,98m de altura, forte, era tido como generoso e corajoso, sendo muito respeitado pelos moradores e por seus companheiros. Carismático e temido pelos militares, foi um grande mito da guerrilha entre a população da região, ao lado de Dina.
Entre 1952 e 1954 morou na cidade de São Paulo, onde fez o curso Industrial Básico de Cerâmica na Escola Técnica. Mudou-se para o Rio de Janeiro e se formou na Escola Técnica Federal, como Técnico de Construção de Máquinas e Motores, em 1958. Como atleta, vinculou-se ao Botafogo Futebol e Regatas, onde foi campeão carioca de boxe. Tornou-se oficial da reserva do Exército, após servir no Centro de Preparação de Oficiais da Reserva – CPOR do Rio de Janeiro.
Viajou para a antiga Tchecoslováquia (atual República Tcheca), onde cursou até o 3º ano de Engenharia de Minas, em Praga. Em sua homenagem, o escritor tcheco Cytrian Ekwensi escreveu, em 1962, o livro O homem que parou a cidade (“Lidé  z  mesta”)..  O guerrilheiro só contou esse segredo, em 1963, à sua irmã Irene Orlando, que recebeu, com uma dedicatória, um exemplar do livro. Por sua militância política, foi obrigado a viver na clandestinidade logo depois de abril de 1964, quando já militava no PCdoB.
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Quando chegou ao Araguaia entrou na mata como garimpeiro e mariscador, tornando-se o maior conhecedor da área entre os militantes do PCdoB ali instalados. No ano de 1969, fixou residência numa posse que adquiriu às margens do Rio Gameleira. Sobre Osvaldão surgiram inúmeras lendas. Sobre sua bondade, sua força, sua coragem e também sobre sua pontaria. Foi comandante do Destacamento B, onde participou com êxito de vários combates. Foi, ao lado de Dina, o mais conhecido dos militantes do PCdoB entre a população do Araguaia.
Estava no acampamento da Comissão Militar quando ocorreu o ataque das Forças Armadas no dia de Natal de 1973, conseguindo escapar. Segundo depoimentos de moradores da região, foi morto em abril de 1974, próximo à Semana Santa, perto de São Domingos. Seu corpo foi dependurado por cordas em um helicóptero que o levou de Saranzal, local onde foi morto, até o acampamento militar de Bacaba e de lá para Xambioá. Na primeira vez em que o cadáver foi içado pelo helicóptero, caiu e fraturou ossos da perna. Posteriormente, sua cabeça foi decepada e exposta em público. Na base militar de Xambioá, seu cadáver foi violado por chutes, pedradas e pauladas dadas pelos militares, sendo finalmente queimado e jogado no buraco conhecido como “Vietnã” (vala situada ao final da pista de pouso da Base Militar de Xambioá), onde eram lançados os mortos e moribundos. Com o término das operações militares, foi feita uma grande terraplanagem para descaracterizar o local.
José Rufino Pinheiro, que durante 6 meses e 16 dias ajudou o Exército na mata, entre 1973 e 1974, afirma ter presenciado a morte de Osvaldão, quando guiava um batalhão com 32 soldados. Segundo declaração prestada por ele, em 05/07/2001, ao Ministério Público Federal em São Domingos do Araguaia, Osvaldão foi morto na capoeira do Pedro Loca, junto da Palestina, por volta de 4 horas da tarde, por Arlindo Piauí, que era guia formado (homem de confiança do Exército). José Rufino conta que Osvaldão, muito magro e com fome, estava de costas, comendo macaxeira sentado num tronco caído, quando foi alvejado. Segundo o guia, ele foi atingido com um tiro só, de uma cartucheira 12, e o corpo foi levado pelo Exército para Xambioá, sendo um dos últimos guerrilheiros a ser morto.
Os relatórios militares trazem datas diferentes das relatadas pelos moradores da região, unânimes na afirmação de que Osvaldão foi morto em abril de 1974. O Relatório do Ministério do Exército, de 1993, aponta como data da morte 07/02/1974, informando ainda que Osvaldão teria realizado curso de guerrilha na Escola Militar de Pequim e que seria responsável pela execução de Pedro Ferreira da Silva, apontado como guerrilheiro, mas na verdade um grileiro de terras e informante das forças de repressão. O Relatório da Marinha, também de 1993, indica 02/01/1974 como data de sua morte. Hugo Studart, em A Lei da Selva, informa que o Dossiê Araguaia registra a morte em abril de 1974, o que coincide com dezenas de depoimentos colhidos entre moradores locais. Studart acrescenta, ainda, que seu corpo foi enterrado no cemitério de Xambioá, mas no ano seguinte foi exumado e levado para ser queimado na Serra das Andorinhas.
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 Dina foi uma das guerrilheiras desaparecidas

O livro de Taís Morais e Eumano Silva, “Operação Araguaia”, discorre sobre suas atividades e sua morte: “Dava especial atenção ao treinamento militar e mostrava-se crítico com o despreparo dos companheiros. Matou um militar em encontro casual na mata e participou da execução de um morador. Tornou-se lenda na área da guerrilha. No imaginário da população, Osvaldão adquiriu fama de imortal. Os soldados inexperientes tremiam de pavor quando ouviam histórias sobre o gigante invencível. Os agentes secretos caçavam o comandante negro e ofereciam recompensa para quem informasse seu paradeiro. O mateiro Arlindo Piauí viu Osvaldão sentado na mata e, antes de qualquer reação do guerrilheiro, atirou e matou o mais famoso dos comunistas do Araguaia. A Marinha registra a morte em 7/2/74. O corpo foi içado pelo helicóptero e mostrado em toda a região antes de ser levado para a Base de Xambioá”.
Documentário sobre a Guerrilha do Araguaia – Parte 1:

VÍDEO
Video que comenta sobre a condenação do Brasil pela Corte Interamericana em 2013  a investigar a batalha e o desaparecimento de vários guerrilheiros na Guerrilha do Araguaia:

VÍDEO

ednene.wordpress.com

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