
Grande feito: Terceira Colocada na Copa do Mundo de 1966. Conquistou a melhor colocação na história da seleção portuguesa em mundiais.
Time base: José Pereira (Carvalho); Morais, Baptista, Vicente e Hilário; Jaime Graça e Mário Coluna; José Augusto, Eusébio, Torres e Simões. Técnico: Otto Glória.
“Os encarnados e sua Pantera”
Eles jamais haviam disputado uma Copa do Mundo. Mas, quando o fizeram, foram simplesmente brilhantes e por pouco, mas muito pouco, não levantaram a taça Jules Rimet em pleno estádio de Wembley sob possíveis olhares nada amistosos de sua majestade. Com um futebol exuberante, talentoso e puramente ofensivo, Portugal encantou o mundo na Copa de 1966. Os portugueses desfilaram pelos gramados ingleses com um poder de fogo alucinante e uma estrela acima da média: Eusébio, o Pantera Negra, maior jogador português de todos os tempos. Com nove gols, o atacante veloz, forte e com uma explosão digna do mais feroz felino merecia, como sua seleção, sorte melhor naquela Copa. Mas, assim como muitas outras equipes, Portugal sucumbiu para outro time nem tão brilhante assim, a Inglaterra, que mais tarde ficaria com o título. No entanto, Portugal deixou sua marca na história e alcançou o terceiro lugar, coisa que nem mesmo a geração de Rui Costa, Vítor Baía, Figo e Pauleta conseguiu. É hora de relembrar.
Organização e safra de ouro
![seleccao nacional futebol 66 santa nostalgia_thumb[2]](https://i0.wp.com/www.imortaisdofutebol.com/wp-content/uploads/2013/04/seleccao-nacional-futebol-66-santa-nostalgia_thumb2.jpg?resize=454%2C315)
Antes mesmo de a Copa começar, Portugal já tinha muita esperança de classificação para o Mundial inglês de 1966. Ela morava no talento da geração de craques lusitanos naqueles anos 60 e na organização da federação portuguesa, que colocou no comando da equipe um técnico selecionador, Manuel de Luz Afonso, e outro técnico, de campo, o brasileiro Otto Glória, já famoso no país após títulos conquistados pelo Benfica, Os Belenenses e Sporting, além de ter sido o próprio Glória, lá no final dos anos 50, a ter começado a montar o maior time português de todos os tempos: o Benfica bicampeão europeu de 1961 e 1962, já sob comando do húngaro Béla Guttmann. Com dois comandantes fora das quatro linhas, a equipe começou a tomar forma e tinha como grande estrela o artilheiro Eusébio, tido pelos portugueses como o “novo Pelé” tamanha sua qualidade. Ele chutava bem, cabeceava melhor ainda, tinha uma velocidade alucinante e uma explosão até maior que o Rei. Era sublime e um espetáculo a parte ver aquele moçambicano de nascimento jogar. Outro craque de Moçambique (colônia portuguesa na época) fundamental naquele esquadrão era Mário Coluna, cerebral no meio de campo e capaz de organizar jogadas, dar lançamentos precisos e até mesmo marcar gols. A dupla era muito bem amparada por seus companheiros de Benfica no ataque como José Augusto, Torres e Simões, além dos defensores viris e seguros vindos em grande parte do Sporting, como Hilário, Morais e Baptista, além do goleiro José Pereira e Vicente, ambos d´Os Belenenses.





No estádio Goodison Park, em Liverpool, países intimamente ligados pela história se enfrentaram pela primeira vez em Copas num jogo marcante e decisivo. Portugal, acredite, era o favorito. O Brasil não era nem sombra do time bicampeão do mundo em 1962 e se apoiava, sobretudo, a Pelé, tanto é que o técnico de Portugal, Otto Glória, deixou bem claro na véspera do jogo que os brasileiros não eram tudo aquilo:
“O Brasil tem o melhor futebol do mundo, mas essa é uma de suas piores seleções”. Otto Glória.
Sabendo da fragilidade brasileira, Portugal tratou de marcar Pelé, o único que poderia desequilibrar pelo lado canarinho, e fez o que pôde para brecá-lo, nem que fosse à base da porrada – exatamente o que os defensores Vicente e Morais fizeram. Pelé sofreu várias faltas em sequência naquele jogo, sendo as mais ríspidas da dupla portuguesa, cruciais para destroçar o jogador brasileiro, que teve de se arrastar em campo (na época não havia substituições) e nada pôde fazer para ajudar o Brasil. Diante de um adversário com 10 homens, muito nervoso e sem talento algum, Portugal tratou de liquidar o jogo rapidinho. Simões, aos 15´, aproveitou uma bobeada do goleiro Manga e fez 1 a 0. Eusébio, aos 26´, ampliou. Rildo, aos 28´ do segundo tempo, diminuiu para o Brasil, mas Eusébio deixou mais um aos 40´e decretou a vitória portuguesa por 3 a 1. Os lusitanos comemoraram não só a vitória, mas também o triunfo de “seu Pelé” sobre o original. Naquele dia, o “Pelé português” venceu o brasileiro por 2 a 0. E ainda por cima eliminou de uma vez os campeões do mundo.



Pane geral



Na disputa pelo terceiro lugar, Portugal superou a URSS por 2 a 1, com gols de Eusébio (preciso falar que foi de pênalti?) e Torres, e alcançou o incrível bronze naquela Copa de 1966. Em sua primeira participação, a equipe conseguia um desempenho mais do que histórico. Porém, tanto nos torcedores quanto nos jogadores ficou aquele gosto de decepção. Afinal, com o futebol apresentado, os nove gols de Eusébio (artilheiro da Copa), e o poder de fogo daquele esquadrão, dava para ter abocanhado, sem dúvidas, a Taça Jules Rimet. Faltou ousadia e raça diante dos esnobes ingleses. Uma pena.
Seleção imortal

Após a campanha memorável na Inglaterra, Portugal demoraria 20 anos para disputar uma nova Copa, só em 1986, no México. A equipe disputou ainda os mundiais de 2002 (21º lugar), 2006 (4º lugar), 2010 (11º lugar) e 2014 (18º lugar), mas sem conseguir superar ou igualar a posição alcançada por aquele esquadrão de 1966, que permanece como o maior e mais talentoso já formado pelo país em todos os tempos.
Os personagens:
José Pereira: não era um grande goleiro, mas até que foi bem nos jogos que disputou naquela Copa. No entanto, falhou no primeiro gol da Inglaterra na semifinal e prejudicou a equipe lusitana. Fez carreira no time d´Os Belenenses e jogou até os 35 anos de idade.
Carvalho: goleiro do Sporting na época, Joaquim Carvalho jogou algumas partidas antes da Copa pela seleção e o primeiro jogo da campanha bronzeada de 1966, mas depois foi substituído por José Pereira. Fez parte do Sporting campeão da Recopa Europeia de 1963-1964.
Morais: jogou mais de uma década no Sporting e conquistou quatro títulos pelo clube alviverde. Pela seleção, jogou entre 1966 e 1967 e ajudou o companheiro Vicente a “acabar” com Pelé no jogo decisivo da fase de grupos. Era bem baixo para um defensor (1,69m), mas tinha muita velocidade.
Baptista: zagueiro de muita qualidade técnica e elegância, Alexandre Baptista fez história no Sporting dos anos 60 e foi ídolo do clube. Pela seleção, fez uma ótima Copa e ajudou demais o sistema defensivo dos encarnados. Era um esportista completo e jogava, também, tênis, basquete e tênis de mesa.
Vicente: ao lado de Morais, Vicente Lucas fazia o “trabalho sujo” da zaga portuguesa com força e entradas mais duras. Pelé que o diga, pois foi vítima da dupla naquele fatídico jogo da fase de grupos. O zagueiro era um dos muitos jogadores nascidos na colônia de Moçambique e fez uma boa Copa do Mundo. Seu futebol de raça fez muita falta no jogo contra a Inglaterra.
Hilário: era um ótimo defensor e tomava conta do setor esquerdo da seleção portuguesa naquela Copa. Tinha muita força de vontade e se entregava como poucos em campo, mostrando amor à camisa e ao esporte. Era difícil passar por ele naqueles anos 60. Foi ídolo no Sporting.
Jaime Graça: Coluna armava as jogadas mais à frente, mas ele não seria o mesmo não fosse a proteção e segurança de Jaime Graça. O volante do Vitória de Setúbal era um dos grandes jogadores daquela equipe e transmitia muita confiança a todos os companheiros. Marcava muito bem, ajudava a zaga e cobria o meio de campo para o brilho de Coluna.
Mário Coluna: ficou conhecido como “Monstro Sagrado” pela incrível eficiência e técnica em campo. Mário Coluna foi um dos maiores jogadores da história do futebol português e mundial. Meio campista de extremo talento, com visão de jogo privilegiada, fôlego invejável e muita técnica, o craque foi referência do Benfica multicampeão de 1954 até 1970. Em 677 partidas pelo clube, marcou 150 gols. Foi o capitão de Portugal na campanha da Copa de 1966 e uma das maiores estrelas do mundial.
José Augusto: a seleção portuguesa abusava em ter ótimos jogadores ofensivos, e José Augusto era um deles. Muito técnico, driblador e goleador, Augusto foi outra peça marcante do time que encantou o mundo naquele ano de 1966. Brilhou intensamente no Benfica e marcou 138 gols em 308 jogos pelo clube vermelho.
Eusébio: o que dizer do “Pantera Negra”, um dos maiores jogadores da história do futebol, maior jogador da história do Benfica, artilheiro da Copa do Mundo de 1966 com 9 gols e um dos maiores ídolos do futebol português em todos os tempos? Eusébio é um mito do futebol e aterrorizou os adversários pela Europa por mais de uma década. Forte, rápido, habilidoso e muito, mas muito goleador, o craque é o maior artilheiro da história do Benfica com estrondosos 638 gols em 614 jogos pelo clube, uma fantástica média de 1,03 gols por jogo. Foi durante muitos anos o maior artilheiro, também, da seleção de Portugal com 41 gols em 64 jogos, até ser superado por Pauleta, que chegou aos 47 tentos. Eusébio é, também, o segundo maior artilheiro da história do Campeonato Português com 319 gols marcados. Vencedor de inúmeros prêmios na carreira e um mito em campo, Eusébio foi épico.
Torres: ganhou o apelido de “O Bom Gigante” pela altura (1,91m) e pela ótima presença de área, principalmente no jogo aéreo. Jogou no Benfica de 1959 até 1971 e balançou as redes 226 vezes em 259 partidas, outro atacante com ótima média de gols no clube de Lisboa. Pela seleção, marcou 14 gols em 33 partidas. Outro que brilhou naquele mundial.
Simões: pequenino, mas pequenino mesmo, com apenas 1,58m de altura, António Simões virava gigante com a camisa da seleção e do Benfica. Muito rápido e habilidoso, fazia várias tabelas no ataque do time e ajudava muito na ótima média de gols do esquadrão português. Atuou em 46 jogos pela seleção, mas não teve destaque em número de gols: só anotou 3. Pelo Benfica, fez 90 gols em 611 jogos.
Otto Glória (Técnico): o técnico brasileiro fez história no futebol português ao comandar vários times vencedores e, sobretudo, a melhor seleção lusitana de todos os tempos. Conseguiu reunir todos os maiores craques do país num só grupo, não teve problemas com o entrosamento de jogadores de equipes rivais e diferentes como Sporting e Benfica e fez história. Só pecou na semifinal, quando não fez seu time jogar com raça e força contra os ingleses, o que acabou custando a classificação. Mesmo assim, teve méritos e ganhou um lugar na história.
Extras:
5×3 épico
Veja os gols da vitória histórica de Portugal sobre a Coreia do Norte.
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Gigantes fabricantes de material esportivo travam guerra nos bastidores e gastam milhões para vestir as principais seleções de futebol do mundo e seus respectivos ídolos. A Copa do Mundo, que chega pela televisão às residências do mundo inteiro, é a grande vitrine de exposição de suas marcas e modelos, que, na esteira da febre do futebol, continuarão a ser vendidas nos anos seguintes.
URSS (1966)
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Brasil (1970)
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Peru (1978)
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Bélgica (1982)
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Itália (1982)
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Inglaterra (1982)
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França (1982)
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Brasil (1986)
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Dinamarca (1986)
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Escócia (1986)
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Argentina (1986)
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Alemanha (1990)
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Colômbia (1990)
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Espanha (1994)
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Nigéria (1994)
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EUA (1994)
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França (1998)
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África do Sul (1998)
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México (1998)
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Croácia (1998)
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Holanda (1998)
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Camarões (2002)
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EUA (2014)
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Nigéria (2018)
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