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segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

O PAPEL POUCO CONHECIDO DOS PORTUGUESES E MULHERES ESPANHOLAS QUE LUTARAM CONTRA OS NAZIS NA RESISTÊNCIA FRANCESA











O papel pouco conhecido dos portugueses que lutaram contra os nazis na resistência francesa. 
O Contacto dá aos seus leitores uma peça original do jornal Público de Portugal, da autoria do jornalista António Rodrigues. 
Um trabalho a partir da investigação de José Manuel Barata-Feyo que levanta o véu sobre a participação dos portugueses na Resistência francesa à ocupação nazi. No livro a "A Sombra dos Heróis" há pedreiros que chegaram a capitães, agentes secretos e façanhas capazes de inspirar muitos filmes.

Arriscaram a vida, muitas vezes sozinhos, outras vezes em pequenos grupos. Participaram em grandes batalhas, em episódios esquecidos da II Guerra Mundial, em pequenos ataques de sabotagem, em combates contra o exército alemão ou as forças do Governo colaboracionista de Vichy. Uns morreram antes mesmo de desenvolverem a sua actividade de resistência ou quando ainda davam os primeiros passos nela. 

Outros serviram de espiões, angariaram informação importante para o esforço de guerra, ajudaram prisioneiros a escapar, abrigaram, alimentaram, transportaram homens que teriam morrido às mãos do inimigo, combateram o exército alemão na Legião Estrangeira numa das mais famosas batalhas do Norte de África: Bir Hakeim.  

Assim começa o trabalho do jornal Público sobre o novo livro do jornalista português José Manuel Barata-Feyo, sobre o papel esquecido dos imigrantes portugueses no combate ao nazismo, que o Contacto divulga. 

Durante anos, a participação dos portugueses na Resistência francesa foi ignorada, enterrada nos arquivos, negada pela assumpção generalizada de que os portugueses não estiveram lá. José Manuel Barata-Feyo, que viveu exilado em França onde se formou em Filosofia, mergulhou em arquivos, falou com algumas fontes e socorreu-se da parca bibliografia publicada para contar essa “história desconhecida dos resistentes portugueses que lutaram contra o nazismo”, tal como refere o subtítulo de 

"A Sombra dos Heróis", agora editado pela editora Clube do Autor.


O veterano jornalista, que trabalhou para o New York Times, dirigiu as emissões em língua estrangeira da Rádio France International, foi correspondente da RTP e depois chefe de redacção de vários programas no canal público, além de fundador da revista Grande Reportagem, escreve que o seu livro é “um documento histórico onde centenas de resistentes portugueses foram agrupados de acordo com a sua participação em determinados acontecimentos relevantes”












Apesar da advertência de Barata-Feyo de que não estamos perante “um romance”, das mais de 300 páginas emergem histórias românticas, trágicas, episódios do mais generoso que reserva o ser humano de sacrifício a uma causa, de resistência a um inimigo por imperativo moral. E se em certos casos a glória é alcançada, não é em busca da mesma que se entrega a maioria destes homens. Alguns fazem-no por ideologia, por serem membros do Partido Comunista, outros apenas por serem humanos e sentirem o dever de resistir contra o invasor. Outros, por patriotismo, mesmo não sendo a França a sua pátria, adoptam-na.

“Estou motivado para ajudar a resistência: ganho a vida em França e acho natural defender o país contra os nazis, coisa que muitos franceses não fazem.” Avelino Paulino e o primo António, naturais de Forno Telheiro, no concelho de Celorico da Beira, trabalhavam como camponeses e lenhadores em Soulac, no Sudoeste de França, ajudaram a resistência e até participaram no episódio pouco conhecido da tentativa de reconquista de Espanha pelos republicanos espanhóis, apoiados pelo Partido Comunista Francês, em Autun, e que acabou com inúmeras baixas e nenhuma reconquista.

Barata-Feyo junta fotografias, fichas de arquivo, documentos de identificação das Forças Francesas Livres, da confederação de antigos guerrilheiros, resgata do esquecimento, do pó da história, rostos de homens e mulheres, portugueses que lutaram por um país que não sendo seu de nascimento, já o era de vida.

“Ignorados como um todo em França, todos ignorados em Portugal, os portugueses que lutaram contra os nazis durante a II Grande Guerra pareciam condenados a ficar eternamente na sombra da História. No caso deles, seria na sombra dos Heróis”, explica o jornalista logo a abrir o prólogo, depois de citar Ernest Hemingway, em "Por Quem os Sinos Dobram": “É sempre mais fácil aceitar um regime que combatê-lo.”

 

“A vergonha”

 O projecto do livro não nasceu com BarataFeyo, mas com o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, como o próprio explica no prefácio. 

O político refere que “a ideia de promover uma investigação à participação dos portugueses na Resistência” nasceu de “uma interessante conversa com o vereador português na Câmara de Paris, Hermano Sanches Ruivo”. Um tema que, acrescenta Moreira, “conhecia por relatos familiares” e entendeu “que a Câmara Municipal do Porto” deveria promover, “no âmbito da cultura e da defesa do património que elegeu como pedras basilares da sua política”.

“No início foi o desafio dele e a vergonha profissional que me levaram a tentar encontrar uma resposta”, confessa ao Público José Manuel Barata-Feyo. “Comecei por ter um bocadinho de vergonha, estive mais de uma década em França, era jornalista há mais de 40 anos e nunca tinha colocado a mim mesmo essa questão. Nunca tinha tido a curiosidade profissional de me interrogar sobre isso: houve ou não portugueses na resistência?”

Não tardou, no entanto, a perceber, que o desconhecimento não era só dele, antes generalizado. “Minutos depois da conversa com Rui Moreira, liguei para um colega nosso em Paris, da Agence France Presse, cujo pai tinha estado muito ligado ao De Gaulle durante a guerra, e ele fez meia dúzia de telefonemas e disse-me ‘não, portugueses na Resistência não houve’”, adianta o jornalista. “Em todo o lado, a resposta era zero. Portugueses não apareciam. Havia judeus, arménios, muitos espanhóis, portugueses nada”, acrescenta.

Ficou “desanimado” e, “se não fosse o tal sentimento de vergonha, teria desistido”. O “motor” do embaraço instigou-o a continuar. Além disso, o facto de ter sido exilado em França, de lá ter vivido mais de uma década, “contribuiu” para “o espevitar”.

Escreveu a associações de antigos resistentes, encomendou obras sobre a resistência e no livro da jornalista do Público Patrícia Carvalho, "Portugueses nos Campos de Concentração Nazis", encontrou a referência a um português que tinha sido enviado para um campo de concentração na Alemanha por ter sido feito prisioneiro a combater os alemães.

Se “pelo menos um havia”, poderiam existir outros. Enfiou-se nos arquivos históricos do Ministério de Defesa francês e “no meio de umas centenas de milhares de nomes”, descobriu “estes 347 portugueses”. “Fiquei surpreendido, porque é muita gente”, afirma Barata-Feyo. “A frieza dos números diz-nos que houve, proporcionalmente, mais portugueses a resistir aos nazis em França do que franceses”, afirma o jornalista. 

“E estamos a falar daqueles oficialmente homologados como resistentes”, porque há quem tenha participado e não esteja na lista, se calhar, porque nunca se deu ao trabalho de pedir esse estatuto. Só agentes secretos da França Livre, o exército comandado pelo general De Gaulle desde o exílio em Londres, eram 17 portugueses: dois morreram em combate e outro foi fuzilado pelos alemães.

“O contributo dos estrangeiros para a resistência foi escamoteado em França”, facto que ajudou a diminuir o papel dos não-franceses na derrota do ocupante alemão. Na “perspectiva política do De Gaulle” logo a seguir ao fim da guerra, explica Barata-Feyo, havia duas coisas a fazer: “A primeira, era olhar para o futuro e a Resistência era uma coisa do passado; a segunda, era a necessidade de valorizar aquilo que os franceses tinham feito, para salvar a honra da França” e, de modo a conseguir esse efeito, havia uma necessidade de “incensar os feitos franceses”, ao mesmo tempo que “não se podia reconhecer muito o papel dos estrangeiros”.

A acção política do Governo de Charles De Gaulle chega ao exagero de atribuir a libertação de Paris aos franceses e a menorizar o papel dos outros na resistência à ocupação, quando esta “foi o resultado muito mais da actuação de estrangeiros” e nem sequer há um número certo de quantos franceses e quantos estrangeiros resistiram.

Menos ainda dos portugueses que, “ao contrário de resistentes de outras nacionalidades, não formaram os seus próprios grupos de resistência — facto que contribui, como vimos, para que a participação portuguesa na luta contra os nazis seja praticamente ignorada em França e em Portugal”, escreve o autor.

Mesmo quando a participação dos portugueses e a sua bravura seja directamente citada por um alto oficial da resistência, o coronel Gaston Laroche, dos Francs-Tireurs et Partisans Français (FTPF), organização criada pelo Partido Comunista Francês. No livro "On les Nommait des Étrangers" (Chamávamos-lhes Estrangeiros), publicado em 1965, escreve que “a imigração portuguesa forneceu milhares de voluntários para os regimentos de marcha dos Voluntários Estrangeiros. Muitos portugueses combateram nas fileiras das FFI [Forças Francesas do Interior, nome da resistência no final da guerra] espanholas, das FTPF e de outras organizações da Resistência”.

“A ideia global que pode ficar para a História é a de que os portugueses estiveram ausentes dos combates travados contra os nazis em França”, nada mais longe da verdade, como deixa demonstrado o jornalista neste livro.

Famoso cartaz nazi, conhecido por "Affiche Rouge",  a "denunciar" os imigrantes que faziam parte da resistência francesa. Nas fotografias, os combatentes da FTP-MOI ( Francs-tireurs et partisans - Main-d'œuvre immigrée), dirigidos pelo imigrante arménio Missak Manouchian.
Famoso cartaz nazi, conhecido por "Affiche Rouge", a "denunciar" os imigrantes que faziam parte da resistência francesa. Nas fotografias, os combatentes da FTP-MOI ( Francs-tireurs et partisans - Main-d'œuvre immigrée), dirigidos pelo imigrante arménio Missak Manouchian.
DR

 

Ermelinda, agente secreta

 Muitos dos resistentes portugueses que sobreviveram à guerra tiveram de enfrentar depois longos processos até verem reconhecido o seu estatuto. Outros não o conseguiram. Embora, no seu conjunto, admite o autor, o sistema criado pela administração gaullista tenha funcionado bem, não deixou de ter casos como o de Ermelinda dos Santos Viana, “uma das mais notáveis ‘agentes secretas’ da França Livre”, com “um percurso de sobrevivente que desafia a imaginação, mesmo naqueles períodos conturbados”.

Apesar da sua contribuição importantíssima devidamente documentada, mesmo com um dossier homologado pelas três comissões que o apreciaram, Ermelinda Viana teve de travar uma longa batalha para ver a sua condição reconhecida. Em 1949, deram-lhe o duplo estatuto de Resistente Interior Francês e de Deportado Internado Resistente (para os que foram detidos em campos de concentração), atribuíram-lhe o grau de alferes e as honras e regalias inerentes, depois retiradas por causa de uma denúncia de uma das associações de antigos resistentes, apesar de numerosas testemunhas abonatórias.

Ermelinda, Rodrigo Pais de Souza, João Carlos da Silva, “agente secreto de De Gaulle”, são alguns dos muitos nomes que Barata-Feyo resgata dos arquivos e cujos feitos se mantiveram na sombra ao longo de mais de 70 anos. 

As suas histórias servem-lhe para, logo no início, num pequeno capítulo de pouco mais de quatro páginas, se permitir os únicos momentos de ficção, mas, como o próprio nos diz, estão num espaço à parte, perfeitamente diferenciados do resto — o demais é tudo baseado em documentos. São pessoas verdadeiras, que arriscaram a vida a lutar pela França livre, que morreram em combate, foram presas, torturadas, deportadas, condenadas a penas de trabalhos forçados, fuziladas.

Como o referido Avelino Paulino e o seu primo António, que combateram os alemães e se juntaram aos republicanos espanhóis na romântica tentativa de reconquista de Espanha aos franquistas que resultou na morte de mais de uma centena deles nos Pirenéus. Não figuram na lista de heróis, não receberam comendas, nem reconhecimento como combatentes: não tivesse Barata-Feyo encontrado registos nos arquivos e os Paulino haveriam de ficar esquecidos pela História. E a verdade é que só as suas vidas davam um filme, duas entre muitas vidas contadas por A Sombra dos Heróis que são matéria de argumento cinematográfico.

 

Resultado da ignorância

 A ideia que temos, diz Barata-Feyo, é que “os civis portugueses estiveram sempre muito afastados dos grandes combates pela liberdade no século XX”, mas não será isso mais “resultado da nossa ignorância?”, pergunta. A verdade é que em Portugal “não investigamos muito os lados positivos” da História. “É mais fácil encontrar estudos sobre a Inquisição ou sobre a escravatura do que qualquer coisa sobre os portugueses que lutaram nas Brigadas Internacionais em Espanha, ao lado da República contra os franquistas”, responde o jornalista.

A sensação que dá, acrescenta Barata-Feyo, é que se “ao invés de ter encontrado 350 portugueses que lutaram contra os nazis, tivesse encontrado dois ou três portugueses na Gestapo, como torcionários ou coisa do género, isso teria um impacto muito maior junto do público”. Há aqui “qualquer coisa do ponto de vista psicológico que não percebo muito bem”, confessa. 

“É sempre aquela coisa das saudades do bacalhau no Natal e de sermos uns coitadinhos, umas vítimas.”

Barata-Feyo dá um exemplo: a equipa de investigadores universitários coordenada por Fernando Rosas, que o ano passado fez um estudo sobre os portugueses que foram trabalhadores forçados na Alemanha nazi, não se focou “em descobrir os portugueses que lutaram, mas os portugueses que foram vítimas”. E, por isso, passam por histórias como a de Ermelinda dos Santos Viana, “que consideram apenas uma vítima enviada pelos nazis para uma prisão na Alemanha, condenada à morte por ser espia do De Gaulle, mas não vão ver o que ela fez”. Na investigação do jornalista há “material para se fazerem imensas coisas”, entre estudos académicos, romances, filmes, séries de televisão. No entanto, “nenhum dos colegas das televisões com quem eu falei, alguns deles em cargos de responsabilidade, de direcção, se interessou pelas histórias. Histórias que eu teria achado fascinantes para reportagem noutros tempos, quando estava na RTP”, não colheram agora nenhum entusiasmo.

 

O pedreiro-capitão

Por exemplo, temos a história dos portugueses que lutaram na batalha de Bir Hakeim, na Líbia, uma das mais famosas e importantes batalhas em África durante a II Guerra Mundial (e que começou faz este domingo precisamente 77 anos). O exército Francês Livre aguentou o avanço das forças do general Rommel tempo suficiente para as tropas britânicas se reagruparem. Uma derrota honrosa que recupera o orgulho francês, tão em baixa desde a ocupação alemã de França.

Ao todo, 11 portugueses participaram na batalha, entre eles o pedreiro algarvio Rogério Flores, que depois da guerra, já naturalizado francês, participou em todas as campanhas ultramarinas francesas na Ásia e em África até se reformar em 1966, depois de 29 anos de serviço, com o posto de capitão e a mais alta condecoração do país, Cavaleiro da Legião de Honra, “por feitos de guerra excepcionais”.

Do trabalho que durou “três anos, menos uma semana” — “foi uma pesquisa um bocadinho complicada e devo confessar que se não estivesse já reformado, se ainda estivesse no activo, não ia ser fácil conseguir dedicar tanto tempo a pesquisar, como aconteceu aqui” —, recolher informação sobre Bir Hakeim esteve entre o que menos custou ao jornalista. “É uma batalha que afaga o ego dos franceses”, diz Barata-Feyo, material não falta.

“Quase seguramente há imagens de época de Bir Hakeim, fotografias e, eventualmente, até filmes, porque havia pessoas do exército que filmavam e fotografavam as batalhas. Os arquivos franceses estão cheios de coisas sobre Bir Hakeim porque foi um momento decisivo para os franceses. O De Gaulle consagra nas memórias que chorou com orgulho e alegria quando soube do resultado da batalha de Bir Hakeim: no concreto, perdida; estrategicamente ganha, porque permitiu El Alamein [Egipto] e a grande derrota dos alemães na África do Norte.”

Será que o autor do livro tem razão, quando escreve, a certa altura, “ao contrário de Aristides de Sousa Mendes ou da princesa Maria Adelaide de Bragança — a única prisioneira dos nazis por quem Salazar intercedeu junto dos alemães — os resistentes portugueses são pessoas anónimas”? Será que não se investigou mais o papel dos portugueses na Resistência porque estes 347 “são pessoas anónimas, quase todos trabalhadores braçais ou operários: mineiros, lenhadores, agricultores, pedreiros, electricistas, padeiros, motoristas, apenas com a escolaridade mínima”?

Tal como a PIDE A barbárie nazi foi  IMPLACÁVEL com os portugueses  que foram torturados, deportados, fuzilados e assassinados pelos nazis. Daí que seja “difícil explicar o esquecimento a que são votados em Portugal os portugueses que combateram o nazismo”, acrescenta.

Uma explicação, sem ser desculpa, prende-se com a dificuldade em obter informação. Como escrevemos antes, ao contrário de outros combatentes estrangeiros que se juntaram por nacionalidade na resistência, os portugueses não o fizeram. Eram indivíduos isolados ou quando muito dois ou três que viviam na mesma terra em França, alguns até foram integrados em grupos de espanhóis e se deixaram confundir nos arquivos. Por isso, “as informações pessoais, familiares e profissionais sobre os resistentes portugueses não correspondam a um padrão: em alguns casos limitam-se ao local e à data de nascimento, em outros são exaustivas”.

Bastam os dedos de uma só mão para contar “os portugueses que são mencionados nas inúmeras obras e relatos sobre a resistência publicados nos últimos 70 anos”. Até este livro de Barata-Feyo ninguém tinha levado a cabo uma sistematização do seu contributo para o esforço de guerra em França. Uma “injustiça para com as centenas de portuguesas e portugueses que se sacrificaram tantas vezes de armas na mão até à morte, para que vivesse a liberdade nesses tempos de trevas”.

Como Armando da Silva Porto, o único português vítima dos japoneses por ter participado na resistência à invasão da Indochina Francesa. Director da Société de Transports Automobiles Indochinoises em Haifong, cidade do Norte do Vietname, mostrou simpatia pela França Livre logo em Junho de 1940 e em Dezembro desse ano passou a fazer parte da resistência organizada naquele território francês.

Serviu de agente secreto, recolhendo informação sobre a actividade militar japonesa no Tonquim, Norte do Vietname, e ajudou aviadores aliados cujos aviões eram abatidos na região. Só foi descoberto em Março de 1945, mas a sanha do inimigo abateu-se sobre ele sem piedade. Foi torturado e internado num campo de prisioneiros, onde passou três meses em isolamento. Em Setembro, seria libertado depois da rendição do Japão. Foram apenas seis meses preso, mas que lhe custaram caro. Quando deixou o campo, tantas eram as mazelas que as autoridades francesas o declararam inválido a 100%.

Armando da Silva Porto lá está nos anexos finais do livro, onde José Manuel BarataFeyo coloca todos os combatentes portugueses da resistência francesa que conseguiu encontrar nas suas pesquisas. Ordenados por ordem alfabética de concelho, com os dados possíveis: às vezes é só um nome, uma data de nascimento e uma localidade, como o de Domingos Rafael, de Alcains; outras vezes, o material serviu para biografias mais desenvolvidas, como no caso de João Carlos da Silva, um dos agentes secretos mais activos na recolha de informação no departamento dos Landes, na costa Atlântica. “Português, grande amigo da França, colocou-se com entusiasmo ao serviço da resistência francesa”, disse dele o chefe da rede Goelette, nome de código da rede de recolha de informações para a qual trabalhava.


António Rodrigues, jornalista do Público



AS GRANDES ESQUECIDAS . AS MULHERES ESPANHOLAS NA RESISTÊNCIA FRANCESA 


 

www.buscameenelciclodelavida.com


Por Isabel Munuera Sánchez


TRADUÇÃO DO ESPANHOL PELO MOTOR GOOGLE E POR António Garrochinho

Um grande manto de esquecimento cobriu a participação espanhola na Resistência Francesa por muitos anos. Após o fim da Segunda Guerra Mundial, os franceses se dedicaram a construir uma história da Resistência que ignorou a presença significativa de estrangeiros na libertação da França, e que fez dos franceses os protagonistas indiscutíveis da luta que vinha sendo travada Europa contra o nazismo. 

Mas se a presença dos republicanos espanhóis foi ignorada, a das mulheres foi completamente silenciada, tornando-se, para seu pesar, as protagonistas invisíveis de uma história de esquecimento. 

Chegou a hora de levantar aquele manto de silêncio e recuperar a memória de todas essas mulheres anônimas que arriscaram suas vidas para que o mundo recuperasse a liberdade. Isto é sem dúvida objetivo principal desta intervenção. Porque, como já apontava o escritor francês André Malraux em 1975: “Engana-se na guerra quem quis confinar as mulheres ao simples papel de auxiliar da Resistência”.

As mulheres espanholas já sabiam muito sobre a guerra quando estourou a Segunda Guerra Mundial. 

O triunfo da revolta de Franco na Espanha os empurrou para o exílio, fugindo dos bombardeios. 

Nas últimas semanas de janeiro e início de fevereiro de 1939, quase 500.000 espanhóis cruzaram as passagens dos Pirenéus na emigração forçada mais importante da história da Espanha. Crianças, idosos, mulheres, soldados e famílias inteiras começaram então uma longa peregrinação ao redor do mundo, embora os dois locais mais importantes de assentamento para esses espanhóis desenraizados fossem a França e o México.  

Fugindo de um destino que parecia incerto, os refugiados depositaram suas esperanças no país vizinho, uma terra tradicional de asilo e berço além dos Direitos do Homem. Mas as autoridades francesas nada previram, apesar de que a derrota do exército republicano se tornava cada vez mais evidente. Dias e noites a céu aberto, mortos de frio e fome, os exilados espanhóis esperavam sua vez de cruzar a fronteira. 

 Uma vez em solo francês, os gendarmes se encarregariam de separar as famílias. Homens aptos para o trabalho foram levados para campos de concentração, enquanto mulheres, crianças, doentes e idosos foram evacuados em massa para abrigos improvisados ​​e centros de acolhimento em vários departamentos do interior.

Apesar das mãos que alguns franceses solidários com sua situação lhes estenderão, em geral a recepção do povo francês será hostil. Além disso, a imprensa conservadora e de extrema direita se encarregará de levantar ainda mais o ânimo. "Invasão de refugiados", "ruínas humanas", "maré de fugitivos", "bestas carnívoras da Internacional" ou "a escória do submundo e das prisões",   serão algumas das eliminatórias que os republicanos espanhóis receberão. 

As condições de vida durante os primeiros meses nos campos de concentração de Argelès, Saint Cyprien e Barcarès serão especialmente duras. 

Praias nuas, rodeadas de arame farpado sem local para se proteger do frio, com quase nada para colocar na boca, sem medidas de higiene, sem remédios, bebendo água salobra e fazendo as necessidades na praia, de onde vinha a água que bebiam. Com essas condições, muitos espanhóis morrerão nos primeiros momentos de sua chegada à França. Embora algumas mulheres experimentem essa realidade em primeira mão, elas serão uma minoria. 

A maioria delas vai passar os primeiros meses no exílio em abrigos e centros de acolhimento onde as condições de vida não serão, no entanto, muito melhores. 

Nas escolas, quartéis, Fazendas, estábulos ou velhas fábricas vão dormir no chão ou na palha, sem água quente, sem agasalhos, quase sem comida para alimentar seus filhos e com a incerteza de não saber a situação de seus parentes trancados no Campos de concentracao. Muito em breve, as autoridades francesas tentarão livrar-se de alguns refugiados que consideram "um grande fardo" para sua economia e promoverão repatriações a terceiros países, especialmente da América Latina e o retorno à Espanha, recorrendo inclusive ao engano em muitas ocasiões. 

Com o início da Segunda Guerra Mundial, as mulheres espanholas terão que continuar sua luta particular pela sobrevivência. Uma ordem de abril de 1940, que decretou o fechamento definitivo de todos os abrigos, complicará ainda mais a situação. Pressionadas pelas autoridades francesas, as mulheres debaterão entre retornar à Espanha, de onde chega a notícia de que uma repressão brutal foi desencadeada, reemigrar para terceiros países, possibilidade nem sempre disponível, ou começar uma vida na França em segredo. 

Mas não foi fácil regularizar a situação e conseguir os documentos necessários. Além disso, as mulheres não eram consideradas um grupo interessante para a economia nacional. Se não tivessem família estabelecida no país, as chances de permanência eram mínimas. Algumas trabalharão no campo, outras como empregadas domésticas e menos nas fábricas; mas há muitos testemunhos que nos falam sobre a situação de exploração e humilhação que sofrerão por parte de seus patrões. E apesar de tudo as mulheres sempre estarão na linha de frente quando se trata de prevenir a injustiça. Foram as mulheres as primeiras a se rebelar contra a decisão das autoridades francesas de transferir os membros da brigada do campo de Argelès para o Norte da África em março de 1941. Cientes das duras condições dos campos nas possessões francesas do Norte da África, onde muitos refugiados finalmente encontravam a morte, elas tentaram impedir essa transferência. Como lembra uma das protagonistas, Ana Pujol: “Os homens hesitaram e não ousaram, temendo as consequências da revolta. E nós mulheres decidimos liderar a luta (...) Foi o acampamento das mulheres que se levantou, num protesto tão unânime e violento, que as próprias forças que nos protegiam ficaram com medo. Em alguns minutos

Mas este não foi um episódio isolado. Neus Catalá em seu livro chocante "On Resistance and Deportation", reúne o testemunho de 50 mulheres espanholas que participaram desta "nova batalha contra o fascismo internacional". “Mulheres espanholas!”, Lembra Neus, “as meninas da JSU entraram no combate de mil e uma maneiras. Não éramos simples auxiliares, éramos combatentes. A vida de dezenas de guerrilheiros às vezes dependia do nosso sacrifício, do nosso sangue frio, da nossa rapidez em detectar o perigo ”. Como a própria Neus Catalá, muitas mulheres se juntaram às fileiras da Resistência após a ocupação da França pelos nazistas em maio de 1940. Como ligações, em redes de evasão, transporte de correio, munições, armas ou mensagens, dando abrigo aos perseguidos pela Gestapo e pela milícia francesa, fazendo ou distribuindo imprensa clandestina e até pegando em armas em batalhas tão importantes como La Madeleine. Eles estavam cientes do perigo, mas sentiam que estavam cumprindo seu dever. 

Neus comenta: “Quando entramos na Resistência tínhamos consciência do perigo. Tínhamos 90% de chance de cair.Se caia uma  sabíamos que dez iriam nos substituir (...) Como os outros, eu simplesmente cumpri o meu dever. Eles me chamaram e eu respondi ”.   P

Para algumas mulheres, seu trabalho na Resistência tornou-se o centro de suas existências. Regina Arrieta relembra: “No início eram poucos os que fazíamos a Resistência. Foram anos muito difíceis, mas exaltantes. Pareceu-me que minha vida começou no dia em que me juntei à Resistência para lutar contra o ocupante nazista. "   Outra mulher confirma estas palavras: “Os meus companheiros militantes espanhóis se juntaram imediatamente à Resistência, na França, contra os nazistas, porque sentíamos que a luta era nossa, considerávamos um dever defender a liberdade onde quer que ela estivesse, Espanha, contra os alemães, porque era nosso inimigo virtual, aqueles que ajudaram Franco a vencer a guerra "  

Assim, muitas mulheres que não haviam exercido atividades políticas ou militares durante a Guerra Civil, encontraram na Resistência Francesa sua oportunidade de poder lutar contra o fascismo.  Ingrid Strobl em seu magnífico livro Partisanas comenta: “As mulheres tiveram uma contribuição decisiva na luta contra o fascismo e o nacional-socialismo. Entrevistas com ativistas e pesquisadores mostraram que a infraestrutura de todos os tipos de resistência foi criada sobretudo por mulheres (...) Mas enquanto o lutador ativo, quando detido, ainda poderia tentar se defender com sua arma, a mulher desarmada, com o carrinho de compras cheio de folhetos ilegais ficou totalmente à mercê de seus perseguidores ”.  Muitas mulheres foram executadas por seu trabalho na Resistência, ou que sofreram tortura infinita por se recusarem a expor um camarada, ou que morreram no inferno dos campos de extermínio nazistas. E, no entanto, para todas essas mulheres, dificilmente houve qualquer reconhecimento ou menção honrosa. O simples fato de ser mulher já era motivo suficiente para não ser vista e para sua importante contribuição para a Resistência ser ignorada. 

Como aponta Antonina Rodrigo com grande sucesso na sua obra “Mulher e exílio”: “Intervieram na guerra, nos maquis, na resistência (...) e ficaram na história, foram condecorados, foram-lhes dedicados monumentos. Também fizeram guerra, estiveram nos maquis, na resistência (...), mas nos livros de história as mulheres ainda estavam ausentes, não registraram suas lutas ”.  Além disso, ao contrário de seus pares, as mulheres tiveram que conciliar seu trabalho na Resistência com seu papel de mães. José Martínez Cobo, líder do PSOE no exílio, afirma: “As mulheres da Resistência sempre foram acostumadas a transmitir mensagens, manter lugares seguros e também tiveram a difícil função de correr todos os riscos que os homens corriam e ao mesmo tempo manter a família ”. Regina Arrieta afirma: “Na minha casa eram feitas reuniões, eram feitos folhetos. Tive que trabalhar, criar meu filho e fazer a Resistência ”.  Outra refugiada, Jesusa Bermejo, explica que até os próprios policias saíram de casa, ponto de encontro da resistência, ao ver tantas crianças: “Os policias continuaram visitando minha casa, mas ficaram pouco tempo vendo o panorama de tantas crianças; as cinco de uma irmã morta, a da minha irmã na prisão e a minha, todas famintas e com sarna ”. 

Também havia menores entre os resistentes. Josefa Bas começou a trabalhar com os maquis de Dordonha aos 16 anos. Lina Bosque tinha a mesma idade quando começou a fazer trabalhos de ligação. Esta menina-mulher percorria longas distâncias a pé ou de bicicleta para transportar papéis, cartas ou mensagens. “Como era um bebé (...), acompanhava os companheiros e eles falavam que comigo passavam mais despercebidos”. No entanto, apesar de expor sua vida como as outras, Lina teve problemas com alguns de seus companheiros. “Uma coisa que me deixou muito engraçado foi que me candidatei para entrar no Partido, mas me disseram que eu era muito jovem. Quer dizer, eles me acharam muito jovem para isso, e eu não devia fazer todas aquelas coisas que eles me obrigaram a fazer (na Resistência) ”.  Às vezes, os companheiros não viam com bons olhos a presença de mulheres nas guerrilhas. Regina Arrieta relembra sua experiência ao chegar ao maquis: “Lá fui acolhida com toda naturalidade e carinho, exceto por um oficial da Marinha Republicana Espanhola, que não tolerava a presença de mulheres na guerrilha”.  Apesar destas reticências, algumas mulheres ocupavam cargos importantes no organograma da guerrilha, como Regina Arrieta, que pertencia à liderança do MOI (Workforce Imigrante) em Toulouse ou Nati Molina "La Peque" e Carmen (outra mulher sem sobrenome), que faziam parte do Estado-Maior do Grupo Guerrilha Espanhola e se encarregavam de assegurar a comunicação entre as diferentes unidades. No entanto, não há memória deles e seus nomes desapareceram como muitos outros ao longo do tempo. 

Mulheres jovens, anónimas, das camadas populares, imersas no turbilhão das mudanças sociais, culturais, económicas e políticas trazidas pela República de 1931. Mulheres que foram forçadas ao exílio que as levou a uma nova frente, o que está sendo travado na Europa contra o fascismo internacional. Seu trabalho como ligações era essencial. Eles asseguraram as comunicações entre os vários grupos guerrilheiros. Às vezes, eles viajavam mais de 100 quilómetros para transportar uma peça ou uma ordem militar, carregar munições, armas, dinheiro, cartões de racionamento, etc. Como os autocarros eram locais muito perigosos e sujeitos a constantes fiscalizações, na maioria das vezes percorriam longas distâncias a pé ou de bicicleta. O trabalho de ligação exigia grande resistência moral e física. 

Estavam sempre em risco de serem torturadas em caso de prisão. Além disso, as mulheres não carregavam armas e às vezes só tinham pedras para se defenderem de armas.  As mulheres também eram usadas para carregar explosivos, que mais tarde foram usados ​​para destruir ferrovias e postes elétricos. Luisa Alda se lembra de como guardava no carrinho de seu filho materiais explosivos que mais tarde foram usados ​​para destruir vias de comunicação. E tudo com o único objetivo de escapar do controle da Gestapo. 

Os refugiados espanhóis também estavam encarregados de manter pontos de apoio, portos seguros onde os "queimados" - pessoas perseguidas pelos nazistas ou pela milícia francesa - pudessem esconder ou curar suas feridas antes de retornar aos maquis. 

Nestes abrigos também foram elaborados planos militares ou mantidos documentos falsos, salvo-condutos ou instrumentos para impressão de folhetos ou imprensa clandestina. A sabotagem também não era reservada aos homens. Muitas mulheres realizaram sabotagem nas fábricas alemãs onde trabalharam. Soledad Alcón lembra como para a comemoração do armistício da Primeira Guerra Mundial, decidiram festejá-lo com uma série de sabotagens na fábrica. 

A presença feminina também foi muito importante nas cadeias de evasão, uma das primeiras formas de resistência ao ocupante nazista. Logo foram criadas redes para ajudar as pessoas perseguidas a cruzar a fronteira dos Pirineus por várias passagens nas montanhas. Sem dúvida, uma das redes mais importantes e eficazes foi a criada pelo anarquista de Huesca Francisco Ponzán, François Vidal na Resistência, que fazia parte da rede Pat O'Leary, organizada pelos serviços secretos ingleses para retirar o território francês de Aviadores britânicos caindo na França. Pilar Ponzán, irmã do fundador da rede, foi um dos integrantes dessa rede junto com as também espanholas Alfonsina Bueno Ester e Segunda Montero. Como se pode verificar pelos testemunhos que dei durante a minha intervenção, a participação das mulheres espanholas na Resistência Francesa foi ampla e variada. Mas, apesar dessa multiplicidade de ações, sua contribuição para a libertação da França foi completamente ignorada por anos. Num colóquio realizado em Paris em 1996, a vice-presidente da Federação das Associações e Centros de Emigrantes Espanhóis na França (Faceef) e coordenadora do colóquio, Francisca Merchán, questionou-se sobre esta questão: “Porque ainda existe medo de dizer que as mulheres participaram ativamente da guerra e da Resistência (...)?  Hoje, quase nove anos depois, as pesquisas sobre o assunto ainda são muito escassas e suas protagonistas, as mulheres, continuam desconhecidas, relegadas ao trabalho de meras auxiliares de uma história protagonizada por homens. “Para eles, as honras; Para nós, esquecimento ”, comenta Regina Arrieta com amargura.   Outras mulheres tentaram resgatá-los desse esquecimento. Imprescindível, sem dúvida, conhecer em primeira pessoa a história do livro desses resistentes Neus Catalá, que dá voz a todos eles. Ou os testemunhos recolhidos por outra mulher resistente, Tomasa Cuevas; ou as obras de Giuliana di Febo, Ingrid Strobl, Antonina Rodrigo, María Fernanda Mancebo, Pilar Domínguez, Mary Nash, Alicia Alted 

Seus companheiros, preocupados por algum tempo com o próprio esquecimento, negligenciaram o importante trabalho de suas mulheres, que se tornaram vítimas de um novo silêncio. O poeta asturiano José María Álvarez Posada, “Celso Amieva”, escreveu uma carta a seu amigo Eduardo Pons Prades para incluir um poema em seu livro, que serviria como uma homenagem às mulheres que ele reconheceu “muitas vezes esquecemos”. “Sem eles, você sabe muito bem”, continuou ele, “nós, os bravos, os heróicos guerrilheiros, teríamos afundado moralmente mais de uma vez e, no nível operacional, teríamos mais cabeças espetadas do que cabelos em nossas cabeças. 

 Como os seus companheiros do sexo masculino, elas sofreram as adversidades dos campos de concentração franceses, os perigos da vida clandestina e a Resistência. Elas e eles foram presos, torturados, executados e levados para o inferno dos campos de extermínio nazistas, onde muitos encontrariam a morte. 

E ainda assim permanecem o grande desconhecido de uma história que ainda não foi escrita.


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