Motivo do crime
Segundo Mark Chapman, que se considerava cristão renascido, seu ódio a John Lennon originou-se principalmente das várias afirmações do cantor sobre Deus e religião. Ele era grande fã dos Beatles e tinha Lennon como ídolo, mas isso mudou quando começou a praticar sua religião seriamente: na adolescência, após um reavivamento realizado por um evangelista que visitou seu colégio, Chapman, que já fora criado como cristão na infância, "renasceu" em Cristo.
O evento mudou completamente sua vida.
Passou, então, a abominar certas letras do compositor, em especial "God", música de 1970 em que Lennon afirma não crer em Jesus e na Bíblia, além de descrever Deus como "um conceito". Algumas semanas antes do assassinato, Chapman ouviu John Lennon/Plastic Ono Band, o álbum onde se encontrava essa canção: "Eu escutava essa música e ficava bravo com ele por dizer que não acreditava em Deus... e que não acreditava nos Beatles. Isso foi outra coisa que me enfureceu, mesmo o disco tendo sido lançado pelo menos 10 anos antes. Eu queria gritar bem alto 'Quem ele pensa que é para dizer essas coisas sobre Deus, o paraíso e os Beatles ?' Dizer que não acredita em Jesus e coisas assim. Naquele ponto, minha mente estava passando por uma escuridão de raiva e ira.
A polêmica declaração de que os Beatles eram mais populares que Jesus, feita por Lennon em 1966, também irritou profundamente Chapman. Ele a considerou uma blasfêmia, alegando que "não deveria haver ninguém mais popular que o Senhor Jesus Cristo".
Segundo Chapman, seu ódio a Lennon aumentou quando este lançou a música "Imagine", em 1971, onde o cantor diz que se deve imaginar que o céu — no sentido metafísico — e o inferno não existem ("No hell below us, above us only sky"), o que contraria o conceito de algumas religiões e principalmente a de Chapman. Ainda sobre essa canção, Chapman disse:[11]Ele (John Lennon) nos disse para imaginarmos que não existem posses (ou "bens materiais", na frase "Imagine no possessions") e lá estava ele, com milhões de dólares, iates, fazendas e mansões, rindo de pessoas como eu, que acreditaram em suas mentiras, compraram os discos dele e alicerçaram boa parte de suas vidas com as músicas dele. Chapman chegou a conceber sua própria "versão" de "Imagine": Imagine John Lennon morto...
Chapman havia anteriormente ido a Nova Iorque, em outubro de 1980, para assassinar Lennon, mas mudou de idéia e retornou à sua casa no Havaí.Disse que, na hora de puxar o gatilho, em seu sangue (ou, dentro de si) não havia emoção nem raiva. Apenas um silêncio mortal em seu cérebro. Em outra entrevista, alegou ter ouvido uma voz misteriosa que lhe repetia: "Do it, do it, do it" ("Faça isto!") quando John passou por ele.
LENON E O ASSASSINO MARK CHAPMANA esposa do assassino de John Lennon, Gloria Hiroko Chapman, revelou que o seu marido, Mark Chapman, lhe contou que iria assassinar o Beatle dois meses antes de cometer o crime.
Glória agora com 69 anos disse ue o seu marido tentou matar o músico não foi capaz de levar o seu plano avante porque o amor que sentia por si o impediu. Além disso, Mark insistiu que já se tinha desfeito da arma que pretendia usar para consumar o crime, revela o jornal britânico The Mirror.
No entanto, e apenas dois meses depois, Gloria ouviu a notícia da morte do lendário músico, que tinha sido assassinado perto da sua casa em Nova Iorque. Imediatamente, Gloria soube que Mark era o responsável pelo crime.
“Eu sabia que tinha sido o Mark. Como é que eu sabia? Dois meses antes, Mark tinha viajado para Nova Iorque. Depois da viagem, chegou a casa com medo, dizendo que, para fazer carreira, para ‘fazer nome para si próprio’, planeava matar Lennon. Mas Mark disse que o meu amor o tinha salvado”, confessou Gloria.
Apesar do seu marido lhe ter confessado a intenção de cometer o crime, Gloria não se preocupou quando Mark planeou outra viagem a Nova Iorque. Mark Chapman terá alegado que precisava de algum tempo para si e para pensar na sua vida, de forma a crescer como adulto e como marido, contou Gloria“O Mark disse-me que tinha atirado a arma para o oceano e eu acreditei. Mas ele mentiu-me”, lamentou.
A esposa de Mark Chapman descreveu o dia do assassinato – a 8 de dezembro de 1980 – como uma das “noites mais negras” da sua vida.
“A minha vida mudou drasticamente naquela noite. Naquele momento, eu era a Sra. Mark David Chapman, a esposa de um assassino. E não era um assassino qualquer, mas de alguém, cuja vítima era conhecida e amada por milhões de pessoas em todo o mundo”, contou Gloria, que agora vive em Kailua, no Havai.
As declarações de Gloria surgem agora, 40anos depois do crime e a poucos dias das autoridades norte-americanas voltarem a avaliar um pedido de liberdade condicional. A audiência deve ocorrer no próximo dia 20 de agosto. Este será o 10.º pedido submetido pelo assassino desde o crime – até agora, a liberdade foi-lhe sempre negada.
“Não me importa quanto tempo Mark passe na prisão, vou esperar por ele”, disse.
Yoko Ono, viúva do ex-Beatle, tem-se mostrado contra a libertação condicional de Mark Chapman. “Se ele fez isso uma vez, poderia fazê-lo novamente com outra pessoa”, afirmou Ono há cerca em2014 altura em que um dos pedidos de libertação de Mark decorria.
Mark David Chapman cumpre pena de prisão perpétua por ter assassinado o músico, com 5 disparos de um revólver de calibre 38. John Lennon tinha 40 anos quando foi morto e acabava de regressar à atividade musical após uma pausa para cuidar do filho nascido em 1975.
O DIA DO ASSASSINATO DE JOHN LENON
No dia 8 de Dezembro de 1980, depois de uma gravação tardia no estúdio, John Lennon e Yoko Ono dirigiram-se para casa, no edifício Dakota, em frente ao Central Park em Nova Iorque. À espera deles estava Mark David Chapman, um fã perturbado que alvejou o ex-Beatle, causando-lhe ferimentos fatais. Saiba aqui a história do assassinato de John Lennon, há exactamente 40 anos
Este é o penúltimo de quatro artigos que publicamos hoje para assinalar os 40anos da morte de John Lennon. Não perca os restantes: John Lennon: Não posso ser o que eu não sou, John Lennon & Yoko Ono: somos só um e o tributo A morte de John Lennon:
Quando Annie Leibovitz entrou no apartamento de John Lennon e Yoko Ono para uma sessão fotográfica da revista Rolling Stone no dia 8 de Dezembro de 1980 desconhecia por completo o desfecho desse dia: que seria ela a responsável por uma das fotografias mais famosas da cultura popular do século XX e que essa imagem seria uma das últimas tiradas ao ex-Beatle em vida.
O mês de Dezembro corria bem ao músico britânico: depois de cinco anos sem editar nada, Lennon tinha lançado o álbum Double Fantasy, em colaboração com a sua mulher Yoko Ono: uma obra que celebra a vida em família e o amor. Entrevistas, sessões fotográficas e eventos públicos encheram os últimos dias de vida de Lennon em Nova Iorque.
No dia oito desse mês, após uma entrevista à RKO Radio Network, Lennon e Yoko Ono dirigiram-se ao estúdio para gravar uma versão da música "Walking on a Thin Ice" por volta das 17h00. Foi nesta altura que Lennon teve o primeiro contacto com o homem que lhe viria a tirar a vida nesse mesmo dia: Mark David Chapman aproximou-se da limousine à chegada ao estúdio para pedir um autógrafo no álbum recentemente lançado. Paul Goresh, o fotógrafo que acompanhava o músico nesse dia, guardou a imagem deste momento que viria a ser mais tarde recordado por todo o mundo.
O casal só abandonou o estúdio por volta das 22h50. Decidiram nessa noite não jantar fora e ir directamente para o edifício Dakota, onde viviam, em frente ao Central Park, a tempo de ainda verem acordado Sean, o filho de cinco anos. Além disso, Lennon gostava de cumprimentar os fãs que normalmente esperavam horas à porta da sua casa e, por isso, não guardaram o carro dentro do jardim - estacionaram-no na 72nd Street, permitindo que Chapman abordasse Lennon. Ono foi a primeira a sair da viatura e rapidamente entrou para a recepção do edifício. Quando o músico passou, Chapman alvejou-o nas costas, disparando cinco tiros da sua arma de calibre .38. Apesar de a primeira bala ter falhado o seu destino, as outras quatro atingiram Lennon, causando-lhe uma perda fatal de sangue. A polícia chegou poucos minutos depois, mas pouco havia a fazer: Lennon tinha perdido 80% do seu sangue e quando chegou ao hospital Roosevelt, já estava inconsciente e sem pulso. Morria aos 40 anos um dos ícones da música popular do século XX.
O assassino com JOHN LENONQuanto a Mark David Chapman, de 25 anos, manteve-se calmo em frente ao Dakota. Despiu o casaco e tirou o chapéu antes da chegada da polícia para que soubessem que não tinha nenhuma arma escondida, e apenas tinha uma coisa na mão: um exemplar do livro À espera no Centeio (The Catcher in the Rye, de J. D. Salinger).
Identificava-se com a personagem principal da narrativa e viria a dizer mais tarde que o livro o tinha incitado a matar o ex-Beatle.
Esta não tinha sido a primeira viagem do segurança do Havai a Nova Iorque: dois meses antes já tinha estado lá com o mesmo propósito, mas tinha acabado por desistir do seu intuito.
Diagnosticado com autismo, Chapman era um jovem desequilibrado que recorria frequentemente a drogas. Nos anos 70, converteu-se ao Cristianismo, tornando-se um religioso fervoroso. Sabe-se que tinha uma relação de fascínio/ódio com Lennon. Se por um lado gostava da sua música, que lhe tinha servido de inspiração para a vida, por outro criticava publicamente o estilo de vida luxuoso de Lennon, tal como os seus comentários religiosos - lembre-se que Lennon comparou a fama dos Beatles à de Jesus e dissera mais de uma vez que Deus não existia.
Condenado a prisão prepétua após o assassinato, desde 2000 Chapman tenta aceder à liberdade condicional, direito que lhe tem sido recusado. Quanto a Lennon, após a notícia da sua morte multidões juntaram-se ao lado do edifício Dakota para prestar uma última homenagem ao músico britânico.
O seu corpo foi cremado no Cemitério de Ferncliff, em Hartsdale, e as suas cinzas foram guardadas por Yoko Ono. Não houve funeral, a pedido da sua mulher.
'Ele era um ícone'
"Só quero reiterar que eu lamento meu crime", disse Chapman à junta judicial que decide sobre liberdade condicional no Centro Correcional de Wende, em Nova York.
"Não tem desculpa. Fiz isso foi pela glória pessoal. Acho que (o assassinato) é o pior crime que pode acontecer contra alguém inocente."
"Ele (Lennon) era extremamente famoso. Eu não o matei por causa de sua personalidade ou do tipo de homem que ele era. Ele era um homem de família. Era um ícone, alguém que falava sobre coisas sobre as quais podemos falar agora, e isso é ótimo", continuou ele.
"Eu o matei (...) porque ele era muito, muito, muito famoso e eu estava muito, muito, muito em busca de glória pessoal, algo muito egoísta."
"Quero acrescentar e enfatizar que foi um ato extremamente egoísta. Lamento a dor que causei a ela (Ono). Penso nisso o tempo todo", acrescentou.
O funeral de john lenon
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