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terça-feira, 8 de dezembro de 2020

Anabela Fino - Doce amargo



 

Anabela Fino


Anabela Fino


Doce amargo

Está todo o ano ao alcance da mão, enche prateleiras em todos os supermercados, tem lojas dedicadas e marcas exclusivas, sofisticadas umas, outras nem tanto, varia de tamanho, qualidade, preço, mas é no período das festas que atinge todo o seu esplendor.


Mete-se pelos olhos dentro onde quer que se vá, é quase impossível fugir ao apelo do requinte das embalagens, da promessa de prazer, da garantia de satisfação.


E ainda por cima, dizem-nos, faz bem à saúde graças aos seus muitos e importantes nutrientes, como os flavonóides (os tão badalados anti-oxidantes) e o triptofano (o aminoácido necessário para o metabolismo da serotonina, a famosa «molécula da felicidade» que ajuda também a combater e prevenir estados de ansiedade, depressão, stresse, insónia).


Há pois que consumir para ser feliz. Falamos de chocolate, naturalmente.


O que ninguém nos diz é que saboreamos o que do amargo se fez doce à custa do suor e sangue do milhão e meio de crianças que perdem a infância na produção de cacau em todo o mundo.


O que não vem na embalagem é que 20 anos passados sobre as promessas de gigantes da indústria como a Nestlé, Mars, Hershey, de pôr fim ao trabalho infantil nas plantações de cacau, 43% das crianças no Gana e na Costa do Marfim, os maiores produtores de cacau do mundo, trabalham na produção de chocolate, como revela uma investigação levada a cabo pela Universidade de Chicago e agora divulgada pelo jornal britânico The Guardian. Essas crianças representam metade dos que em todo o mundo fazem esse trabalho, violento e perigoso, que implica trabalho nocturno e o uso de ferramentas cortantes e de produtos químicos.


Parafraseando Joaquim Namorado, haverá quem encontre no chocolate um sabor divino, mas a nós só nos sabe, só nos sabe à tristeza infinita de um destino.

Está todo o ano ao alcance da mão, enche prateleiras em todos os supermercados, tem lojas dedicadas e marcas exclusivas, sofisticadas umas, outras nem tanto, varia de tamanho, qualidade, preço, mas é no período das festas que atinge todo o seu esplendor.


Mete-se pelos olhos dentro onde quer que se vá, é quase impossível fugir ao apelo do requinte das embalagens, da promessa de prazer, da garantia de satisfação.


E ainda por cima, dizem-nos, faz bem à saúde graças aos seus muitos e importantes nutrientes, como os flavonóides (os tão badalados anti-oxidantes) e o triptofano (o aminoácido necessário para o metabolismo da serotonina, a famosa «molécula da felicidade» que ajuda também a combater e prevenir estados de ansiedade, depressão, stresse, insónia).


Há pois que consumir para ser feliz. Falamos de chocolate, naturalmente.


O que ninguém nos diz é que saboreamos o que do amargo se fez doce à custa do suor e sangue do milhão e meio de crianças que perdem a infância na produção de cacau em todo o mundo.


O que não vem na embalagem é que 20 anos passados sobre as promessas de gigantes da indústria como a Nestlé, Mars, Hershey, de pôr fim ao trabalho infantil nas plantações de cacau, 43% das crianças no Gana e na Costa do Marfim, os maiores produtores de cacau do mundo, trabalham na produção de chocolate, como revela uma investigação levada a cabo pela Universidade de Chicago e agora divulgada pelo jornal britânico The Guardian. Essas crianças representam metade dos que em todo o mundo fazem esse trabalho, violento e perigoso, que implica trabalho nocturno e o uso de ferramentas cortantes e de produtos químicos.


Parafraseando Joaquim Namorado, haverá quem encontre no chocolate um sabor divino, mas a nós só nos sabe, só nos sabe à tristeza infinita de um destino.


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