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"Não vai ser uma brasileira que vai mandar nos destinos de um partido nacionalista".
A afirmação foi feita na terça-feira por Filipe Melo, candidato à Distrital de Braga do Chega, que vai este sábado a eleições. O post com cariz xenófobo, publicado no Facebook, visava Cibelli Pinheiro de Almeida, a presidente da Mesa da Assembleia Distrital – que entretanto se demitiu –, a quem acusava de querer adiar o sufrágio.
Cansado do clima de tensão interna, André Ventura fez um ultimato no mesmo dia num email enviado a todos os militantes: "A partir das 00h do dia 2 de dezembro, serão imediata e severamente sancionadas todas as publicações de militantes que se destinem a continuar este permanente clima de guerrilha, que favorece os que querem perpetuar a confusão interna e destruir o Chega", pode ler-se no documento a que o Expresso teve acesso.
Na missiva assinada por Ricardo Regalla, diretor nacional de Relações Públicas e Protocolo do Chega, é explicado que a decisão do presidente que interdita a todos os militantes e dirigentes nacionais, distritais ou locais, publicações com referências nefastas na imprensa ou nas rede sociais visa evitar danos na imagem pública do partido e dos seus representantes com "consequências objetivamente negativas".
A diretiva aprovada por André Ventura refere ainda que qualquer "referência ofensiva" a membros ou dirigentes do Chega, mesmo que seja para efeitos de "defesa pessoal ou de terceiros" conduzirá à sua "suspensão imediata de todos os cargos e funções em exercício no partido" por um período mínimo de 30 dias
Caso outros militantes ou membros do partido se juntem à discussão com "ataques diretos ou subtis" à sua honra ou que publiquem nas redes sociais, mesmo em perfis pessoais, ou na imprensa episódios sobre a vida interna também serão alvo da mesma sanção.
Mais: caso o infrator volte a proferir publicações com o mesmo teor, após ser sancionado pela primeira vez, poderá ver a sua suspensão prorrogada ou pode ser mesmo "sugerida a sua expulsão" do partido.
Contactado pelo Expresso, André Ventura justifica a "medida de contenção" face à necessidade de travar o clima de tensão interna, que tem causado danos reputacionais ao partido: "As redes, os grupos e as intervenções na imprensa devem ser feitas para defender o partido e as nossas políticas, não para alimentar as clivagens e os conflitos internos", afirma.
O post com teor xenófobo do candidato Distrital de Braga do Chega foi a gota de água para André Ventura. Mas a troca de insinuações e acusações já era frequente entre militantes e dirigentes das distritais, nomeadamente no Porto e Faro. Na II Convenção Nacional do Chega, entre 19 e 20 de setembro, o clima de tensão interno também ficou evidente.
Comentários xenófobos e misóginos
"Ela usa e abusa de todos os argumentos, pois sabe que a derrota está iminente. Podem meter-me um processo disciplinar pelo que vou dizer, não me importo, pois, no meu íntimo está apenas a defesa dos superiores interesses do Partido Chega, de André Ventura, e dos Minhotos", afirmava Filipe Melo no post publicado na terça-feira na sua página do Facebook.
No entanto, o candidato da distrital do Braga arrependeu-se e recuou pouco depois, tendo retirado a referência à nacionalidade da presidente da Mesa da Assembleia Nacional: "Não vai ser uma senhora que vai mandar nos destinos de um partido nacionalista. Se essa senhora não se preocupa com o futuro do Partido e do nosso Líder, vamos mostrar de que raça somos feitos", escreveu no mesmo post agora com pendor misógino.
No final do dia deverá ser conhecida a lista vencedora nas eleições da Distrital de Braga do Chega, onde concorre Filipe Melo.
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