O tempo da pandemia está a acelerar o crescimento dos termos que compõem um par de má memória. De um lado, desigualdades socioeconómicas que se aprofundam; do outro, o autoritarismo neoliberal, ou até ultraliberal. Separar este par, mostrar os perigos que dele resultam para a democracia, é hoje fundamental.
É mesmo tão importante quanto alertar para os passos que a direita até agora não-autoritária está a dar para esbater, senão eliminar, as diferenças que a distinguiam de projectos orientados para subverter o regime constitucional.
Quem acredita nas virtudes emancipatórias do Estado Social, do Estado de Direito Democrático, sabe que o combate às desigualdades é essencial para desarmar coligações políticas de interesses económicos, para neutralizar oportunismos intelectuais de elites com peso mediático e para desfazer a base social de apoio que lhes aumentaria o peso eleitoral.
Sandra Monteiro, A democracia desigual e os neoliberais autoritários, Le Monde diplomatique - edição portuguesa, Dezembro, 2020.
Podem ler o resto do editorial no sítio do jornal. Para lá de dois importantes dossiês, sobre as eleições nos EUA e sobre a economia política da saúde em Portugal, destaco o artigo de João Ramos de Almeida sobre a «social-democracia moderna» contada aos netos de Cavaco Silva. Tomando como ponto de partida o último livro de Cavaco Silva, procede-se a uma desmontagem da obra do economista mais intensamente político da nossa democracia, daquele que mais contribuiu para incrustar o neoliberalismo por cá, com os resultados que estão à vista pelo menos nas últimas duas décadas. Não percam.
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