Milhares de manifestantes partiram de Porte des Lilas, no extremo nordeste da capital francesa, no sábado, e se dirigiram para a Place de la République, no centro da cidade. Os manifestantes procuraram expressar seu descontentamento com a violência policial e os planos de política de segurança do presidente Emmanuel Macron.
Os manifestantes agitavam faixas com os dizeres: “França, terra dos direitos da polícia” e “Revogação da lei de segurança”.
A marcha quase imediatamente se transformou em violência, quando grupos de manifestantes vestidos de preto com rostos cobertos começaram a quebrar janelas e queimar carros. Logo, as ruas no leste de Paris mergulharam no caos quando os manifestantes ergueram barricadas e as incendiaram
Enquanto os manifestantes gritavam “todo mundo odeia a polícia” e “anticapitalistas”, alguns na multidão quebraram janelas em vários prédios, incluindo um supermercado, uma agência imobiliária e um banco, e incendiaram carros - incluindo um caminhão. Eles também foram vistos destruindo câmeras de CFTV ao longo de seu trajeto e atirando na polícia com fogos de artifício e vários projéteis.
A polícia foi enviada às ruas em grande número e respondeu com rajadas de gás lacrimogêneo. Policiais vestidos com capacetes e equipamento anti-motim também tentaram dispersar a multidão.
Imagens enviadas às redes sociais mostram as ruas de Paris cheias de grossas nuvens de gás lacrimogêneo, repletas de destroços e iluminadas por carros em chamas e barricadas. Em várias ocasiões, os manifestantes conseguiram forçar a retirada da polícia, atirando contra os policiais com foguetes.
A polícia disse que a manifestação foi “infiltrada” por pelo menos 500 “desordeiros” que buscavam semear o caos. O ministro do Interior francês, Gerard Darmanin, confirmou que pelo menos 22 pessoas foram presas e agradeceu à polícia por sua coragem diante de “indivíduos muito violentos”.
Mais de 90 manifestações foram realizadas em toda a França no sábado, incluindo em muitas grandes cidades como Marselha, Lyon ou Rennes. A maioria era pacífica. O país foi atingido por uma onda de protestos depois que o governo apresentou um projeto de lei que forneceria às autoridades policiais ferramentas adicionais de vigilância.
O polêmico Artigo 24 do projeto de lei, em particular, gerou indignação pública, pois busca proteger os policiais de doxing e assédio, e proíbe a filmagem de policiais em serviço e o compartilhamento de suas imagens online com a "intenção de prejudicar".
Os críticos do projeto de lei argumentam que tal disposição tornaria a polícia menos responsável e seria usada para perseguir aqueles que desejam expor a brutalidade policial. As tensões aumentaram ainda mais depois que surgiram imagens no mês passado mostrando a polícia francesa espancando e abusando racialmente de um homem negro, aparentemente por não usar máscara.
A câmara baixa do parlamento francês já aprovou o projeto de lei no final de novembro, mas no início desta semana, o governo de Macron prometeu "reescrever" o polêmico Artigo 24, embora muitos críticos digam agora que simplesmente não é suficiente.
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