Nós não vivemos algo inédito, as pandemias fazem parte da história humana. A peste negra, por exemplo, na idade média, foi uma das pandemias mais devastadoras da história da humanidade.
Enquanto redigia este artigo, para efeito de comparação, as mortes causadas pela Covid-19 estavam acima de 1,2 milhão. Esse número absurdo em pleno século XXI, numa era tecnológica e de avanços científicos inimagináveis. Os números da peste negra foram de 75 a 200 milhões de pessoas mortas na Eurásia, com pico na Europa nos anos de 1347 a 1351. 200 milhões!
Há apenas cem anos, Em 1918, uma pandemia de influenza conhecida como gripe espanhola matou entre 17 a 50 milhões pessoas. E ainda o HIV que levou 32 milhões de vidas há apenas 30 anos.
Lá atrás, também a varíola que chegou à América com os primeiros europeus e continuou com várias outras doenças importadas exterminou até 90% da população nativa em um período de tempo relativamente curto, milhões e talvez dezenas de milhões morreram.
Muito do terror dessa experiência se perdeu para nós, modernos, porque grande parte da morte e do sofrimento ocorreram antes que os europeus fossem capazes de testemunhar e registrar.
COVID-19 é apenas um lembrete desse fato inelutável e que é quase certo que surtos piores ocorrerão. Comparada com epidemias anteriores, esta é relativamente branda em seu impacto viral, embora seus efeitos culturais e políticos possam ser enormes.
Deve ter parecido o fim do mundo para as pessoas em épocas passadas, a ciência engatinhava, porém, as religiões se fartaram de temas para seus apocalipses, porque para a maioria não havia explicações senão um castigo dos céus.
Esses eventos não passaram em branco de todo, ficaram impressos dramaticamente no mundo das artes. A imagem de abertura deste artigo é do artista belga Pieter Brueghel, O triunfo da morte, de 1597
abaixo um manuscrito do século XIV de Giles Li Muisis, que retrata a condenação de judeus por moradores de uma cidade devido à peste. Na sequência, Poussin pintou A Peste de Ashdod em 1630-31. Mais abaixo teremos entre outros o autorretrato de Edvard Munch com a gripe espanhola (1919) e uma sequencia de artistas que retrataram as pandemias.
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